segunda-feira, outubro 28, 2024

O tempo dos cogumelos

 











Hesitei ao dar o título a este post. Pensei em escrever 'o tempo da magia'. Para mim, o que se passa é mágico. Até há pouco tempo a terra estava seca. Agora, com as chuvas, todos os dias dela irrompem estes pequenos seres. 

Já ontem aqui falei neles. Aliás, todos os anos, por estas alturas, falo deles. Fascinam-me. Nascem já feitos. Vêem-se a levantar a terra e as folhas secas que têm em cima. Se são grandes, nascem logo grandes. E, apesar de virem de dentro da terra molhada, vêm limpos. Os brancos, por exemplo, vêm imaculados. Dá ideia que depois sacodem os grãos de terra pois aparecem polvilhados mas depois ficam limpinhos.


E, com o auxílio da Lens do Google, já vi que tenho cá uns lindos branquinhos que são super-venenosos, nomeadamente os que aqui mostro. Vamos ter que arrancá-los pois embora o nosso cão nunca tenha mostrado interesse por cogumelos, não fico descansada enquanto eles ali estiverem.

Alguns, no dia ou dias seguintes, aparecem com bocados a menos, presumo que haja quem ande por ali a banquetear-se.




A propósito, há bocado fiz iscas para o jantar. Quando ia cozinhar, resolvi ir apanhar umas folhinhas de louro e um pé de alecrim. Mas, com a mudança da hora, já era de noite. Liguei a lanterna do telemóvel e lá fui. Pois bem, digo-vos: fez-me um bocado de impressão. Ao pé de mim, ouvi correr. Não sei se era gato, coelho ou outro bicho mas nitidamente ouvi uns pezinhos a correrem ao meu lado. Depois uns barulhinhos não identificados. Voltei rapidamente enquanto pensava que para a próxima tenho que me abastecer durante o dia. Nem tão cedo me apanham em incursões nocturnas...

Mas não é só da terra que irrompem os cogumelos. Até das nesguinhas de musgo que se formam de  pequenas brechas nos caminhos de pedra eles nascem. Uma coisa extraordinária (mágica, não é?)

Depois, ou porque são comidos ou porque secam, ao fim de poucos dias desaparecem. Nem fica rasto deles.

Fiz não sei quantas fotografias. Encanto-me.

E, ao fim do dia, com o sol dourado por entre as árvores, foi aquela paz que me invade e que me deixa feliz e agradecida.


E portanto, para resumir, o que posso dizer é que por aqui ando, tranquila, descansada e bem disposta, um misto de estar de férias, de ser turista e de ser uma criança à descoberta de tudo.

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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira.

Saúde. Boa disposição. Paz.

5 comentários:

  1. A magia da vida desabando gloriosamente. E como faz pena e doi tantos nem sequer darem por ela.
    LS

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    1. Não sei se desabando, se irrompendo... É que desabar faz-me pensar em cair enquanto irromper me soa a nascer...

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  2. Bom dia. Conheço de perto todos os anos, intoxicação grave, algumas irreversíveis, pelo consumo de cogumelos " selvagens", por supostos especialistas. Até que um dia, não correu bem a diferenciação, sabe-se lá porquê ? DESCULPE, mas é deformação profissional, mas também e sobretudo, preocupação. É que aprecio muito o seu blog, e implicitamente claro a sua autora.

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    1. Ah, não os comemos. Sou medrosa demais para arriscar. E não acho que sejamos conhecedores. Ainda hoje bem cedo o meu marido andou a apanhá-los com receio de que o cão lhes desse alguma trincadela. Apanhou baldes e baldes e baldes deles. Provavelmente a maioria são comestíveis mas não arriscamos. De qualquer forma, obrigada pelo seu cuidado. E obrigada pela companhia aí desse lado.

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  3. Do seu ponto de vista, olhando para a realidade material, tem toda a razão nessa semântica. Porém eu tendo a percepcionar o imaterial, o metafísico, o poético.
    LS

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