No outro dia já vos falei de Sylvia Nasar e de Alfred Marshall. Contei-vos que li uma entrevista na qual ela fala do seu novo livro que resulta da investigação que fez sobre o papel dos economistas na história económica dos países.
Uma coisa que ela descobriu e que a surpreendeu - e a mim também - tem a ver com Karl Marx. Trancrevo livremente, traduzindo enquanto leio.
"Ao contrário de Marshall, Marx nunca tinha visitado uma fábrica quando escreveu O Capital.
De facto, em toda a sua vida apenas visitou uma fábrica: uma pequena fábrica de porcelana quando esteve numas termas na Checoslováquia.
Apesar da sua reputação de ser um grande cronista da Revolução Industrial e dos seus malefícios, ele era mais como aqueles que, hoje, são essencialmente compiladores (ou agregadores) de notícias da web.
A pior coisa de Marx é que ele começou com uma resposta e depois montou uma série de factos que suportavam a sua teoria.
Ele era, de facto uma pessoa afastada da realidade. Vivia em Londres que era o centro do mundo económico e intelectual, pertíssimo dos maiores génios que viviam nessa altura – George Elliot, John Stuart Mill, Charles Dickens – todos obcecados com assuntos económicos e que conversavam e debatiam entre si. No entanto ele nunca se relacionou com eles.
Ele já tinha decidido que o capitalismo estava podre, estava condenado. E o mais surpreedente é que tinha concluído isso a partir do Livro da Revelação.
Marx obteve todos os seus conhecimentos de economia, e o esqueleto da sua narrativa, a partir de Friedrich Engels que foi seu co-autor, seu benfeitor financeiro, e anjo da guarda para todo o serviço, incluindo perfilhando em vez dele um filho ilegítimo. Engels conhecia a Bíblia de trás para a frente e o Livro da Revelação era o seu favorito. E aí estava tudo: o mundo separando-se em dois grandes exércitos, o conflito fundamental, etc. Foi possível seguir esse fio através da correspondência que trocaram e da sua escrita.
Na altura em que viveram, Alfred Marshal (1842-1924), economista, e Karl Marx (1818- 1883), filósofo, Marshall era muito reputado e Karl Marx muito pouco conhecido."
Curioso, não é?
PS: E, sobre as teorias marxistas, desça um pouco, siga para sul onde se fala de Cuba e dos carrinhos que o meu filho me trouxe de lá.
Porque é que liga a Cuba leninista a Marx?
ResponderEliminarPirata (Vermelho...),
ResponderEliminarNão fui tão longe da minha escrita.
Limitei-me a um voo ligeiro sobre conceitos abrangentes. Se o regime vigente em Cuba assenta em princípios leninistas, marxistas, ou se é apenas uma utopia deslocada no tempo e no espaço, seria pano para muitas mangas.