Sobre o Gaspar, o Mota Soares e as indignidades, os atentados, a incompetência, o amadorismo e, também, sobre o ex, isto é, sobre o Francisco José Viegas, escrevi no post abaixo. Quem não quiser saber mais nada sobre a terra da gente feliz de que aqui agora falo pode deixar-se escorregar já até ao post abaixo. Caso contrário, deixe-se ficar aqui comigo - vamos de passeio, vamos ver mulheres felizes e bem vestidas está bem?
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Mas se andam todos felizes, conversando, rindo, como se os problemas da vida morassem em longínquas paragens, as mulheres, então, já de si naturalmente detentoras de um sentido de graça, parece que sobressaem.
Se, por cá, nas grandes cidades, as mulheres já assimilaram aquele sentido cosmopolita que as faz terem à vontade e agirem segundo o seu temperamento, gosto e estado de espírito, já nas nossas pequenas localidades prevalece ainda muito o medo de dar nas vistas, o medo de despertar a censura alheia ou a rejeição.
Pois bem, ali, naquele lugar, as mulheres parecem duplamente felizes, primeiro porque não apenas as mulheres mas toda a gente parece estar de bem com a vida, e, segundo, porque ali tudo é permitido, aparentemente sem restrições.
A moda feminina é, por estas bandas, um conceito abrangente, peculiar, particular mesmo, diria. A diversidade, o arrojo, a descontracção, a felicidade de ser contribuem para que tudo fique bem, digno de ser fotografado, exibido, louvado.
A maioria das mulheres não usa chapéu mas algumas usam e, nesse caso, que chapéus…!
Por exemplo, o chapéu que se segue chamou-me a atenção. No primeiro instante ainda pensei que pudesse ter alguma coisa a ver com algum casamento. Fotografei. Depois vi que não, era apenas um chapéu e as amigas agiam com a naturalidade própria das situações comuns, nem as amigas, nem quem passava, ninguém brincava com o chapéu.
E que bem que o chapéu lhe ficava, que graça que a jovem tinha.
Num outro dia, de novo uma jovem e de novo um vestido divertido envergado com toda a naturalidade.
Poderia parecer um fato de brincadeira ou de festa ou um disfarce. Mas não, a rapariga estava tranquilamente com os amigos, conversando, rindo, todos na maior das normalidades.
Curiosamente cruzei-me com alguns grupos, na maior parte rapazes, mascarados como se fosse carnaval. As fotografias têm fraca qualidade pois a situação era tão inesperada que eu não tinha tempo de focar. Mas acho que dá para captarem o espírito da coisa.
E, no entanto, não eram dias de festejo ou de feriado municipal.
Andavam por ali passeando como se fossem vestidos normalmente e ninguém parecia estranhar pois, tirando eu que os fotografei, ninguém se virava, sequer, para os olhar. Parecia ser coisa normal.
Mas se nas jovens se encontra frequentemente a irreverência ou o imprevisto, já nas mulheres mais velhas o que se nota é a elegância, o improviso desprendido, o tremendo à vontade.
Aspectos dominantes?
A cor.
Casacos compridos, elegantes, geralmente cintados, muitos em patchwork usando tecidos como veludo, camurça, seda. (Reparem no pormenor do olho estampado nas costas deste aqui abaixo)
Meias opacas de cor:todas as cores, incluindo o azul petróleo, o azeitona, o fúcsia, o lilás.
Sapatos coloridos, frequentemente multicores.
Carteiras (ou malas, consoante se queira dizer) de cor: amarelas, rosa choque, encarnadas, verde claro.
Sapatos coloridos, frequentemente multicores.
Carteiras (ou malas, consoante se queira dizer) de cor: amarelas, rosa choque, encarnadas, verde claro.
Escusado será dizer que é o género de moda com que me identifico bastante. No que se refere a meias opacas coloridas, até agora, nunca fui além do ameixa escuro (a nível de meias opacas, o usual em mim é o preto até porque tendo - ou, pelo menos, tendia - a vestir-me predominantemente toda de preto com um apontamento de cor como, por exemplo, uma blusa colorida no meio de um conjunto full black ou, então, o inverso, ou seja, por exemplo, toda de preto com um casaco de cor) mas, agora, vou ver se encontro assim de cor, fica lindamente. Carteiras coloridas já uso frequentemente. Até há poucos dias usei uma branca com aplicações ou uma grande, rectangular, encarnada ou, ainda, uma num material macio com texturas, em tom de coral suave. Agora, de lá, trouxe esta grande em amarelo torrado, em que a pele tem gravada em relevo, num canto, uns girassóis.
Nesta fotografia, coloquei-a ao pé duma blusinha de viscose encorpada que também trouxe de lá, um Mondrian com um sedoso cair pesado e macio.
Se em Paris fico com a ideia que a silhueta elegante feminina se veste maioritariamente de preto, le tout noir, aqui é, pois, o oposto, é a abundância de cor que, conjugada com o sorriso no rosto, enche o ambiente de graça.
Mas que não se pense que a jovialidade e a irreverência se restringem às jovens ou às tardo-balzaquianas. Não, nada disso. A elegância informal, a criatividade e o improviso atravessam esta sociedade.
As mulheres com mais idade usam frequentemente jeans ou calças justas de cor, botas ou sapatos baixos, geralmente também coloridos, parkas coloridas, écharpes ou cachecóis igualmente coloridos e, claro, sorriem e ostentam a sua extraordinária agilidade.
Se alguém quiser ver uma fila de gente vestida tal como descrevo, jovial, sorridente, elegante, é observar as longas filas para os museus. Em Portugal os museus estão tristes e vazios. Por ali, por onde andei, os museus transbordam de vida. E, claro, para adquirir o bilhete de entrada, as filas dão voltas aos jardins (cujas árvores ostentam os belos coloridos de Outubro) ou aos edifícios. Mas são filas que andam rapidamente e, sobretudo, a boa disposição daquela gente contagia.
Mas sobre os museus, a arte, o design falarei outro dia. Hoje quis falar apenas de moda no feminino.
Espero que as minhas Leitoras encontrem aqui ideias para as suas toilettes e espero que os cavalheiros tenham igualmente apreciado o tema. Permito-me até sugerir aos Leitores que se inspirem e façam uma surpresa às vossas namoradas (por exemplo...? simples, vão até uma loja de meias e comprem-lhe umas meias coloridas e, se elas as acharem extravagantes, mostrem-lhe algumas das fotografias que aqui coloquei).
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Se tiverem ainda paciência para darem mais um passeiozinho comigo, permitam que vos dê o braço. Vamos até ali, ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa. Hoje as minhas palavras relembram tempos idos, tempos em que o nome que se dizia correspondia a uma amor muito especial. A poesia escolhida é de Inês Fonseca Santos e o compositor é Giovanni Battista Pergolesi.
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E, pronto, nada mais.
Chove que Deus a dá e ainda bem.
Que as águas da chuva vos lavem a alma e que esta quinta feira seja, para vós, um dia muito feliz!
Adorei as fotografias e estas sugestões de moda feminina! Deixaram-me mesmo mais animada e com várias ideias. Adorei os sapatos, e os casacos são inspiradores. Também gosto muito de cor, ainda que o cinzentismo predomine na minha indumentária quotidiana. Mas vou mudar esse facto, para escuridão já bastam as coisas que se ouvem por aí.
ResponderEliminarNa sua resposta aos comentários de ontem, deixou um desafio irresistível: Onde é, onde é? Aposto que é Amesterdão!
Não reconheci nenhum lugar, nem as suas fotografias sugerem o ambiente mais feérico desta cidade, mas a alegria e a excentricidade das pessoas levam-me a pensar nos holandeses. Do pouco que conheço deles, parecem-me dos mais alegres e desempoeirados da Europa não latina.
Tenha um bom resto de dia, já liberta das bolhas do passeio
Amiga:
ResponderEliminarEu bem digo, esteve no Paraíso Terreal. Estava mesmo precisadinha de uns dias lá. Aqui, é só escuridão total.
As novas, vestem de escuro, roupas rotas, mal enjorcadas (termo da minha avó, para dizer desmazeladas. As mais idosas, ou de escuro, enxambradas (outro termo dela, para: mal vestidas, ou rídiculas, com calções abaixo do joelho, pelos nas pernas, blusas com desenhos ridículos, cabelos de cores estranhas, mal pintados, mal penteados. Claro que há excepções.
Pessoalmente, tenho dois estilos. 1º- Prático: calças ou saias longas, blusas ou camisolas a condizer. 2º mais refinado: muito preto, cortado de outras cores, azul e castanho total. Écharpes, montes delas, algumas vezes, chapéus. Gosto de meias opacas pretas, azuis escuras, castanhas. Já adorei saltos muito altos. Hoje, não aguento as dores nas costas. Malas grandes, onde cabe tudo, ou pequeninas, que adoro, mas onde não cabe nada. Nunca ando sem lenço perfumado, leque e luvas (no Inverno, claro). Gosto de casacos compridos justos e de capas amplas e quentinhas.
Já está a ver. Como estou muito em casa, uso muito o 1º estilo.
Abraço
Mary
Então aí vai o meu palpite -
ResponderEliminarAMSTERDÃO?!?!?!?
Nunca lá estive mas o meu filho tem imensas fotografias que tirou quando lá foi em trabalho e os sítios, agora que chamou a atenção, parecem-me familiares.
Faz favor de me pôr na fila dos palpites.
Quem acertar tem prémio...
Beijinhos
Olá. Jeitinho,
ResponderEliminarÉ a OBA de Amsterdam, não é?
As melhoras das bolhinhas!
Beijinho.
Antonieta
Olá Leitora Equilibrista de A matéria dos Livros,
ResponderEliminarSó não lhe dou o prémio a si porque a Leitora Antonieta foi a primeira a acertar, embora o tenha feito por mail.
Recebi vários mails e houve duas apostas certas.
E a Leitora também. Se eu fosse como a Oprah agora pedia as moradas de que acertou e enviava para casa um bilhete de ida e volta e uma voucher de hotel. Para Amsterdão, pois claro! Não era bom?
E eu ia convosco, bem entendido. Ia como cicerone, e como fotógrafa do grupo.
Claro que nas fotografias e no que escrevi tive o cuidado de omitir os elementos mais óbvios mas fui deixando uma ou outra pequena dica.
Leitora, se não conhece, veja se arranja maneira de um dia destes lá ir. Acho que vai adorar.
PS: Já estou melhor dos pés. Na rua e no carro andei com uns ténis largueirões e no escritório com uns sapatos meio largos. Por isso, hoje não os pressionei muito e já estão quase sarados. Obrigada.
Um abraço, Leitora!
Mary, olá,
ResponderEliminarMal enjorcadas, conheço mas enxambradas não, mas acho o máximo.
Gostei imenso de ler o que escreveu. Ao falar de si da forma como o fez, descreveu o lado mais feminino das mulheres, o lado que tem um pouco de coqueterie, o lado romântico. Adorei o pormenor do lencinho perfumado. Disse 'já está a ver' e tem razão: estou mesmo a ver, uma mulher toda elegante, mesmo quando se veste de forma prática.
Quanto a ser um local muito bom para arejar a cabeça e lavar a alma, é mesmo. Sugiro também, Mary, que se puder ou quando puder, dê lá uma saltada. Ia ser tão bom para si, e agora as árvores lá estão com uma cor linda que se reflecte na água dos canais. Antes que o Gaspar nos leve tudo o que temos, é de aproveitar...
Um beijinho, Mary!
Olá Teresa-Teté,
ResponderEliminarAcertou, pois claro. Gostava mesmo de oferecer um presente mas o que me ocorre (e de que falei duas respostas acima) parece-me impossível. Vou jogar no euromilhões e, se acertar, faço mesmo isso. Ia ser agradável, andarmos a passear, a ver museus, a andar de barco, a fazer compras, eu e as minhas Leitoras e Leitores.
Um abraço, Teresa-teté!
Olá Antonieta,
ResponderEliminarJá confirmei e agradeci por mail e, dado que foi a primeira resposta certa a chegar até mim, é a si que lhe cabe o 1º prémio.
A Biblioteca é, de facto, a nova e bela Biblioteca de Amsterdão.
Parabéns!
Um beijinho, Antonieta.
Querida viajante e cicerone,
ResponderEliminarFico à espera desse voucher! Vamos todas/todos, pois não fui a única a acertar. Uma cidade tão feliz só podia ser Amesterdão, parece que é unânime.
Já conheço a cidade, que adoro. Já vistei outras cidades holandesas, que também são bonitas e felizes. Quando fui a primeira vez à Holanda, o que me impressionou logo foi o ar tranquilo das pessoas, tão diferente da crispação lisboeta, e o facto de não terem reposteiros e estores nas janelas. Era o sinal mais evidente da sua abertura de espírito, pareceu-me, mas talvez tenha a ver, em vez disso, com a cultura protestante, tão diferente da nossa, latina e barroca.
Eles terão as suas negatividades, mas o que é certo é que evidenciam viver melhor que nós, e, sim, concordo consigo quando diz que parecem libertos de tantos preconceitos que nos aprisionam por aqui. Damos demasiada importância às aparências.
Um abraço,
(que eu fico, por agora, com os sonhos)
Olá,
ResponderEliminarSeja bem vinda e obrigada pelas fotos e por tanta coisa bonita que trouxe na bagagem, para nos mostrar, sugestões de moda, onde não faltam modelos de sapatos e não só, com muita cor e bom gosto.. Trouxe algumas sementezinhas de alegria de viver, para plantar no seu Blogue? era bom que ficássemos todos contagiados de muita felicidade e bem estar colectivos...
Ainda pensei que estivesse na Aústria, país que já visitei e que me pareceu haver algumas semelhanças com as suas fotos.
Obrigada pelos belos posts, um bom fim de semana que se aproxima e muito descanso.
Um beijinho
Olá Leitora, de novo,
ResponderEliminarPois, é natural que tenha gostado, Amsterdão tem tudo a ver consigo (acho eu).
E tem graça que tenha referido o pormenor das janelas. Acabei justamente de escrever sobre isso. Gente aberta, desempoeirada, feliz: isso está patente em tudo.
Devem ter lados negativos, claro, toda a gente e todas as coisas os têm. Mas, à vista desarmada, não se dá por eles. Gente livre, mentes abertas, é o que é.
Amanhã vou jogar o euromilhões com muita convicção a ver se consigo convidar toda a gente para uma bela duma passeata.
Um abraço Leitora!
Olá Maria Eduardo,
ResponderEliminarPois é, ainda hoje disse que preciso de poder dormir até mais tarde para ver se descanso. São 2 da manhã e ainda estou nisto...
Muito obrigada pelas suas palavras.
Sementes não trouxe mas trouxe uma planta eterna. Fica seca quando está sem água, parece morta, e, depois, põe-se em água e ressuscita, abre e fica verde.
Assim haveremos de ser nós. Estamos a passar um mau bocado mas, vai ver, daqui a nada já o país está de novo a crescer e a desenvolver-se a a chamar de volta os seus jovens.
Fico contente por saber que tem gostado de ler as minhas impressões da viagem. Gosto de partilhar. Assim quem nunca lá tenha ido fica com uma ideia.
Muito obrigada.
Um beijinho, Maria Eduardo.
Pronto, já pus a leitura em dia e faço agora um comentário geral, de maneira que se baralhar as coisas, não é por mal.
ResponderEliminarGostei de todos os post e dá uma pena enorme que em Portugal as pessoas não possam ter a mesma felicidade. Temos se calhar potencial para isso. E temos o sol. Como é que um país com tanto sol pode ser tão triste?
Com governantes honestos, poderiamos se calhar ter condições semelhantes. No fundo todos somos um pouco culpados, que fomos aceitando tudo. E durante muitos anos, muita gente por aí "roubou" legalmente o que pode.Não foram só os políticos.
Para se atingir este nível e esta forma de estar, tem que haver investimento na educação e na cultura. E depois as pessoas têm que ter dinheiro minimamente suficiente para poderem viver assim, com tempo e gosto pelo apreciar da vida, nas suas diferentes formas de arte.
Ainda temos muito que caminhar.
Tem que começar a haver interesse dos governos para mudar as coisas. Não há interesse, até porque um povo "brutinho" não questiona nada. Vê o seu futebol e as suas novelas e basta-lhe. Não estou a criticar as pessoas que assim vivem, porque não podem nem sabem viver de outra maneira, mas critico os governantes que não dão condições às pessoas para melhorarem, evoluirem.
Enfim, se calhar estou a falar no ar. Mas tenho pena que o nosso lindo país tenha pessoas tão tristes em todos os sentidos. Tenho pena que o nosso lindo país esteja a perder a sua identidade, o seu valor, a sua independência, a sua dignidade (porque um país digno, trata bem os seus cidadãos).
Os blogues roubam tempo, também desde que tenho o meu, tenho lido muito menos. Todas as semanas compro livros, que vou amontoando, sem tempo para ler. É o meu vício. O único, porque o dinheiro não chega para outros.
Também tenho várias carteiras coloridas, amarelo, vermelho, roxo, verde, azul...gosto muito de acessórios. Mas sou desleixada, sou capaz de andar com a mesma carteira durante meses, só por falta de paciência de andar sempre a mudar.
Bem, hoje escrevi imenso!
Um beijinho e bom domingo