quarta-feira, março 27, 2013

2014 vai ser um ano de estagnação (e não de crescimento) se o Governo avançar com os cortes previstos, avisa Carlos Costa do Banco de Portugal. Os cortes, afinal, parece que já não são 4.000 milhões de euros mas, sim, 5.600 milhões. Álvaro Santos Pereira, o ministro a quem todos os Secretários de Estado abandonam, aguentar-se-á durante muito mais tempo? Jorge Silva Carvalho, o ex-espião de quem se diz o piorio, vai ser integrado na Presidência do Conselho de Ministros (com direito a receber retroactivos?). Isto tudo é o quê? Para os apanhados? Uma piada de mau gosto? ... É que não acredito que isto seja a sério.


Nota: Quem quiser ler sobre depilação masculina e não tiver paciência para crises, pode deslizar até ao post seguinte. Quem quiser conhecer as mais recentes gémeas separadas à nascença deverá descer um pouco mais, é a seguir à depilação.

Prestada esta informação, vamos então a coisas sérias.


Quem tenha ou tenha tido um cão sabe do que estou a falar: aponte-se num determinado sentido e ver-se-á que o cão em vez de olhar no sentido para que apontamos, olha para o nosso dedo.

Presumo que seja isso que está na origem daquele ditado oriental que diz que enquanto, ao apontar para o céu, uma pessoa inteligente olha para a lua, um idiota olha para a ponta do dedo.




Tenho-me lembrado muito disto a propósito do que se passa em Portugal (em Portugal e não só, porque idiotas é o que não falta por aí). Inventam um número, dão-lhe a força da palavra sagrada e ignoram os efeitos colaterais e secundários.




É como uma pessoa ter uma dor nas costas e um médico qualquer achar que o problema é dos rins. Vai daí prescreve-lhe uns certos medicamentos. O doente, ainda mais burro que o médico, diz que, em vez de tomar 3 comprimidos por dia, o melhor é tomar 10 para ver se se põe melhor mais depressa – e concentrar-se só nisso pois, quanto mais depressa se puser da dor nas costas, mais depressa vai ficar preparado para depois se dedicar a outras coisas. E quase deixa de comer ou de fazer o que quer que seja, todo ele concentrado em tomar os 10 comprimidos por dia.

Cada vez mais fraco, cada vez com mais dores nas costas, aumenta a dose para 15. Cada vez mais fraco, já sem emprego, já sem dinheiro para os comprimidos, endivida-se e, para ver se fica melhor de vez, passa para 20 por dia.

Toda a gente lhe diz que é um disparate, que não está a resultar. Que nada. Mais dívidas para emborcar aos 30 por dia.

Até que cai de cama, já mais morto que vivo.

Ao chegar lá e ao ser examinado descobrem que o problema das costas era uma hérnia, quais rins?!, mas que, entretanto, com tanto comprimido que tomou e com a debilidade geral do organismo, não apenas os rins mas todos os órgãos estão já em pré falência - para além de ter acumulado uma dívida impossível de pagar. 

Soa familiar, não soa?




É que é isto, tal e qual, que está a acontecer ao País nas mãos do Gaspar e do Passos.

Agora já não são só 4.000.000 euros para cortar sabe-se lá onde. Do nada, apareceram mais 40%, já se fala em 5.600.000 euros! 

Porque acontece isto? Porque o buraco está a alastrar como uma ferida de um doente acamado, como uma putrefacta escara. Porque todas as medidas que se põem em prática vão no sentido errado, porque o problema do País é ter uma economia débil e tudo o que andam a fazer ainda a mata mais.

E diz o etíope que está desapontado, que não percebe nada do que se passa, que não era para ser assim e que já não sabem o que fazer e que a responsabilidade desta desgraça toda é do Governo. 

Em parte percebo-o. Desconhecendo o frágil tecido económico, imaginou uma coisa diferente do que veio a constatar. Provavelmente também acreditou que os seus interlocutores eram gente com cabeça, que o alertariam para a realidade e afinal o que lhe apareceu pela frente foi o Moedas, o Gaspar, o Passos, e outros que não conheço, tudo gente teórica, impreparada, alguns se calhar até com baixo QI.




Além do mais, quando a troika estabeleceu um plano de reformas, nunca lhes deve ter passado pela cabeça que isso seria tomado como um programa de Governo. Aquilo era para ser apenas a parte das reformas do estado, não todo o programa de festas. Ora o Governo Passos Coelho não apenas se esqueceu completamente de tudo o resto (nomeadamente da Economia!, nomeadamente da Demografia!!, etc) como, por sua alta recriação, resolveu carregar na dose.

Claro que o resultado foi este, esta porcaria.

Agora pergunto eu: sendo isto tão incrivelmente óbvio como foi que tantas luminárias não o viram? Só agora, com o País todo devastado é que estão a perceber? Agora sacodem todos a água do capote, que a culpa é deste e daquele. Uma vergonha. 




Não são umas luminárias: são, isso sim, umas alimárias, umas verdadeiras alimárias!

Agora veio o Banco de Portugal alertar para outra evidência. Se for aplicado o corte, o País não se levanta do chão, o desemprego continua a aumentar e, portanto, os últimos números previstos pelo Governo estão, de novo, todos engatados. E, mesmo assim, o BP fez as contas para os quatro mil milhões e não para os cinco mil e seiscentos milhões. Imagine-se se for para os 5.600.000. Um descalabro. A espiral recessiva a acelerar. O buraco a alastrar de forma descontrolada.

Hoje soube-se de outra anedota. Mais um da Economia que vai de asa. Já é o 5º Secretário de Estado, de seis, que se vai embora. Não páram lá. Incompatiblizam-se uns com os outros, com o ministro, o ministro com ele. Claro. Algumas vez aquele pobre daquele Álvaro tem experiência de vida para agarrar um cargo daqueles? Claro, toda a gente faz dele gato-sapato. 




Quando o problema Nº 1 do País é a economia, entregam a pasta a um pobre sem qualquer experiência de gestão, um professor que para lá estava a dar aulas no cu de judas, no Canadá veja-se bem.

Agora que sai o Secretário de Estado da Economia imagine-se qual a solução destes inteligentes: não o substituem. Dividem o serviço pelos outros. Isto é do além. Nunca se viu tanta parvoíce junta. Os outros que já não davam conta do recado agora ficam com bocados do serviço do outro. Só visto. Uma anedota.

É que já não atinam mesmo, já fazem disparates uns a seguir aos outros, descontrolados, desatinados, alucinados.




E como se a cegada já não fosse suficiente agora vão meter o Jorge Silva Carvalho - o ex-espião que tinha ido para a Ongoing e que parece que andou a passar segredos para fora - dentro da Presidência de Conselho de Ministros. 



(do blogue We have Kaos in the Garden)


Mas o que é isto, alguém me explica? Inventei isto tudo? Estou a ter um pesadelo? 



Os ministros do Governo Passos Coelho?
(... com medo de serem reconhecidos na rua...? Pudera!)


Digam-me, por favor, que isto é para os apanhados, que nada disto é a sério. Ou digam-me que aterrei no meio de um episódio dos Monty Phyton. Qualquer coisa, por favor.


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Agora que deixei de responder aos comentários para ver se consigo deitar-me mais cedo, ocupo o mesmo tempo escrevendo mais. Não tenho emenda. Este já é o meu terceiro post aqui no UJM. 

Abaixo poderão ver um post sobre a depilação masculina e, a seguir, um sobre duas gémeas separadas à nascença. 

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E, ainda por cima, escrevi também no meu Ginjal e Lisboa. Hoje o André Tomé levou-me a dissertar sobre a leveza, sobre a beleza, sobre a felicidade, sobre a vida. Na música temos mais uma grande interpretação de Julia Fischer, hoje tocando Brahms. Gostava que fossem até lá dar uma espreitadela.


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despeço-me que já não é sem tempo. Tenham, meus Caros Leitores, um bom dia apesar deste mau tempo que teima em não nos largar. Divirtam-se (se conseguirem, claro)!

2 comentários:

  1. Os cães são animais como nós, só que mais humanos e, sobretudo, têm o instinto da sobrevivência e preferem fixar-se no dedo a olhar no -trágico- sentido que lhe apontam.

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  2. Muito rapidamente, o caso Jorge Silva Carvalho na PCM é, no mínimo, escandaloso! Mas que dá a imagem do que é este Governo. Como é possível? É porque temos como PM quem temos. E é porque temos uns Ministros sem coluna vertebral – todos, sem excepção.
    Quanto à Economia, o estado do País fala por si. UJM já falou, em várias ocasiões, deste assunto – e muito bem, denunciando as más decisões que têm sido tomadas, quer políticas, quer no plano económico, por este lamentável governo.
    Por hoje, fico-me por aqui.
    P.Rufino
    PS: e vamos ver qual será o “efeito Sócrates” no cenário político actual, a todos os níveis. Não faço previsões, nem me interessam. Aguardo – como espectador. E ainda me vou rir (um “macaco” numa loja de porcelana?)

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