segunda-feira, setembro 10, 2012

Onde tento explicar como a descida de 7% na TSU para as empresas é um ridículo absurdo e, em contrapartida, a subida para os trabalhadores é, não apenas violenta e insustentável, mas igualmente absurda. Penso que todos os que me lerem o perceberão. O drama é que o Passos Coelho, o Gaspar, o Relvas, o Portas e os outros do Governo parece que não se ajeitam com operações aritméticas simples. E, para acabar com um assunto agradável: notícia de uma praia a sul com pouca gente, mar batido, rochas cobertas de espuma, mexilhões brilhantes, uma praia maravilhosa como são todas as praias de Sagres para cima


Sei por experiência própria o que são empresas privadas, sei o que são empresas industriais, sei o que são empresas exportadoras, sei o que é negociar compras e vendas em mercados internacionais.

Se o digo aqui é por um único motivo: é que sei, por experiência própria, o disparate que é o abaixamento da TSU para as entidades empregadoras (já para não falar também do disparate de alto calibre que é a subida de 7% para os trabalhadores).

Já aqui antes o referi várias vezes. Mas hoje resolvi voltar ao assunto. Acabei de ouvir, agora na TVI 24 a repetição do comentário semanal do Prof. Marcelo no qual ele refere que os custos de pessoal representam cerca de 30% dos custos totais das empresas.

Quero corrigir.

Passos Coelho anunciou que a aplicação da medida absurda de subir a contribuição de todos os trabalhadores para a Segurança Social para 18% se deve a que, assim, vai poder atacar o desemprego, pois, desta forma, vai conseguir reduzir a contribuição das entidades empregadoras, o que, baixando-lhes, os custos, as vai tornar mais competitivas, fazendo-as criar novos postos de trabalho.

Só tontices, isto é, um monte de coelhices num único raciocínio.



Petit Lapin Stupide  - ou seja Pequeno Coelho Estúpido
(o que até poderia soar quase ternurento se o petit lapin não fizesse maldades tão graves)


Vejamos então. 

Quando, na Função Pública, os professores, juízes, médicos, enfermeiros, administrativos ou técnicos das autarquias ou dos ministérios, polícias, varredores, etc, etc, descontam mais 7% por mês, estão a ajudar que empresas? Nenhumas, pois não trabalham para empresas mas para o Estado e o Estado não está numa de admitir pessoal mas, sim, de despedir.

Quando os empregados de mesa, os cabeleireiros, os empregados do comércio, as pessoas que trabalham em supermercados, etc, etc, passarem a descontar mais 7% por mês, estão a ajudar que empresas a serem mais competitivas? Nenhumas, pois trabalham para empresas que dependem exclusivamente do consumo e com o dinheiro das pessoas a ser cortado desta forma, o consumo vai é reduzir-se ainda mais. 

E podia continuar com mais cem exemplos e o absurdo seria sempre deste género. Ou seja, nenhumas destas pessoas que se vão ver esbulhadas de mais 7% todos os meses, estão a contribuir para que a sua entidade empregadora admita mais pessoas.

Ou seja, razão tem Bagão Félix e outros quando afirmam que isto não é um acréscimo de taxa mas, sim, um novo, gravoso, mal disfarçado e descarado imposto.

Mas foco-me, então, nas únicas empresas que poderiam beneficiar com esta parvoíce: as empresas exportadoras.

Só que as empresas exportadoras são uma minoria no País. Ou seja, vai sacrificar-se uma população trabalhadora inteira para eventualmente beneficiar uma minoria de empresas.

No entanto, será que se beneficiam mesmo?

Não, aquilo de que se está a falar é irrelevante para as empresas em termos de redução de custos (embora seja, claro, mais dinheiro em caixa e um lucro maior para a empresa).

Na maioria das empresas exportadoras industriais os custos de pessoal não são os 30% que Marcelo Rebelo de Sousa referiu - porque ele estava a referir-se à média de todas as empresas e não às principais exportadoras industriais - são muito menos, são cerca de 20%. Ou seja, quando uma empresa paga a TSU, paga sobre apenas 20% dos seus custos. Ora um abaixamento de 8% sobre 20% significa, para as empresas, um abaixamento de 1.6% nos custos totais.

Ora, para uma empresa exportadora, uma percentagem desta ordem não é nada. Ou seja, não é por isto que se perde nenhum negócio, nem é por isto que se ganha mais negócio, levando a expandir e investir, passando a empregar mais gente (... já para não falar noutro aspecto: e dinheiro para investir, onde é que há? É que nestas empresas os investimentos não são trocos).

As empresas quando fazem os preços, fazem-nos tentando cobrir os custos totais e, claro, ter, em cima, uma margem. Essa margem é variável consoante a concorrência e a qualidade do produto e, por isso, não posso aqui dizer se a margem de lucro é, em média, 6 ou 16 ou 60%. Depende de muita coisa, dos mercados, dos produtos, da época do ano. Ou seja, as empresas quando actuam no mercado, 'jogam' dentro da margem, se têm que fazer um desconto, cortam um bocado à margem.

Claro que, às empresas, interessa sempre ter menos custos pois, assim, poderão ter maiores margens. Mas há muito sítio onde ir 'buscar' economias, e economias de jeito, coisa que se veja e não os pindéricos 1 e picos por cento, e todas passam sempre pela gestão: negociar melhor as aquisições (nestas empresas, a matéria prima tem, geralmente, um peso muito grande), tentar ter melhores preços para a energia eléctrica (que, frequentemente, tem um peso esmagador nos custos), gerir melhor os transportes (que também têm um peso expressivo), tentar gerir melhor os encargos financeiros (que, agora, têm um peso enorme na estrutura de custos), gerir melhor a organização interna, etc, etc. 

Ou seja, causar um abalo tremendo no País, reduzindo dramaticamente o rendimento disponível das famílias e, portanto, reduzindo dramaticamente o consumo (o que levará a um aaumento no desemprego, já para não falar que vai levar à redução do IVA, à redução no IRS colectado já que haverá menos gente a trablhar, etc, etc, e, portanto, havendo menos receita fiscal, aumentará de novo o défice), e tudo isto para baixar os custos das empresas exportadoras num cagagésimo inútil, é um disparate, mas um disparate sem pés nem cabeça.

E, se isto é um absurdo para as empresas exportadoras, então para as não exportadoras, como acima referi, é ridículo.

Para as empresas não exportadoras (que dependem do consumo e não da concorrência) esta estúpida medida iria destinar-se apenas a aumentar o lucro dos patrões - só que, na prática, vai actuar ao contrário pois, nestas empresas que dependem do consumo, a quebra de receitas por haver menos dinheiro em circulação será o efeito mais evidente. E, portanto, o que esta medida é, é um novo tiro no pé (ou na cabeça).

Ou seja, esta medida não tem ponta por onde se pegue e eu não percebo se isto é ideia da troika que quer fazer mais uma experiência aqui (já que somos cobaias anestesiadas), ou se é do Passos Coelho que não tem inteligência que chegue para fazer operações aritméticas simples.


'Lapin Crétin' - ou seja, Coelho Cretino


Seja como for, tenho esperança que isto não vá adiante. Não que acredite que o Pedro (de quem não sou amiga no facebook, pelo que apenas li a patética - ou pateta? - mensagem em 2ª mão) perceba que, uma vez mais, pisou a bola mas porque acho que o disparate está a ir longe demais e tenho esperança que alguém o apeie e o ponha com dono.

**

E, com esta conversa toda, nem vos contei que este domingo estive numa das praias de que mais gosto, uma praia de rochas, de mar batido, uma praia com pouca gente, com um maravilhoso cheiro a iodo, a algas, a limos.

As cores, a luz, o movimento do mar, o cheiro, tudo me fascina nesta praia.




Aqui, em especial nesta zona em que eu estava, é preciso um certo cuidado quando se entra na água, pois o mar bate com força e há muitas rochas. Aliás, há um incessante rugido. E esse rugido tem o som e o cheiro da natureza bravia, original.

Mas as rochas estão cobertas de limos verdes macios como veludo. Gosto de passar as minhas mãos por elas, estão macias, molhadas, cheirosas. Ou, então, estão cobertas de mexilhões pretos, luzidios. 

Quando o mar se retira, a água fica a borbulhar, transparente, e faz uns sons, parece crepitar. Meti-me lá dentro com a máquina para tentar mostrar-vos. Fiz uma ginástica para não molhar a máquina, nem salpicar a objectiva (... nem me afogar, já que estava de costas para as ondas)




Pena não vos poder agora dar a conhecer a frescura desta água tão rija, ou o cheiro desta maresia muito pura, ou o som bravio do mar sobre as rochas, ou o suave crepitar da espuma sobre os limos macios. 

Mas talvez se passarem as mãos pelo écran eu faça uma magia. Talvez a vossa mão fique molhada. Se ficar, fechem os olhos e abram a mão. Depois abram os olhos e vejam se lá têm estes mexilhões que trouxe para vos dar.




Então, já aí os têm?

(Reparem nas minhas mãos, já engelhadinhas de tanto andar dentro de água. Que bom que foi, que bom, que bom!)

E, já agora, meus amigos, uma recomendação. Quando andaram na praia a passear, de blusinha vestida, de chapelinho na cabeça, tudo muito certo, de chinelinhos na mão... não andem com o rabiosque ao léu, não vá aparecer por lá algum fotógrafo atento a curiosidades, está bem?




Não ponho a fotografia em ponto grande para manter alguma distância, até porque apenas pretendo mostrar o tipo de praia, uma praia frequentada maioritariamente por estrangeiros, quase todos a lerem, estão sempre todos a ler, desde há anos que o constato, mas também frequentada por gente que passeia, gente muito descontraída. Mas muito pouca gente, o que, num sítio assim é uma bênção.

(Claro que se a pessoa em causa me solicitar que retire a fotografia, o farei de imediato)

**

E, com isto, já estamos a começar uma nova semana. E que seja boa, doce. E que, para começar, esta segunda feira vos corra muito bem.

11 comentários:


  1. Olá UJM

    Vou começar pela parte mais agradável, isto é, pelo mar, pelas ondas, pela maresia,enfim, tudo me chegou aqui nas mais perfeitas condições... O ruído das ondas a bater nas rochas, de noite e de dia, não me é nada estranho, por isso, mais um motivo para ficar extasiada, aqui, a ler as suas impressões, ilustradas pelas belas fotografias.

    A exposição que fez é importantíssima, pois de uma forma simples mostrou a enormidade de medidas, sem pés nem cabeça, que vão sacrificar tantas e tantas famílias no que têm de mais básico, que é a gestão do quotidiano,lançando as pessoas no desespero.

    Os motivos que Pedro Coelho apresenta, carecem de lógica e já ficou demonstrado que não trazem benefício algum, antes pelo contrário. Uma coisa estapafúrdia que só podia ter germinado na sua cabeça e na de quem o coadjuva.

    Muito obrigada.

    É realmente um post que faz aqui um serviço público pois, raramente ou quase nunca, quem de direito, se dá ao trabalho de explicar às pessoas as consequências das medidas que são tomadas.

    Beijinhos

    Olinda

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  2. Estimada UJM,
    Este seu Post é bastante esclarecedor e ajuda a perceber melhor a “marosca mafiosa” desta cambada.Já um anterior Post sobre o discurso de Pedro 1 (o 2 é o do FaceBook, onde ele se “lamenta e pede desculpa”, como amigo, pai de família, “esposo”- creio que é assim que se diz marido em Massamá, etc) tinha igualmente lido com apreço e identificado com o que ali dizia.Sabe, sinto uma REVOLTA enorme por tudo isto, pelo que nos estão a fazer passar, pela estupidez desta austeridade, pela profunda injustiça destas medidas, pela falta de respeito por todos nós, ou, melhor dizendo, quase todos – ou seja, aqueles que serão vítimas desta austeridade a triplicar, quadruplicar, etc, pois alguns vão beneficiar com elas (ao que percebi, a Banca, grandes empresas, as gasolineiras, a EDP, etc e tal e coisa).Esta gente faz-me lembrar a história da galinha de ovos de ouro. Não só vai prejudicar ainda mais esta estatelada economia, como os desgraçados da larga maioria dos contribuintes, dos consumidores e inúmeros empresários. E não vai haver, como diz, receita fiscal suficiente.Eu pergunto: será que não se percebe que tais soluções de austeridade imbecil atrás de austeridade imbecil não vai resultar? Que vai desgraçar muita, mas muita gente!Sinceramente, isto não é gente, não são governantes, mas um bando miserável de abutres. Todos os que lá se encontram, pois todos enquanto ali estiverem são solidáios com esta porcaria, com este insulto.Eu, familiares e vários amigos, começamos a viver uma situação preocupante. E isto chateia-me porque vejo que é injusto e não é solução!Hoje escrevi com o coração nas mãos, o que raramente faço. Estou farto, exausto, desta gentinha, destes abutres! Revoltadíssimo! Bem fazem os meus filhos em ir embora (um já foi, o outro, com o neto, irá em breve, pelo jeito)!Tenho pena e mais revolta sinto, mas que podem fazer?
    2. Mudando de assunto e a propósito do mar, este fim de semana fomos dar um belo passeio de barco (de uns amigos, apaixonados por vela), saindo de Lisboa e ali regressando, gozando uma excelente vista da capital vista do rio e um pôr-do-sol belíssimo. Fez-me bem, pois ando muito, muito revoltado!Gosto muito igualmente dessa zona perto de Sagres, onde ás vezes vamos a convite de uns amigos que têm lá casa de férias. Talvez lá volte em Outubro.
    Raio de governo este que nos havia de cair em cima! Que vida e futuro os nossos!
    Cordialidade desculpe-me o desabafo!
    P.Rufino
    PS: essa do rabiosque á mostra está impagável! Mas sabe, outro dia, ali para os lados do Guincho, um casal estrangeiro, cerca de trintas, ali ao lado, mudou de roupa para colocar o fato de surf e depois para o retirar e põr de novo o calção e bikini, tudo ali, nuzinhos, á nossa e de todos, frente. É assim, modernices. Tranquilamente, como diz o Paulo Bento.


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  3. Olá Olinda,

    Estive dois dias apenas no Algarve e tanto por lá me desforrei que hoje estou um bocado aflita. Sentia-me tão bem, parecia-me que estava quase boa mas estas recuperações são mesmo uma grande carga de trabalhos. Enfim, há-de normalizar.

    Mas uma coisa é certa: foram dois dias que me souberam a vários de tal maneira foram bem aproveitadinhos.

    No primeiro dia estivemos ali mais a meio, num hotel mesmo na praia, para eu não ter que andar muito e para a água ser mais calma. No domingo fomos ali para a zona de Sagres que é a que prefiro e deve ter sido ontem que abusei. Mas adorei. Adoro aquele mar bravo, aquelas rochas, aquele cheiro.

    Quanto aos experimentalismos absurdos está a ver-se a reacção da sociedade. De uma ponta a outra do espectro político a incompreensão é total. Ainda hoje à hora de almoço ouvi Van Zeller, ex-presidente da CIP, a dizer que esta medida desgraça os trabalhadoras e nem sequer beneficia a maioria dos patrões. Ninguém percebe a lógica daquela gente. A receita dá mau resultado e eles em vez de a corrigirem, carregam nos ingredientes. É um absurdo que tem que ser travado.

    Obrigada pelas suas palavras. Estava com receio que fosse um bocado chato para quem anda um bocado fora do mundo das empresas. Mas achei que devia explicar porque eu vivo dentro do mundo das empresas e posso afirmar, com conhecimento de causa, que tudo o que eles dizem é um absurdo. Apenas estão a proteger os interesses de uns quantos (e, ainda por cima, esses quantos, parece-me bem, nem são portugueses: são os grupos que querem comprar por tuta e meia as nossas empresas e querem comprá-las apenas com a carne do lombo, isto é muitos lucros e poucos custos, mesmo que para isso tenham que retirar a dignidade a quem trabalha, explorando-os de forma impudica).

    Não me conformo e não me vou calar.

    Um beijinho, Olinda!

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  4. Olá,UJM!
    Ando eu a ler João César das Neves, 600 e tal páginas, e é curva da procura, curva da oferta, recta do rendimento, etc e tal, Keynes e a sua teoria e não estou entendendo nadica de nada, quando chego aqui, assim pela fresquinha e eis que fico com uns apontamentos de economia que me irão fazer falta para dia 18. :)E o mais incrível nestas 600 e tal páginas é que não há um único teórico feminino, talvez seja por isso que a economia se encontra neste lamentável estado que está criando conflitos entre a estabilidade e o desenvolvimento.

    Quanto ao rabo ao léu está perfeitamente enquadrado com a conjuntura, a vantagem comparativa é a de que o custo dos calções traduzem-se em ganhos. :)
    (após esta análise económica está demonstrado o porquê de ir repetir o exame :))

    Uma boa semana, UJM!
    Beijinhos

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  5. Olá P. Rufino,

    Está você e os seus próximos afectados e estamos (quase) todos. Ainda hoje um jovem que me é próximo me dizia que nos últimos tempos, entre corte no ordenado e aumento de impostos, já tinha visto os seus rendimentos em 40%. Isto é tremendo para quem tem casas a pagar, colégios a pagar, transportes a pagar. Está tudo a ficar no osso.

    No outro dia estava na sala de espera para uma consulta e ao meu lado estava um homem que devia ser mais ou menos da minha idade, bem arranjado, com o pai. Por uma coincidência vim no dia seguinte a saber que é amigo de um amigo meu, e que está desempregado, a viver do subsídio de desemprego, na maior ginástica para se manter assim, ainda bem arranjado.

    Uma outra amiga minha tem uma filha cujo marido era director numa grande construtora. Agora está em Angola, vem cá com intervalo de vários meses e a mulher e as 3 crianças ficaram cá, sem o apoio dele, mas não tiveram alternativa.

    E agora isto é o normal: desemprego, dificuldades. Todos ganhamos muito menos, todos sentimos a subida dos custos (por via do IVA, nomeadamente). Se temos pessoas de idade na família o aperto ainda é maior. Os custos de tudo são enormes, muitos medicamentos, médicos, tratamentos e as pensões têm levado cortes e retirados os subsídios, e têm que ser os filhos a ajudar fortemente. E quando os filhos (que tantas vezes também têm que ajudar os filhos) não podem ajudar os mais velhos? Não sei como é.

    E as pessoas que têm que entregar a casa? Já se imaginou a aflição? E todos os dias há famílias a entregarem as casas.

    E o que me revolta é que este empobrecimento é para nada porque a dívida está maior, o défice não pode ir ao sítio (com a quebra nas receitas consequência da recessão). E o que me preocupa é que esta gente é tão destituída que persistem na receita. A menos que seja deliberado - e, cada vez mais, me parece que é pois é estupidez a mais para ser uma coisa natural.

    Acho que a única solução é protestarmos mas protestarmos tanto e por todo o lado de forma a que o governo vá ao ar o mais rapidamente possível, a ver se ainda sobra alguma pedra de pé.

    Que gente medíocre, credo!

    Eu que há uns anos achava que ia ter um futuro confortável e que os meus filhos iriam construir uma vida próspera, encaro agora o futuro de todos com muita apreensão. Que revolta isto!

    Quanto ao mar e às praias perto de Sagres (a do Castelejo é uma maravilha!), são ainda muito limpas, muito autênticas, tudo muito natureza não corrompida.

    E por lá é natural ver-se algum nudismo e também se vestem e despem na maior naturalidade. Há muito pouca gente e a distância permite que não haja aquele ar de promiscuidade que me parece haver nas praias de nudismo em que andam todos nus ao pé uns dos outros. Ontem achei graça foi a senhora ir toda vestidinha a passear com ar muito natural mas de rabo (e não só) ao léu. E eu, confesso, também acho tudo isso natural porque aquela paisagem é tão ampla e poderosa que a gente estar a prender-se com uma insignificância como seja a parte de baixo do bikini até parece picuinhice, não é?

    De resto, o que lhe digo é que vamos esperar que este mau bocado passe depressa para ver se voltamos a poder respirar tranquilos, com lugar para os nossos filhos, com a segurança financeira a que temos direito. Ânimo.

    Um abraço, P. Rufino!

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  6. Olá Alice rodeada de Alfazema,

    O Prof César das Neves dá umas aulas fascinantes, o auditório fica encantado, prende os seus ouvintes mas, no meio do que diz e que é certo, aparecem umas coisitas que parecem quase a brincar. Mas, enfim, é um bom professor.

    Espero que o exame lhe corra bem e o conselho que lhe posso dar é que se guie pela sua intuição. A economia é muito a explicação (a posteriori!) do que é óbvio e a gestão é o exercício da ponderação e da intuição. No entanto, claro que são precisas umas bases teórias e alguma prática, para que se possa levar a cabo algumas análises mais fundamentadas.

    Eu não sou uma teórica nem me considero uma entendida. Mas tenho muitos anos de mundo empresarial, sei o que é viver em concorrência, sei onde se pode mexer para que se obtenham resultados.

    Por isso, fico 'passada' quando, em nome dos interesses das empresas, da competitividade e, agora, do emprego, se implementam medidas completamente abstrusas.

    Os bons empresários e os bons gestores sabem que as boas empresas são as que contam, de igual para igual, com os trabalhadores.

    Este governo está do lado não sei de quem pois dos bons empresários e dos bons gestores não é com certeza.

    Boa sorte para dia 18! Já que é no dia 18, arrase: que venha de lá um 18!

    Beijinhos, Alice rodeada de Alfazema!

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  7. Vou me lembrar do seu conselho,obrigada. A escrita do Prof. César Neves até é levezinha... o pior vem depois...Gostei do 18! :))))

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  8. Olá,
    Obrigada por esta grande e extraordinária lição de economia que deu a todos nós, muito precisa e inteligentíssima, e ilustrada por posts muito apropriados e interessantes. Era bom que todos pudessem ter acesso a esta lição para compreenderem o quanto absurdas e "canibais" estão a ser as medidas que nos querem impor, mais uma vez.

    Obrigada também por estas fotos maravilhosas capturadas no meu querido Algarve, a cheirarem a maresia "pura" e o "crepitar da espuma sobre os limos"... e adorei os mexilhões pois chegaram fresquíssimos, toquei-lhes com a mão e a magia fez-se, saíram do monitor ainda molhados, macios e a cheirar a iodo... muito agradecida por não se ter esquecido dos que à distância, seguem com muito interesse os seus comentários belíssimos!
    Um beijinho

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  9. Olá Maria Eduardo,

    Há tanta demagogia nas palavras destes ministros e, por vezes, vejo tanta ligeireza e imprecisão nos comentadores, que me deu vontade escrever uma explicação um pouco mais técnica. É que, provado, provadinho, isto é um sacrifício imposto a milhões de pessoas para benefícios de uma meia dúzia. Mas, mesmo essa meia dúzia, já veio a terreiro dizer que isto não interessa para nada. É que caindo o consumo a maior parte das empresas ainda mais aflitas vão ficar. E nas exportadoras, em que aquilo não é nada de relevante, o que vai fazer é que vão ter mais lucros e portanto vão pagar mais IRC. Claro que ficam com uma tesouraria mais folgada e isso vai agradar aos gestores mas, os gestores que têm um pingo de ética, não vão ficar contentes sabendo que isso é feito à conta do desfalque nos bolsos dos trabalhadores.

    Enfim, adiante.

    Fiquei contente que tivesse gostado de ver as imagens do Algarve.

    Gosto sempre de ir deixando umas palavrinhas para as pessoas que me visitam. Mesmo cansada e com sono, tento sempre dar um arzinho da minha graça pois custa-me pensar que aqui vêm e encontram ainda a conversa da véspera. Ainda agora no Algarve, o meu marido, impaciente, a chamar por mim e eu a passar fotografias para o computador e as mostrar-vos algumas para que vejam que me lembro sempre de vocês.

    Um beijinho, Maria Eduardo!

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  10. Obrigada querida Jeitinho pelo seu esforço em nos dar sempre "um arzinho da sua graça" apesar do adiantado das horas.

    Estou a imaginar os nossos maridos num muro de lamentações e recriminações...

    Confesso, que além de a visitar todos os dias,(ou melhor, à noite) para saber o que pensa deste nosso mundo, a troca de ideias e experiencias é muito agradável.

    Matei saudades do meu Algarve,que este ano não deu para o ver.

    A frescura e o cheirinho dos seus mexilhoes lembrou-me um prato que comi há muito por essas bandas do Barlavento.

    Aquele peixe feio, vermelho mas de carne branquinha, creio que rascasso, assado ao vapor em cima de mexilhões, em assadeira de barro, é uma delicia, sabe a mar.

    Lamento não saber mais detalhes mas a sua veia culinaria e inventiva dar-lhe-á o tal toque. Curiosamente nunca vi este peixe à venda cá em cima.

    Se experimentar depois conte-me. Um Beijinho e até logo, já é 4ª.feira


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  11. Pois é, Pôr do Sol,

    Tenho esta coisa de querer conversar convosco, mostrar-vos por onde ando, mostrar as coisas de que gosto, falar das minhas preocupações ou gostos ou desgostos. Mas às vezes não é fácil. O meu marido diz que isto é um vício. Bem, vício não será, mas é um gosto muito grande, lá isso é.

    Esse peixe não conheço. Talvez seja parecido com o cantaril. Mas deve ficar bem bom, assim, em cima de mexilhões, tenho que experimentar. Com coentros por cima, talvez, não é? Boa ideia.

    Muito obrigada pelas suas palavras sempre tão simpáticas e incentivadoras.

    Um beijinho, Sol Nascente!

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