A casa húmida, fria. Trazemos os pés molhados da rua e não há tapete que os seque. As pegadas ficam marcadas na tijoleira, rastos da névoa que hoje tive colada a mim.
Uma chuva persistente, fria. O chão, cá fora, cheio de água e todo coberto de folhas verdes arrancadas às árvores, pontas de ramos. As árvores pingam como se chorassem. Todo o dia.
O damasqueiro ainda não começou a despontar e com os seus ramos nus traça um desenho desolado no céu. Avanço a medo. O meu marido diz-me que há mais árvores perdidas.
Compreendo-a muito bem, quando cortaram o olival à minha porta (...) fiquei um mês sem falar.... Rosa Amarela |
O pinheiro deitado. Verde, viçoso. Espera certamente que eu, mãe cuidadosa, o pegue ao colo, o levante. O banco que o meu pai tão amorosamente fez e montou para que a filha e os netos e os bisnetos nele se sentassem agora parece ajoelhado.
Ao cair, levantou o chão, partiu o banco no sítio onde tombou. O vizinho e um cunhado apareceram para ajudar mas não vêem como. Dado o local onde está, é impossível que lá cheguem tractores, máquinas. Impossível. Nem têm onde agarrar uma corda, nem um sítio alto que possa ser usado como roldana. É um peso que não se move. Irão ver se pensam nalguma forma mas não estão a ver como. Eu dou sugestões, quase imploro mas eles olham desolados para mim e para o grande pinheiro que jaz por terra.
Comovida, eu que não costumo rezar, vou dizer baixinho uma pequenina oração de força que a Maria Eduardo me enviou:
Oh meu Pinheiro Querido,
levanta-te de mansinho,
ergue-te, respira o ar puro da serra,
enche os teus pulmões da luz da esperança,
Vá, espreguiça-te, ergue-te,
abre os braços e agarra-te a mim,
aperta-me bem forte,
assim, com garra,
e deixa que a minha energia penetre em ti e te dê
força de viver para voltares a ser VIDA!
Depois os vizinhos trazem moto serras e vão cortar o meu cipreste, tão digno mesmo agora que está a ser decepado. Cortam o tronco que estava na estrada, cortam o tronco que tinha ficado preso à terra.
Mas eles são práticos. Dizem-me, Isto é mesmo assim, são coisas que acontecem, por aí, por todo o lado, foram telhados que voaram, árvores que caíram, estragos muito grandes, o vento soprava de baixo e parecia que queria arrancar tudo. Mas, com este aqui, vai ver que ainda vai gostar de se aquecer com o calor que ele vai deitar.
Depois, quando cortavam o resto do tronco, e eu desolada os fotografava para disfarçar a minha tristeza, um deles disse, talvez para me consolar, davam quatro banquinhos para os meninos. E eu olhei e já não parecia o meu cipreste alto, elegante, que ondulava com o vento. Agora eram quatro banquinhos (na fotografia apenas se vêem três, mas são quatro). Vão ser quatro banquinhos onde os meus quatro meninos se vão sentar e, quando estiverem sentados neles, eu vou pensar que foi a forma que o meu belo cipreste arranjou para brincar de pertinho com os meus menininhos.
Era uma árvore alta, uma de três. Plantei os três ciprestes para guardarem a casa, cupressus semprevirens, e eu queria-os eternos, a guardarem a minha memória. Agora são só dois. Dois irmãos que resistiram, que guardarão a minha casa, a minha memória, aqui foi a casa da mulher que gostava de nós como se fôssemos os seus irmãos, dirão eles quando soprados pelo vento.
Pela mão de Ana de Sá:
(colhido em António Ramos Rosa)
"com a árvore partilhamos o mundo com os deuses”
UJM – mulher/deusa – para sempre, nos seus afectos, sentirá
o canto do vento [no seu cipreste]
(apanhado em Maria do Rosário Pedreira)
Em jeito de abraço/flor/fruto,
Del ciprés
Del ciprés enhiesto en la llanura
los días afilan las sombras.
La soledad, agachada, lo ve.
Y huye sin querer que se lo nombren.
Héctor Rosales
Agora é um monte de lenha para arder nos dias frios e quatro banquinhos. Fotografo e já não é um cipreste alto e cheiroso, agora são quatro banquinhos e é um monte de lenha, e um dia esta lenha vai misturar-se com outra lenha qualquer e vai arder como uma lenha qualquer e vai transformar-se em cinza branca igual à cinza de uma outra árvore qualquer. Ficarão os quatro banquinhos.
Veio na noite forte o vento
E pequeno rebento,
Arbusto,
Criança
Da raiz arranca
Como frágil botão…
Mais forte cresce aquele vento
E cedro viçoso tomba uivando em destruição…
Mais forte ainda e adamastor o vento
E no medo e desalento do homem
É outro cedro
E outro
E outro ainda,
Mas mais árvores estavam tombadas, arrancadas. Grande foi a violência deste inclemente vento. A medo, um soluço preso na garganta, fui andando. Aqui abaixo uma grande aroeira. Nasceu arbusto e nós fômo-la convencendo a tornar-se árvore. Podando, carinhosamente podando, e ela crescendo, grande, bela, muito cheirosa. Quando aparava os seus ramos ficava um cheiro doce no ar. Agora jaz por terra, vencida. Curta foi a sua experiência como árvore.
É a natureza, sim. A natureza que, por vezes, se revolta. Acts of God, force majeure. A nossa insignificância perante a força destrutiva do ar que antes parecia brando, inocente. Respirávamos este ar, e nem lhe percebíamos a presença. Depois insurge-se, e parte, em cólera, devastador. E nós percebemos que somos tão pouco.
A Natureza usa os "elementos" para lembrar ao "homem" o mal que este lhe tem feito. jrd |
Caminho à chuva, andando devagar, temendo o que mais irei ver.
Os pequenos pinheiros, os últimos a terem sido plantados, também estão tombados, vergados, foi forte a força do vento. Mas a esses ainda vai ser possível valer. Meus pequenos pinheiros. Tantas vezes, ao passar por eles, passo a mão pelas suas ramagens, ou pego nelas e aspiro o perfume que exalam. Têm recebido o meu carinho desde que aqui foram plantados. Lembro-me desse dia. Foi o meu pai que os plantou, sempre reclamando pela terra pedregosa, se fosse outra terra cresciam num instante, assim... Mas, com o incentivo da minha ternura, vão vingando. Tomara que cresçam saudáveis, que se façam grandes e vigorosos e que mais nenhum vento os derrube. Tomara.
Uma árvore tem um valor imenso e uma árvore plantada por nós, que cresceu à nossa beira e com o nosso carinho a cuidá-la, é assim uma espécie de filho. Compreendo perfeitamente a sua dor. Isabel
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E tantas pernadas partidas. Há uma semana estava muito mau tempo e eu fotografei as árvores caídas à beira do rio. Depois à tarde fui para o cinema. Não me ocorreu que, in heaven, o meu pedacinho de paraíso, também as minhas queridas árvores estivessem a sofrer, braços e pernas partidas, algumas decepadas.
Junto a este canteiro alto que cobri de azulejos para neles poder escrever poemas de Sophia (este é o amor das palavras demoradas/ moradas habitadas/ nelas mora/ em memória e demora/ o nosso breve encontro com a vida), uma outra árvore. Ainda está presa pela raíz mas como colocá-la de pé se vergou junto ao chão, se recebeu um golpe rasteiro e fatal que a apeou, que a deitou por terra depois do seu breve encontro com a vida?
Mas a natureza mostra-nos, a cada passo, que a vida continua, que a beleza vence sempre, que a cor, a alegria permanecem, são indestrutíveis. As árvores choraram todo o dia mas estas flores erguiam-se exuberantes, quase indecentes. E, ao vê-las, eu agradeci-lhes por me lembrarem que depois de um dia vem outro dia, e que o que o meu mundo é também aquilo que eu quero que ele seja. Curarei as minhas feridas, plantarei novas árvores, viverei intensamente cada instante junto a elas porque não saberei se será o último instante, e a minha memória estará sempre aqui. In heaven.
*
Esta foi também a forma de agradecer, sensibilizada, a todos quantos compreenderam a minha aflição e tristeza, traduzindo em palavras o inestimável valor da amizade. Muito obrigada.
E a vida continua.
E a vida continua.
*
Caso queiram dar um passeio pela beira do rio, convido-vos a virem comigo até ao meu Ginjal. Hoje, por lá, o enamoramento saboreia-se nas palavras e nos beijos de dois apaixonados. O pretexto foi um poema de José Luís Peixoto. Na música, dou abertura a um novo ciclo. Agora é chegada a vez dos Grandes Intérpretes e começo em beleza, com Glenn Gould, um grande intérprete de piano.
*
E tenham, meus Caros leitores uma bela semana, a começar já por esta segunda feira!
ResponderEliminarBom dia, UJM
Por coincidência, tinha, no outro dia, escolhido um poema de Francisco Bugalho para postar, 'A uma Árvore', no qual o autor a considera como uma extensão de si próprio, numa quase oração ou dedicatória.
Porém, quando li o seu post, substituí-o por outro para não aumentar a sua aflição,caso o lesse,por não se saber se conseguiria salvar o Pinheiro ou não.
Mas é como diz, a vida continua, o importante é gozar e apreciar todos os momentos,com tudo o que a vida nos concede. Vejo que houve muitos outros estragos no seu querido espaço. Plantará outras árvores.Há um tempo para tudo, também para recomeçar. A flor que aparece colorida e quase provocadora é um sinal de esperança.
Obrigada por este post, em que nos faz sentir como parte integrante da sua vida.
Beijinhos
Olinda
Querida jeitinho
ResponderEliminarEra o pinheiro mais alto aqui do bairro
o único dos quatro iniciais
e o arquitecto a fazer o desenho
sem lhes tocar
e eu a gritar-lhe
nem um risco a mais
Altaneiro
parecia um farol sem faroleiro
atrevido deu em rachar o muro alto do vizinho
e o perigo era grande e espreitava e eu fazia de conta e assobiava
adiando o inadiável...
Era Janeiro e o meu pai partia
ele que o defendia e aconchegava
então pois tem de ser
marcou-se o dia
e o meu coração atormentado
inventava uma espécie de milagre
por acontecer
Ao cair da noite
olhei e demorei o olhar
mal sabes tu que será a última vez que anunciarás o nascer do sol
e o dia vinte de Janeiro a começar
Fugi antes do crime
embrulhada num casaco velho e quente
atravessei avenidas e ruelas
nos meus ouvidas as maquinas e as serras
e só voltei a custo ao fim da tarde
fiz o luto dos dois adoecendo
porque era uma postura única
desassombrada
um estava já velho e doente
o outro não, presente
e a vida roubou-me os dois
tão indiferente
como se não doesse nada
Quando os dias cresceram de novo
e aqueceram
e eu voltei ao meu pequeno mundo
reparei que o céu era maior e mais azul
e da varanda agora via a serra e o castelo como nunca vira
e que é verdade
que Deus fecha uma porta abrindo
sempre uma janela
pois é
e há um lugar dentro de nós
onde se guardam os pais, os amigos, os amores, os pinheiros
e os nossos queridos bichos
como de fosse a nossa arca de Noé
ainda hoje o lembro com culpa e com saudade
quando no lugar onde ele estava me deito e sonho
e olho o céu
e espreito o sol nascer como ele espreitava...
(abraço enorme)
Amiga, minha Amiga:
ResponderEliminarSó agora, pelas fotos, me dei conta dos estragos que sofreu a sua querida casa. Faço uma ideia do que deve sofrer ao ver tanta desolação. Palavras de conforto são bonitas, mas não lhe vão devolver o que perdeu. Outras árvores nascerão, mas não são as mesmas, não guardam as recordações delas. Pelo que vi, os poemas de Sophia, continuam lá. A poesia é eterna. O resto será refeito, mas serão os seus meninos a vê-las crescer. A si, vão-lhe lembrar as outras. E não. A lenha não a vai aquecer. Vai sentir que está a queimar os restos dos seus amigos. Vai guardar sempre, a mágoa de os ter perdido, mas também as coisas boas, que sentiu, sentada no banco, à sombra delas. Força! A natureza é assim. Dá e tira com a mesma facilidade.
Dói muito perder o que se tem por certo. Nunca mais voltará ao seu cantinho, sem reviver o que perdeu.
Nunca nada se repete, Amiga.
Abraço-a e peço-lhe perdão, por não saber dizer frases consoladoras. Sei que sabem bem, mas não resolvem nada.
Mary, sempre consigo.
Olá jeitinho,
ResponderEliminartem a minha solidariedade. O ano passado aqui ao pé da minha casa resolveram cortar pinheiros e eu fiquei tão triste, tão incomodada, é uma dor de alma.Sei o que está a sentir.
Todo o carinho e coragem do mundo para si.
Beijinho Ana
sinto como meu o seu pesar.
ResponderEliminarE eu a falar de uma nespereira (que me doeu, claro!) sem ter entendido a dimensão desta sua dor, que quero agora partilhar com um abraço solidário.
ResponderEliminarQue post tão bonito!
ResponderEliminarTenho muita pena das suas árvores, mas achei uma maravilha a ideia dos banquinhos. E assim vai ficar com a sua árvore para sempre ao pé de si. Apenas tem outra forma.
Eu sei, que quando os banquinhos ficarem prontos a ser usados, depois da sua imaginação trabalhar, vai-nos mostrar.
Fico à espera de ver esses quatro banquinhos que hão-de ser um simbolo de renovação.
Um beijinho e ânimo!
A minha querida "Presidenta" já acalmou? Como já lhe disseram aqui hoje, a natureza dá e tira e vai ver as recordações que vão ficar depois, quando tudo for renovado, porque:
ResponderEliminar"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"...
Abrações
Olá Olinda,
ResponderEliminarVi o seu poema. Já tinha visto. Por estas alturas olho para as árvores a ver se estão bem presas ao chão, avaliando se correm risco. E não me refiro às minhas, refiro-me a todas. Com medo que venha novo golpe de vento e lhes faça mal.
Mas eu sou emocionalmente muito primária, sabe? Dá-me com uma força arrasadora, e então com as minhas árvores é uma coisa... Uma vez o meu marido estava a cortar mato e não viu um plátano recém plantado e deu cabo dele. Fiquei tão zangada, tão zangada, nem imagina. Eu sabia que tinha sido sem querer mas não conseguia admitir tal falta de cuidado. Ando quase com as árvores ao colo enquanto não vingam. Rego-as, aparo-as, faço tudo. Por isso, uma coisa destas dá cabo de mim.´
E depois como sou muito extrovertida, se estou angustiada falo logo nisso, tal qual sinto.
Mas hoje já estou a pensar no que vou fazer para repor as que se perderem e o que hei-de fazer para impedir que volte a acontecer.
E agradeço do coração o carinho que demonstrou numa altura em que eu me sentia tão devastada como a paisagem que tinha perante mim.
Obrigada.
Um beijinho, Olinda.
Querida Erinha,
ResponderEliminarComo nos entendemos... Gostei muito do seu poema/história. É um desgosto mas, atrás dos desgostos, por vezes abrem-se janelas das quais se vê o céu. Percebo muito bem o que me diz.
Agradecida já fiz um post autónomo com o seu poema, merece estar muito bem à vista.
Muito, muito obrigada. Um beijinho.
Olá Mary,
ResponderEliminarFico muito sentida com a sua amizade e com as suas palavras. Claro que as suas palavras ajudam. Ajudam a relativizar, a pensar que há quem tenha perdido muito, muito mais, quem tenha tido grandes prejuízos. Há quem tenha ficado com a vida muito dificultada. Eu sinto porque me afeiçoo às árvores como se fossem gente mas há quem delas tire o sustento. Tantas estufas e culturas que ficaram destruídas e animais que se perderam. E isso é pior e eu não me devo esquecer disso.
E também não me devo esquecer das perdas terríveis, por exemplo, em Moçambique, cheias, cheias, tanta gente que já morreu. Por isso, tenho que relativizar, não é?
E a natureza vira. Hoje já esteve um dia que parecia primavera, ninguém diria o tempo chuvoso e triste que esteve ontem.
Claro que estou com o coração ainda numa aflição. Nem quero pensar se lá chego e vejo o lugar do pinheiro, onde nos sentávamos à sombra, já como um espaço vazio. Nem quero pensar nisso - mas, enfim, tenho que pensar que há coisas infinitamente piores.
Agradeço muito Mary, gostei de ler as suas palavras.
Um beijinho!
Olá Ana,
ResponderEliminarE se nos desgostamos quando isso acontece com árvores que 'não são da nossa família' agora imagine o que é com árvores plantadas por mim, que as rego, que as seguro, que as aparo, que tanto me afeiçoo a elas...
Mas, enfim, a natureza prega-nos destas partidas, não é? Já estou farta de saber disto. Não estava era à espera que acontecesse comigo e que fosse uma coisa destas.
Um beijinho e muito obrigada pela sua solidariedade.
Packard,
ResponderEliminarNão sabe como fico contente por vê-lo aqui. Que saudades eu já tinha das suas palavras minimalistas.
E que saudades tenho dos seus textos, das suas fotografais, das suas divertidas montagens.
Agradeço muito as suas inesperadas palavras.
Um abraço, Packard. Muito obrigada.
Olá jrd,
ResponderEliminarMas eu percebo a preocupação pela sua nespereira. Perder-se uma árvore que dá frutos é uma perda grande. Mas vai recuperá-la, não é? As nespereiras são resistentes.
Mas foi para mim um grande choque, ia andando e ia vendo uma árvore caída, depois umas pernadas quebradas, depois outras quase arrancadas, depois mais pernadas, depois outra em terra. Uma coisa... Ia a andar já cheia de medo, receando o que estava para aparecer mais. Mas, de tudo, foi o cipreste que me doeu mais e é a perspectiva de perder aquele pinheiro, vê-lo assim e não o conseguirmos levantar. É horrível. Eu queria que a gente o puxasse. Mas não conseguimos. Vamos ver se eles descortinam uma maneira qualquer de, sem máquinas (porque não chegam lá), conseguirem levantá-lo. Custa-me muito porque as raízes parecem estar intactas. Só me faz lembrar um cavalo. É uma coisa horrível.
Muito obrigada, jrd. Agradeço muito as suas palavras.
Isabel, olá,
ResponderEliminarJá me conhece bem. Pois é. Já estou a pensar se lhes hei-de aplicar bondex e deixá-los na cor deles ou se devo deixar que eles mesmos os pintem às cores, iam gostar de brincar com tintas. Ou pintar eu, cada um de sua maneira, e fazer-lhes uma surpresa. Já só penso nisso. Quatro banquinhos feitos com o meu lindo cipreste.
Assim os meus menininhos vão brincar mais com a minha linda árvore do que quando ela estava ali, altiva e distante, não é?
Um beijinho, Isabel, e muito obrigada...!
Olá Teresa-Teté,
ResponderEliminarJá me viu presidenta a ficar assim, neste estado, de cada vez que caem umas árvores...? E ia andar atrás dos jardineiros da câmara a ver se tratavam bem das árvores, se as paravam, se as regavam...?
Aliás, dantes eu comprava árvores nos viveiros da Câmara, ia ali aos Olivais, e o que eu adorava andar por ali com as jardineiras.
Mas concordo consigo, Teresa-Teté, a vida é feita de momentos assim... e para a frente é que é caminho, não é?
Obrigada e um beijinho!
Olá UJM,
ResponderEliminarO seu texto foi um derradeiro adeus às suas árvores derrotadas pela força da natureza. Elas guardavam muitas das recordações da sua meninice, da adolescência e do presente, enfim de toda uma vida vivida em comum e ao vê-las decepadas e desenraizadas sem força para se erguerem faz doer o coração a qualquer mortal. Daí que tivéssemos ficado todos muito sensibilizados com toda a sua dor.
O seu pinheiro tombado poderá ainda sobreviver, pois a terra está fresca e o ser humano terá assim tempo para inventar alguma técnica adequada para o salvar...cortando-lhe talvez parte da rama e ramos de maneira a torná-lo mais leve, para se poder içar e reforçar com estacas!?. Será viável.!?
Era uma bênção de Deus se esse gigante se erguesse de novo para o céu e se agarrasse à vida!
Este seu post foi diferente dos outros. A sua desolação e tristeza sensibilizou-nos a todos, e todos de mãos dadas estivemos no seu in heaven a partilhar consigo, a seu lado, a sua dor e o desespero das suas queridas árvores. Todos fizemos parte deste post, acompanhámos passo a passo, com imagens, o desenrolar dos acontecimentos, que nos foi mostrando, e sentimo-nos presentes, uns com palavras de conforto, outros de amizade e oração.
Vi a minha pequenina oração de força, feita no momento e com toda a convicção, em destaque, neste seu Blogue tão especial e fiquei de novo muito sensibilizada.
A natureza se encarregará de transformar esses lugares agora vazios num " in heaven" ainda mais reforçado e renovado.
Um grande beijinho por esta sua lição de vida e de amor à natureza.
Obrigada,
maria eduardo
Olá Maria Eduardo,
ResponderEliminarEu, que não sou de rezar, fiquei emocionada com a sua oração, parece-me tão apropriada, tão capaz de fazer um milagre.
Li todas as suas sugestões e todas têm sido consideradas. O drama, no caso do meu pinheiro, é que está num terreno um bocado inclinado e está tombado em sentido contrário. Se estivesse ao contrário talvez lá fosse com cordas. Mas assim não. E não se consegue fazer passar nenhuma máquina. Temo o pior. Mas felizmente já consigo relativizar. E hoje, talvez para compensar a tristeza com que tenho andado, já só me tem dado para a brincadeira. Só me refreei agora ao ler um comentário de um leitor de que não tinha notícias há tempos. E agora percebo porquê. Por isso, interrompi a 'palhaçada' para que me estava a dar e vim responder aos comentários.
Um beijinho.
Boa tarde. Cheguei ao seu blog por estar à procura de experiências de outras pessoas que tenham pinheiros mansos quase deitados por terra por ação do vento mas não mortos. Que fazer quando já têm um porte que me parece que o meu jipe nunca conseguiria puxar e não tenho guincho. Onde colocar o ponto de âncora para elevar a árvore, já com 12 anos , tronco com mais de 18cm de diâmetro e ramagem densa. Acho que nada há a fazer, apenas cortá-lo. O solo é barrento , há inclinação no terreno.
ResponderEliminarCompreendo bem os seus sentimentos que aqui partilhou. Que aconteceu ao seu pinheiro , conseguiu endireitá-lo?
Olá Carmo Silva,
ResponderEliminarFez-me relembrar um dia muito triste de há cerca de 3 anos. Nem sabe o que me custou. Andei de roda dele, o meu marido, os vizinhos, uns falavam num gancho que o elevasse com guindaste mas não havia como lá chegar um guindaste, outros em cordas mas não se via de onde, depois, se poderia puxar a corda.
Até que tive que aceitar o inevitável. Teve que ser cortado. Horrível. Nem queira saber o que me custou. A parte do tronco que estava logo sob a terra, foi arrancada com ferros e tenho-a lá ao pé. enche-se de líquenes, musgos e até já lá nascem florzinhas. O tronco foi cortado em troços e fiz para aí uns dez banquinhos dispostos em volta do tronco de outra árvore, para servir de banquinhos para os meninos. O resto foi para a lareira.
Foi um desgosto grande. Olhava para ele e parecia-me um cavalo doente, à espera de ser salvo.
Espero que consiga salvar o seu.
Um abraço.
Obrigada pelas suas palavras e informação. Tenho o mesmo problema , vou ter de o cortar. Não vejo mesmo solução, já deve ser precisa um força de várias toneladas para o endireitar. e mesmo ao lado estão outros que poderiam ser danificados com a operação. São vários pinheiros mansos todos com cerca de 10 anos e quase todos estão inclinados. Quando eram novos , consegui ancorar alguns com cordas e estacas, mas à medida que cresceram , as estacas já nada fazem e as cordas foram retiradas.O problema é de drenagem profunda que não sei fazer, mas seria necessário. Apesar da inclinação do terreno , o barro vai ficando empapado com a água e com o vento, o solo não segura a árvore. Pela mesma razão acho que a raíz não vai aprumada , como calculo que aconteça em terrenos arenosos onde tem de ir fundo buscar água. Não sou especialista, meu pai era engenheiro silvicultor, mas já faleceu há 11 anos, por isso não lhe posso perguntar o que fazer. Acho, tenho uma intuição de que me diria que é necessário cortar,esse que está quase deitado e possivelmente os outros que estiverem já demasiado inclinados, pois estão a ficar demasiado próximos e um desbaste não faz mal ao conjunto. O seu era mais significativo , com o banquinho à roda do tronco. Ideia boa. Se estiver a pensar nos seus netos, plante uma folhosa (uma tília, um carvalho, um castanheiro por exemplo) no centro do banco, essas árvores perdem a folha e não fazem vela, resistindo melhor ao vento. A melhor árvore para resistir ao vento, meu pai dizia , é a casuarina, também tem agulhas , não perde a folha e cresce depressa se tiver bom terreno, mas é menos frondosa. A vida continua e as árvores sabem-no bem, calculo que concordará comigo, é como se tivessem também alma.
ResponderEliminarUm abraço e tudo de bom para si e sua família.