Tirando o facto de serem sessões demoradas, a seguir ao trabalho, e de, portanto, me fazerem chegar a casa tardíssimo, as sessões de fisioterapia são, para mim, um bom momento.
E são boas logo a começar pela parte da piscina de que aqui já falei: os exercícios sabem bem pois fazê-los mergulhada em água quente quase até ao pescoço é, para mim, uma maravilha. A massagem de jacto forte subaquático é também muito agradável.
Se fosse assim ainda seria melhor |
No fim de um dia de trabalho, depois de um percurso cheio de trânsito, enfio-me na piscina e parece que cheguei a um spa.
Depois, o ginásio também não é mau de todo. A parte da estimulação muscular por processo electrolítico não é má, dura uns vinte minutos durante os quais posso ler. Depois os alongamentos e a massagem são um bom remate. Claro que, pelo meio, há exercícios que me deixam de língua de fora, a testa a escorrer e, no fim, a necessitar de beber dois copos de água de penalti - por exemplo, a passadeira.
Na passadeira também começo assim, fresca e cheia de força |
Faço com uma inclinação de 9% e a uma velocidade média de 5 km/hora. Se fosse plano não cansaria tanto mas a subir é uma canseira que só visto. Talvez por este treino, agora, quando me apanho a andar normalmente, especialmente numa rua a subir, embalo numa velocidade difícil de acompanhar. Ainda hoje à noite isso aconteceu: chovia, um tempo desagradável, uma subida valente e eu quase a voar, uma endurance que haviam de ver.
Mas a fisioterapia é engraçada também pelas pessoas que lá vejo. Umas andam lá desde que cheguei, outras vão chegando, outras partindo. A maior parte é gente bem mais nova que eu, gente que se magoa no desporto, geralmente com problemas nos joelhos, frequentemente recuperando de intervenções cirúrgicas. Há também muita gente com tendinites nos ombros, dores nas costas, alguns aflitos dos pulsos, dos pés, outros recuperam de fracturas.
A maioria, portanto, como referi, é composta de homens novos. Se lá chega algum homem da minha idade ou mais velho vem aflito, cheio de dores, mal se mexe. Vêm de fato de treino, alguns com calções pretos, ténis, homens normais, pernas mais ou menos peludas.
Mas os mais novos, alguns enormes, musculados, aparecem frequentemente completamente depilados, um horror.
Claro que os há normais, homens jovens que tiveram uma fractura, que deram um mau jeito, qualquer coisa do género e, esses, geralmente, nem são muito musculados e têm o pêlo normal para a idade.
Mas, vejam bem, ontem estavam lá dois que bem poderiam um ser o cavalo e outro o jockey.
Olhava para eles, em marquesas ao lado uma da outra e era o que me ocorria. Um era um verdadeiro cavalão, outro um frangote. Ambos de calçãozinho justo pelo meio da perna e blusas de alças.
Um era ruivo claro, enorme, seguramente acima do metro e noventa. Cada braço dele fazia dois das minhas pernas, uma coisa do além. Não era do género músculos em tensão mas, sim, todo ele um portento. Costas larguíssimas, anca estreita, pernão. Cabelo quase rapado, barba aparada. Mas depois, imagine-se…!, sem um único pêlo no corpo (pelo menos na parte visível).
Ao lado, o outro era o seu oposto. Um homem moreno, também jovem mas todo ele mignon. Mas muito proporcionadinho, todo musculadinho. A fisioterapeuta mandava-o fazer exercícios que o deixavam de rastos, nitidamente a conter-se para não gemer, e incentivava-o dizendo que, sendo ele homem do desporto, tinha que os fazer bem feitos e, ele, coitado, armado em forte, todo se esganava para o conseguir. Cabelo muito curto com uma popa maior que esvoaçava com os exercícios, todo ele era do tipo metrossexual mas em ponto pequeno. Moreno, barba feita mas… também sem um único pêlo (à vista...)
Olho e fazem-me lembrar gatos esfolados.
É que perdem logo a graça, credo.
Já na piscina há um calmeirão, moreno, esse com pêlo no peito mas sem um pêlo debaixo dos braços. Um despropósito. Quando levanta os braços para fazer exercícios até tenho que desviar os olhos de incomodada que fico com o disparate.
Vendo assim, bonitão como é, não se pode dizer que esteja mal sem pêlos até porque poderia ser naturalmente assim mas o diabo é quando levanta os braços e se vê que se depilou |
No outro dia, no meu emprego, uma jovem conversando com outra dizia que não podia com homens peludos, que obrigava o namorado a depilar-se, e ambas referiam-se enojadas que horror, peludos, como eu diria, por exemplo, que horror com a unha do mindinho enorme, nojenta…
Este está sorridente mas deve estar a armar-se em forte porque depenar-se de alto a baixo não deve ser pêra doce. |
NB:. Com este tema tão erudito espero não chocar duplamente os meus leitores: por um lado com a futilidade do tema e, por outro, quem me diz a mim que os meus leitores masculinos não são todos uns metrossexuais, depiladinhos de alto a baixo?
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Já agora: não fiquem por aqui... Desçam por favor se querem conhecer as mais recentes gémeas separadas à nascença.
Oh UJM, o que eu me ri com estes depilados, sem pêlos debaixo dos braços, de popa a esvoaçar ao ritmo do exercícios...uma maravilha contada com toda a sua graça e bom humor! Mas esses meninos (gatos gregos) sofrem porque querem, deviam era poder partilhar as dores de parto que as pobres das mulheres têm que suportar sozinhas...
ResponderEliminarGostei imenso destas suas observações dentro do ginásio. Cada pessoa encerra um enigma dentro de si.
Um beijinho
Queria dizer 'gatos egípcios' e não gregos... sejam de raça egípcia ou grega, coitadinhos não têm culpa pois já nasceram depilados!
ResponderEliminarUm beijinho
Pêlo sim pêlo não, limito-me a comentar que andam por aí uns Neandethais que, mesmo depilados, não coseguem ser Cro-magnons...
ResponderEliminar;)
Cara UJM!
ResponderEliminarO que eu me ri com este seu Post! Ah, ah,ah! Fabuloso!
Nem mais! Estou em total sintonia consigo, com o que aqui diz.
Acho inconcebivel um tipo depilar-se. E não é por ser mais velho. Meus filhos também acham, meus sobrinhos idem e estamos a falar de gerações entre os 18 e os 32.
É de um ridículo! Patético! Dois familiares nossos, médicos, aqui há uns tempos, sobre isto, diziam que, um dia, em velhos, ficam com um aspecto de fugir, com a “pelencrada” toda a cair e sem a dignidade dos pêlos para disfarçar.
E esta mania que alguns tontos têm de se transformarem em monte de músculos é igualmente ridícula. Para mostrar “peito”, que são uns valentes, que são belos e que as garotas caiem todas, impressionadas com os matulões da treta.
E o que é ainda mais saloio, patético e de vomitar é vê-los rapados nas coxas, para além do peito e das axilas. Umas sobrinhas nossas, giríssimas, com uns namorados normais, com o seu pêlo no peito e no no resto do corpo, fazem por vezes troça dqueles que se depilam, segundo nos contam e eles ficam espantadíssimos e aceitam mal a coisa.
Os homens estão a fiacar ridículos? Alguns, como estes, sem dúvida. Uma parvalheira!
P.Rufino
Pois é, quando o medo de não estar na moda ultrapassa o bom senso, cai-se no ridiculo.
ResponderEliminarConhecerão eles a importancia dos pêlos em determinadas "situações"?