Sobre a mais recente palhaçada do Governo de Passos Coelho - que divulgou um despacho que paralisa o país, deixando todas as aprovações de despesas (salvo óbvias excepções) nas mãos de um sujeito que não se recomenda, o doente Gaspar - falo no post abaixo. Estamos entregues a um bando de gente perigosa e acho que está na hora de pensarmos seriamente na forma de correr com esta gente já que vergonha na cara não têm e já que Cavaco está numa de contenção de esforços (físicos e, sobretudo, intelectuais).
Mas isso é no post a seguir a este. Aqui, a música é outra.
Aqui quero falar-vos de estima. De palavras que nos chegam vindas dos céus, como palavras novas, cibinhos de luz (e eu que não conhecia esta palavra tão bonita...), palavras que lançam pontes, que nos aquecem o coração.
Aqui quero falar de poemas que aqui pousam, deixados pelas mãos amigas de quem aqui vem e deixa palavras cheias de luz como quem deixasse um vaso de flores, um bolo ainda morno.
Aqui quero falar de afectos, dos afectos genuínos e desinteressados de quem por aqui passa e deixa o seu rasto como um perfume que fica no ar.
Não sei como vos agradecer. É tanta a vossa generosidade.
Ontem reparei que já tinha ultrapassado as 250.000 visitas. Não sei como é possível. Vocês não sabem quem eu sou, não sou conhecida, divulgada. E, no entanto, todos os dias, centenas de pessoas vêm aqui como se viessem sentar-se à minha mesa, conversar um pouco comigo, ouvir as minhas refilices, os meus disparates, os meus desabafos, as minhas opiniões.
E eu ouço o que me dizem, gosto de saber o que pensam. Gostava que isto não fosse virtual. Gostava mesmo de ter um grande banco de madeira em volta de um pinheiro manso com vista sobre o rio e gostava de ter uma mesa também de madeira e gostava de vos poder servir refrescos, vinho, acepipes bons.
E gostava de poder estar mesmo à conversa convosco, uns no banco de madeira, outros sentados em toalhas sobre a caruma. E gostava que alguns dissessem poemas e outros tocassem e outros cantassem.
E eu ouço o que me dizem, gosto de saber o que pensam. Gostava que isto não fosse virtual. Gostava mesmo de ter um grande banco de madeira em volta de um pinheiro manso com vista sobre o rio e gostava de ter uma mesa também de madeira e gostava de vos poder servir refrescos, vinho, acepipes bons.
E gostava de poder estar mesmo à conversa convosco, uns no banco de madeira, outros sentados em toalhas sobre a caruma. E gostava que alguns dissessem poemas e outros tocassem e outros cantassem.
Gostava que, por perto, houvesse um canteiro de alfazema para que o ar estivesse perfumado com o cheiro doce do alfazema e do pinheiro. Ou do alecrim. Ou que estivesse iluminado com o amarelo lampejante, arisco e impetuoso do tojo.
Ou podíamos estar sentados debaixo de uma figueira cheirosa e fresca, carregada de figos doces como mel.
Ou podíamos estar sentados debaixo de uma figueira cheirosa e fresca, carregada de figos doces como mel.
Gostava também de ter uma casa grande, cheia de recantos com sofás largos e macios, almofadas de penas e veludo, cortinas espessas, pesadas ou coloridas, transparentes, e gostava de aí vos acolher. Trocávamos silêncios, confidências, descansávamos de dias cansados, respirávamos a frescura aconchegante da penumbra.
Sei que alguns dos meus leitores vivem sozinhos, sofrem no silêncio das suas casas silenciosas a solidão dos dias vazios, sei que outros lutam contra a depressão, sei que alguns lutam para viver dignamente com os parcos recursos de que dispõem, sei que outros têm dias preenchidos, cheios de risos de amigos, animados pelos sorrisos de filhos ou netos. Sei que há leitores que adoram livros tanto ou mais que eu, que gostam de passear e guardar o mundo nas imagens que depois partilham com os amigos, sei que alguns mergulham as mãos na terra como quem mexe em fecundas placentas prenhes de vida. Sei que alguns concordam com as minhas opiniões políticas e outros até se enervam por tanto discordarem delas.
E a todos eu gostava de acolher à minha mesa. Com uns gostava de discutir (pois gosto imenso de discutir em volta de ideias políticas), a outros gostava de ouvir e ajudar, com outros adorava rir, com outros gostava de aprender. E a todos gostava de agradecer pessoalmente, do fundo do coração.
Mas não era isto que eu pensava aqui escrever, quando comecei. Vejam bem. As ideias trocam-nos as voltas e, depois, as palavras são como as cerejas, não é?
Hoje queria contar-vos que a música tem efeitos terapêuticos: pode reduzir a ansiedade e até mesmo regular o humor.
Uma investigação da Universidade de McGill (Canadá) sugere que ouvir música tem efeitos neuroquímicos e que pode mesmo reduzir os níveis de cortisol, a hormona associada ao stress, e elevar os níveis de oxitocina, relacionado com o bem-estar.
O estudo aponta que certas músicas podem elevar a produção de imunoglobulina A (um tipo de anticorpo) e de glóbulos brancos, responsáveis por atacar invasores como bactérias e germes, ou seja, algumas melodias têm a capacidade de melhorar o sistema imunológico, reduzir a ansiedade e até mesmo regular o humor.
Os cientistas Mona Lisa Chanda e Daniel Levitin descobriram que músicas mais lentas tendem a ser mais relaxantes do que as que têm mais ritmo.
A dupla de psicólogos canadianos analisou mais de 400 pesquisas associando a música a processos neuroquímicos específicos. Vários estudos indicam que a música pode até mesmo controlar a dor.
Os investigadores propõem que música como terapia e até consideram que possa ser usada como calmante antes da cirurgia. O estudo destaca que tratamentos baseados em sons não são invasivos e têm efeitos colaterais mínimos.
*
Se me permitem, pois, vejam estas imagens silenciosas, ouçam esta música e deixem-se estar, tranquilamente.
Quando já se esgotaram os caminhos
que a razão poderia aconselhar-nos
abrem-se os teus olhos: com eles tudo
volta a inundar-se da luz escura
que dá sentido ao mundo e à minha vida
que a razão poderia aconselhar-nos
abrem-se os teus olhos: com eles tudo
volta a inundar-se da luz escura
que dá sentido ao mundo e à minha vida
***
A música inicial é Thank you, Stars de Katie Melua.
A primeira fotografia mostra uma cesta com flores numa parede de um restaurante no Ginjal.
As fotografias seguintes são parte do meu mundo in heaven e espero que, estando aqui, se sintam bem, recebidos com todo o meu carinho.
Ao contrário das fotografias, que são minhas, as duas imagens dentro do texto sobre o efeito da música na mente foram obtidas na net.
A última música é Zophiel de Uri Caine, uma música linda tocada por um homem lindo - e espero que as músicas que escolhi tenham um efeito benéfico em vós.
O poema é 'Os teus olhos', de Amalia Bautista numa tradução de Inês Dias.
O poema é 'Os teus olhos', de Amalia Bautista numa tradução de Inês Dias.
***
Isto deveria ser ao contrário, primeiro deveria estar o texto revoltado e depois este que é mais calminho. Mas, de qualquer forma, recordo que, se quiserem saber o que penso deste despacho de indigência moral e política, devem descer até ao texto seguinte. Mas, nesse caso, se me permitem a sugestão, depois voltem aqui para ouvirem uma destas músicas e descansar a alma.
Convido-vos ainda a virem comigo até ao meu Ginjal e Lisboa, o meu espaço zen. Hoje, por lá, Pedro Tamen é, de novo, rei e senhor e as minhas palavras, de mansinho, juntam-se a ele para espreitar alguém que entra num espaço florido e perfumado.
A seguir, uma nova grande interpretação, ainda Uri Caine.
***
E, por hoje, nada mais para além de manifestar o meu desejo de que a vossa quarta feira possa ser um dia muito feliz. E, uma vez mais, recebam os meus sinceros agradecimentos.
ResponderEliminarComo escreve Clarice "Ou toca ou não toca." e UJM tem essse condão - em diversos, variados, modos, toca, entra "em contato"!
Solar dia,
AdeSá
Um site para pesquisa de livros - http://www.teresacoutinho.com
ResponderEliminarTem 4565 livros, e estou quase a acabar de os colocar nestas tabelas para consulta rápida - http://www.datatables.net/
o meu primeiro ensino secundário foi de humanísticas, as salas deviam ter esteios para prender os alunos quando se estudam alguns poetas. Depois vi que gostava de coisas mais lógicas. Acho que só li os Maias por ter gostado, o resto li as obras por livros de resumos.Para caracterização de personagens, figuras de estilo, etc
ResponderEliminarBom dia UJM
Iniciei a leitura deste seu post, lindo,com a música que nos oferece hoje. Música-calmante, melodia que dispõe bem e nos predispõe para grandes golpes de asa. Concordo que este tipo de música (e outros similares) tem funções terapêuticas, tem um grande efeito regenerador ao nível do corpo e do espírito. Em contraponto, há outros tipos de música que podem ter o efeito contrário.
Os meus parabéns pelo número de visitas alcançado e não podia ser de outro modo. Os temas que aborda, em várias áreas, e a forma como escreve são motivos mais do que suficientes para fidelizar leitores que, por sua vez, trazem com eles outros mais.
Eu, por exemplo,considero-me uma sua fiel seguidora. Emociono-me com a sua sensibilidade, a sua espontaneidade, a forma como encara a vida, a sua inteligência. E gostaria de poder estar aqui a cada post, a cada palavra,a cada reacção sua pelo que se passa no País, não se coibindo de imprimir a sua opinião desassombradamente.
Também para ouvir as suas selecções musicais, apreciar as suas fotos, os seus escritos no Ginjal.
Dito isto, e poderia dizer muito mais, eu é que saio beneficiada sempre que acedo aos seus blogues.
Saiba que sorvi cada uma das suas palavras, adorei o seu convite de me sentar à sua mesa, de tomar parte em tertúlias onde se ouviriam e se diriam poemas, música, anedotas, risos, gargalhadas.
Aliás, todos os dias temos essa oportunidade, porque é o que se passa aqui, temos aqui de tudo e, realmente, consegue chegar até nós de forma palpável, tal a sua capacidade de comunicação.
Adoro a pessoa inteira que é, UJM.
Beijinhos
Olinda
Cara UJM:
ResponderEliminarLê-la é um prazer enorme!
este blogue merece e deve ser lido, não só pelo pensamento crítico, pelas imagens e pela música, mas sobretudo pela clareza simples da linguagem e a espantosa fluência sintática e morfológica.
E eu que gosto de olhar os textos, detenho-me por aqui e maravilho-me " a troco de nada".
Obrigada por Tanto.
E tenha dias muito Felizes
abraço amigo da Leanor
Cara UJM:
ResponderEliminarMuitos parabéns para si e para os seus leitores.
Hoje, aos cibinhos do seu leitor dbo, junto um cibinho meu de lembrança minha que hoje se avivou e se fez palavra também em "Traçados sobre nós", sendo o texto de hoje.
Apesar de extenso, aqui lho deixo:
Um cibinho só de toucinho
Era naquela gaveta,
Sim, naquela gaveta do lado esquerdo
Da mesa grande da sala
Que dava para trás
Para o horto onde estava o olmo…
Era primavera ou verão,
Não me lembro,
Tinha eu ido para o campo
Para os lados do cando
Não me lembro a fazer o quê…
Estava naquela gaveta
Do lado esquerdo
Da mesa grande
Um cibinho só de toucinho
Num todo branco meio amarelado…
Foi raio de luz
Que ali se acendeu
E me iluminou
E me encheu
Com a imagem do mundo
Que sempre me acompanhou…
Era um cibinho só de toucinho
Que foi marca gravada em garoto
Em momento raro de fome,
Que sorte a minha…,
Que me ficou…
Do tamanho do mundo
Era um cibinho só
De toucinho…
Évora, 2013-04-10
José Rodrigues Dias
A composição perfeita de um poste como este merece a melhor audiência.
ResponderEliminar:)
Obrigada Jeitinho,
ResponderEliminarGostei muito do seu texto.
Já nos dá tanto e transporta-nos de tal modo até ao seu paraiso, que por vezes sinto o perfume das suas plantas, das frutas, a leveza do ar e uma paz...
Obrigada pela companhia, pelas sugestões, pelas musicas.
Receba um abraço amigo.
Olá UJM,
ResponderEliminarMais um dos seus lindos posts que tocam o coração! Também gostaria muito que todo este encanto não fosse só virtual e adorava sentar-me à sombra dessas árvores frondosas e ficar a ouvi-la ler os seus textos e declamar poesia, rodeadas de rosmaninho, pinheiro etc., tranquilamente, a saborear as suas palavras e ao som do chilreio alegre da passarada.... mas tal não é possível porque a magia faz parte de todo este cenário idílico.
Li este post num sôfrego e quando tropecei no pinheiro cortado, qual escultura, fiquei enternecida ao vê-lo aqui imortalizado...É lindo e linda a sua atitude!
Parabéns UJM pela quantidade de leitores que já visitaram o seu blogue pois não é de admirar porque tem o dom de nos agarrar, com a sua força interior, espontaneidade, sensibilidade, alegria de viver, paixão pela natureza e defensora da justiça e dos direitos humanos.
Partilha os seus conhecimentos connosco desinteressadamente, só para nos agradar, por vezes até roubando horas ao seu repouso! Por tudo isto e sentindo-me em dívida para consigo, porque nada dou em troca, lhe quero agradecer do fundo do meu coração, o leque de temas tão variado que me tem proporcionado, permitindo-me tirar dúvidas, meditar, entreter, aprender e rir,etc., tal a pessoa incrível, encantadora e extraordinária que reside dentro de si. É um ser humano digno de toda a minha admiração e direi também abençoados os amigos físicos e familiares que têm como filha, mãe ou avó uma pessoa tão Especial.
Hoje foi o meu dia de vir aqui expressar, sem papas na língua, o quanto a admiro e reafirmar que continuarei a ser sua seguidora incondicional, como aliás já o afirmei.
E por hoje, perante este seu post onde a beleza, o encanto e a magia andam de mãos dadas com as suas palavras amigas, só me resta agradecer-lhe mais uma vez por tudo o que me tem dado e desejo-lhe muita saúde e felicidade pela sua vida fora.
Um grande beijinho e Bem Haja!
O prometido é devido, aqui estão dois ficheiros htlm em formato rar (um com scroll e outro sem scroll), tem-se que descompactar. Basta abrir num computador com internet pois os scripts estão na minha conta dropbox. Para mudar para a sua cor preferida, abrir os ficheiros com notepad ++, e substituir Grade?, por gradeA-verde,gradeX-vermelho,gradeU-cinzento,gradeC-Azul. E claro para os mais desconfiados podem sempre fazer num computador público para ter a certeza que não é um VÍRUS-))).
ResponderEliminarNota - isto não é pirataria pois linka para o site original, só é mais fácil de procurar.
link - https://dl.dropboxusercontent.com/u/23568230/Registos%20TC.rar