Há pouco, na SIC Notícias, com o Mário Crespo e Alberto Martins, Ângelo Correia desferiu um ataque mortal ao nosso Álvaro. Até tirou os óculos para melhor se poder atirar à sua jugular.
Em tempos chamado o 'Cabo Angel', agora o padrinho e amigo de Passos Coelho. Hoje desferiu um violento ataque ao Álvaro - e eu ainda nem estou em mim |
Disse ele, com aquele seu ar dramático, que tinha sido um erro de casting inicial, que jamais se poderia ter feito um ministério daquela amplitude e depois entregá-lo a uma criatura sem experiência, sem enquadramento político, que não conhecia a economia real, etc, etc e que ao longo de todo este tempo se tinha assistido a um esvaziamento das competências do ministério, desvalorizando completamente a 'economia' e que, numa altura em que é preciso passar o foco para a economia e para as pessoas não é possível continuar com uma pessoa que nunca vai ser capaz de agarrar a pasta, etc, etc, etc. Tudo isto dito, de forma meticulosa, a frio, pelo Ângelo Correia. Um longo monólogo. Eu nem queria acreditar. É que foi mesmo à jugular do pobrezito. Sangrou-o sem piedade. Alberto Martins (PS, escuso de lembrar) ouvia, provavelmente como eu, perplexo e com compaixão do nosso fofo Ministro da Economia.
Isto num dia em que tudo o que é cão ou gato no governo ou arredores veio em defesa do queriducho Álvaro. Até o gémeo univitelino de Freitas do Amaral, o betinho mor Pedro Reis do AICEP se saíu com uma frase extraordinária de apoio ao ministro 'das natas', tão extraordinária que não consegui fixar, mas que incluía a palavra positividade e não se referia a nenhum fenómeno eléctrico, não, referia-se mesmo ao Álvaro.
Depois de tudo isto, da 'cortina de fumo' que o Alvarito, coitado, já vê por todo o lado, do apoio proto-blasé de Miguel Relvas, esse figurão (às vezes irrita-me, outras diverte-me de tal forma é um figurão de antologia, o verdadeiro malandreco; com aquele arzinho não engana mas a questão é que é excessivo, vê-se que é mesmo um safado de primeira apanha - até estou capaz de me inscrever para aí num partido qualquer, pode ser que, depois de sair do Governo, o Crespo me ponha a debater com ele, ah o que eu gostava disso, gostava mesmo...! ), e agora depois de ouvir o Angel, fico com a certezinha absoluta que o Alvarito já está com um belo par de patins. É agora apenas uma questão de gestão de timing. Mitigar o impacto, dirão os técnicos de imagem.
Agora uma coisa é certa, nada disto é pessoal que o Álvaro deve ser boa pessoa, deslumbrado, desnorteado, sem avaliar o alcance do que (não) faz, sem perceber a quantas anda mas, como pessoa, não deve fazer mal a uma mosca. É que não é por nada mas entregar a pasta da Economia, Transportes, Comunicações, Emprego e mais não sei o quê a um pobre coitado que estava sossegado, a milhas, lá a dar umas aulitas e a 'mandar umas bocas' de vez em quando na blogosfera, não lembrava ao diabo. Lembrou ao Passos Coelho, coisa que não admira - sabemos como são os seus percursos mentais. Foi a mesma coisa que entregar a Agricultura, Pescas, Ambiente, etc, a uma moçoila que também andava a dar aulas, sem nunca ter gerido coisa nenhuma e sem perceber patavina das pastas que foi tutelar. Agora podemos culpá-la de alguma coisa? Só se for de ter aceitado isto como se fosse apenas mais uma coisa gira que lhe aconteceu na vida.
Só num governo como este...
Só num governo como este...
E há mais assim. Custa a acreditar mas é a verdade.
Miguel Relvas, ambicioso e queixo de homem guloso, deve esfregar as mãos de contente. Quanto mais os pobres incautos se afundam, mais ele reina. No entanto, imagino que perante tão grande amadorismo, ele próprio, o verdadeiro artista, também já se interrogue sobre se não será demais. É que assim terão que ser corridos e ainda ele corre o risco de aparecerem outros que não sejam como estes, que se apanham à mão.
E já agora, já que hoje me deu para isto, coisa de que andava deliberadamente afastadas há uns dias, deixem-me que refira aqui um outro parodiante, uma outra figura que vai ficar umbilicalmente ligada ao anedotário passista.
Grande estilo! Carlos Abreu Amorim, o deputado |
Quando vejo Carlos Abreu Amorim subir à tribuna e desatar a teatralizar, soltando figuras de estilo em tom gongórico, todo ele esbracejante e volumoso, tonitruante e cheio de ar, vejo um homem feliz, contente por ser deputado. Do que ele diz nunca se aproveita nada (nunca se aproveitou) mas ele pensa que, quando fala, troveja; nota-se que acha que atinge adversários imaginários. Sinto uma certa compaixão por pessoas assim, que vivem em mundos fantasiados. Só me maça pensar que somos todos nós que lhe andamos a pagar, e apenas para ele ter estes seus pequenos desvarios.
$$$$$ =====$$$$$
Bom. Ou melhor: mau. Mas adiante. Não me vou deitar com sabor a amorim na boca, credo. Vamos lá a fazer uma purificação. Xô, xô.
Até que isto não são só más notícias. Acabo de ouvir que parece que há petróleo entre Sines e Sagres. Esta costa alentejana é mesmo uma riqueza. Um destes dias ainda entramos para a OPEP. Vamos, portanto, a animar!
Até que isto não são só más notícias. Acabo de ouvir que parece que há petróleo entre Sines e Sagres. Esta costa alentejana é mesmo uma riqueza. Um destes dias ainda entramos para a OPEP. Vamos, portanto, a animar!
$$$$$====$$$$$
Que entrem os verdadeiros artistas!
The disquiteing muses - Giorgio de Chirico |
A terceira miséria é esta, a de hoje.
A de quem já não ouve nem pergunta.
A de quem não recorda. E, ao contrário
do orgulhoso Péricles, se torna
num entre os mais, num entre os que se entregam,
nos que vão misturar-se como um líquido
num líquido maior, perdida a forma,
desfeita em pó a estátua.
[in 'A terceira miséria' de Hélia Correia]
.&.
E, continuemos, 'Tocando em frente' com Maria Bethânia - 'cada um compõe a sua história e cada um carrega em si um dom de ser capaz e de ser feliz'. Nem mais.
...........
[No meu Ginjal, em semana de Mahler, hoje temos Rui Caeiro ainda n' O Quarto Azul]
...........
E tenham, meus Caros, uma bela quarta feira. Enjoy.
MELHOR QUE NUNCA!!!
ResponderEliminarEstou aqui a rir-me, que até tenho dificuldade de ler até ao final... é que estou a "trabalhar".
Cara UJM:
ResponderEliminarComo sempre, uma análise real, objetiva, incisiva e fina do nosso enredo político e dos seus figurões.
Quanto a ‘A terceira miséria' de Hélia Correia, sem dúvida uma pérola que vou já comprar.
Leanor pela Verdura
Cara Um jeito Manso.
ResponderEliminarSempre acutilante, vai dizendo tudo com o seu estilo ,único. Até eu já tenho pena do Álvaro. Deveria ter-se demitido e não fazer este frete a Passos Coelho.E a propósito do outro passarão, tenho uma outra coisa para lhe contar. O homem não presta mesmo...
TBM
É PRAMANHÃ...
ResponderEliminarPara todas e cada uma das minhas novas amigas aí vão versos velhos (e meus).
Com o desejo de um dia Feliz.
Ser MULHER também é
DAR
o seio
o ventre
a seiva
e a semente
DAR
a vida
a força
a ternura
o saber
e a verdade
ao fim do dia
esquecer o cansaço
na loucura de um abraço
e
SOBRAR...
sobrar mulher inteira em liberdade
Olá Rosita,
ResponderEliminarA realidade às vezes é cómica. O pior é que esta realidade causa muito sofrimento a muita gente.
Neste caso o País precisa urgentemente de relançar a economia porque senão o desemprego não pára de subir e isso assusta. E, em vez de tratarem disto, os ministros andam a ver quem é que, afinal, se ocupa da economia...
Mas, enfim, é o que temos. Esperemos é que não piore mais.
Um abraço, Rosita.
Olá Leonor pela Verdura,
ResponderEliminarObrigada pelas palavras. Tenho tentado manter-me um bocado à margem destas coisas que isto é tão mauzinho e sempre tão mauzinho que cansa falar sempre do mesmo.
Mas isto que se passa com o ministro da Economia, que não consegue agarrar as matérias à sua responsabilidade, e com a economia a degradar-se assustadoramente, é muito preocupante. Andam para ali a retirar-lhe bocados mas, para isso, têm que perder tempo a formar comissões, e são estruturas paralelas e o que era preciso era que os problemas fossem agarrados e resolvidos.
Quanto ao livro da Hélia Correia, é um bálsamo. A poesia é um bálsamo. Valham-nos a arte e as coisas belas desta vida.
Um abraço, Leonor pela Verdura.
Oh, Era uma Vez, que boa surpresa!
ResponderEliminarRegressou e regressou cheia de graça e de garra.
Gostei. Assim é que é: chegar e cantar a graça de ser mulher.
Tal como referi na resposta acima, a poesia é sempre um bálsamo. Que bom ler palavras assim.
Que vivam as mulheres livres!
Obrigada Era uma Vez!
Olá TBM,
ResponderEliminarQuanto maior a crise, mais experiente e forte deveria ser o governo. Num momento destes, entregar a Economia e Emprego e Obras Públicas e mais uma porção de coisas a um professor sem experiência política ou de gestão é, de facto, um tremendo erro. Que o Álvaro tenha aceitado o desafio até se compreende. O que não se percebe é que tenha sido convidado.
Não é ele, pessoa, que está em causa. O que está é o seu perfil e as suas competências e aí deve ser o País que deverá estar em primeiro lugar. Tomara que isso seja percebido antes de muito mais empresas falirem.
Quanto ao outro, ao omnipresente, é, de facto, a grande figura do governo, ou seja, é o grande figurão. E continua a ser capaz de nos surpreender... como é que tem tempo para tudo o que faz e que não é pouco...?
Um beijinho, TBM.