segunda-feira, fevereiro 06, 2012

António José Seguro e a Troika ou a irrelevância do ser; Vasco Graça Moura e o Acordo Ortográfico no CCB ou a irrelevância do assunto; António Borges mais um golden boy pela mão de Passos Coelho ou a defesa dos interesses; e June Tabor, e Annie Leibovitz e Ángel Mendonza para dar alguma graça a isto


1. António José Seguro falou e disse uma banalidade e isso é primeira notícia em todos os noticiários.

Um homem vulgar, com aspecto vulgar, que diz coisas vulgares - alguém me explica porque é que alguém, na plena posse do seu juízo, faz uma notícia sobre isto?

Diz ele que não concorda com algumas coisas do acordo da troika mas que o vai cumprir.

Tudo de uma irrelevância desconsolada. Quem é que quer saber a opinião dele? E como é que ele, em concreto, poderia não cumprir? 

O PS com este homem à frente não é nada. Numa altura em que seria premente que houvesse oposição de jeito, o que se tem? Este Tozé que tem cara de sobrinho de tias velhas e beatas, ou seja, nada.


2. Toda a santa semana passada se falou da atitude de Vasco Graça Moura relativamente ao acordo ortográfico. Falta de assunto, na mesma.

Sou leiga na matéria e, se opino, é na mera qualidade de utente da língua. A mim, tudo isto do Acordo Ortográfico parece-me coisa de gente desocupada. A mim, parecer-me-ia lógico a língua ir adquirindo novas palavras e que as novas se fossem ajeitando ao lado das antigas. Não me parece lógico que se estabeleça por decreto que a grafia passe a ser uniforme nos vários países, uma vez que nos diferentes países de língua portuguesa existem sotaques que dão leitura diferente às palavras. Uma vez que os sotaques não vão ser uniformizados, parece-me absurdo uniformizar a forma de escrever. Por mim, enquanto puder e enquanto não me sentir excêntrica, continuarei a escrever como sempre o fiz.

Quanto à atitude de Vasco Graça Moura, é-me indiferente, desde que não se gaste mais dinheiro por causa disso. 

Aliás, é-me também indiferente que Vasco Graça Moura esteja no CCB ou noutro sítio qualquer. Sempre que o PSD está no poder, vão buscá-lo para qualquer coisa. Mas acho que ele é competente, ao menos não nos deve envergonhar - e, nos tempos que correm, termos à frente do que quer que seja alguém que não nos envergonhe já é uma boa coisa.


3. António Borges foi repescado por Passos Coelho, vai supervisionar as privatizações que restam. Vai garantir que não fica pedra sobre pedra, que todos os interesses alheios sejam acautelados. Mas já não havia batalhões de gentinha a fazer isso? Era preciso ir gastar mais dinheiro, e não deve ser pouco, indo buscá-lo? Não há ministros, secretários de estado, directores gerais, adjuntos, assessores e o que mais por lá haverá para acompanhar isto? É necessário mais um golden boy? Santa paciência.


4. Em resumo, só tretas. Vê-se a televisão, lê-se os jornais e parece que não há uma ideia fresca, uma pessoa com palavras novas, nada. Só gente baça e velha a repetir cinzentices, só gente a papaguear-se mutuamente. 


5. Estou a ficar farta de tanta coisa pouca. Só espero é que, quando eu desfalecer de tédio, alguém esteja por perto para me amparar. Assim, se faz favor, tem que ser assim como abaixo se mostra, em grande estilo.

Kate Moss para a Vogue, por Annie Leibovitz


6. E que se chegue à frente a Senhora Dona June Tabor que por aqui tem poiso certo pois é invulgar (e eu abomino vulgaridades, banalidades, maldades mesmo que com sorrisinho ao canto da boca a fingir de moralidades - aqui só entra gente boa, diferente, especial, pode até ser gente doida que de doidos pacíficos eu gosto).

June Tabor & Oysterband perform Joy Division's 'Love Will Tear Us Apart' 


7. E, já agora, outro pedido: que, quando eu estiver linda, charmosa, sedutora, haja também por perto alguém que me fotografe e filme, para eu poder provar aos que pensam que eu sou uma chata - que passo a vida a maçar toda a gente com Passos Coelho, Relvas e Tozés, crises e troikas e mercados  e outras coisas do género - que, enfim... , tenho dias.

Carry e Mr. Big por Annie Leibovitz (who else?)

                                      Tão impossível a noite que não vinha contigo
                                      nem chegava por ti. Tão impossível,
                                      e tão lentos
                                      os seus dedos de faca arreganhando as minhas costas,
                                      destroçando as minhas costas,
                                      que não soube mais noite para além da luz dos teus dedos.

                                      [Noite de Ángel Mendonza in  criatura)


8. Vi-me aflita para aqui chegar até aqui, com a internet sempre a cair, um desespero. Mas, enfim, cheguei. Espero que o resto da semana não seja esta pastelice. 

E que, para vocês, meus Caros, a semana seja boa apesar de todas as circunstâncias. Divirtam-se!
  

10 comentários:

  1. Ó Tazinha,
    Mas afinal que ideias são essas de querer ser amparada, fotografada, filmada, tudo em grande estilo?
    Esteja "sogadinha" e não se meta em trabalhos que podem fazer com que nunca mais tenha paz com os "paparazzis".
    Beijos e abraços

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  2. a j s só diz banalidades, não tem estrutura para lider da oposição nem da posição, é a minha opinião.
    V G M confune posiçao/opinião pessoal com deveres oficiais, mas que importa?
    Quando queremos ser fotografados isso pode significar várias coisas, a começar porque temos boa autoconfiança.É bom sinal.

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  3. Jeito manso (o que gosto deste nome!)

    Vinda do acidente, eis-me aqui chegada,

    para dizer que:
    esgotei as reservas de paciência que tinha para aturar/aguentar todos estes "ilustres";
    não ouço, não leio, não vejo noticiários e quejandos;
    me recuso terminantemente a aturar gente cinzenta, sem graça, sem jeito, sem nada.
    Mas nada, de nada!
    Gente obtusa, gente que não vê o óbvio, gente que pensa em tudo menos no essencial, gente que...

    "Desfalecer de tédio em grande estilo"? Ora aí está uma belíssima ideia!

    Os convidados deste post? Comentários para quê?!

    E vou aceitar o convite(?), e vou sentar-me aqui a seu lado, já noite dentro, e vou aceitar um chá (bem quentinho, por favor!), e vamos conversar sobre coisas interessantes, e vamos ouvir música, muita, e vamos esquecer tudo isto.

    A imaginação ainda é um dom!

    Abraço.

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  4. Olá Teté,

    De vez em quando dá-me para isto... E quem diz que estou a pensar em paparazzis? Não, nada disso que eles tiram fotografias à pressa, de qualquer ângulo... O que eu queria era um fotógrafo privado, para evitar os ângulos piores, para valorizar o melhor lado... Não sou como a menina que tem uma carinha toda gira e que deve ser assim gira de qualquer ângulo...

    E se a gente não se divertir com ideias malucas, com o que havemos de nos distrair, não é...?

    Um beijinho, Teté!

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  5. Olá, Caro Patrício Branco!

    Ah, pois é, eu gostava de poder 'puxar' pelo PS, de poder ter um contraponto positivo a esta política do Passos&Relvas&Gaspar, mas como...?

    O homem fala, fala e chega ao fim e eu não fixei nada do que ele diz... Só diz coisas que são como bolas de sabão: rebentam e não fica nada, que aflição.

    O Vasco Graça Moura é um fulano com um olho no meio de gente sem olhos nenhuns. Gosto dele nalgumas das suas vertentes criativas, e tem uma casa gira e, sobretudo, muiiiitos livros e, só por isso, já não me choca que ele fique com um lugar qualquer. De resto, tudo isto é espuma. Vamos lá mas é ver o que é que ele vai fazer daqui para a frente.

    Não me importo de ser fotografada, não senhor, mas também não adoro, acho sempre que a fotografia não me faz justiça. Fica uma coisa estática, parece que não sou bem eu. Mas não sou muito fotografada porque a fotógrafa da família sou eu...

    Quanto à autoconfiança, tem razão. Tenho-a. Seria mais simpático, talvez, dizer que sou insegura, inibida, etc, mas, por acaso, não sou. Tenho confiança em mim própria. Avanço e só depois vejo como vai ser - porque sei que alguma coisa me há-de ocorrer quando for preciso. Eu acho que é bom ser assim: não me preocupo antes, geralmente nem durante e, quando acaba, já estou noutra...

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  6. Caríssima Teresa Santos,

    E vamos mesmo beber um belo chazinho quente...!

    No outro dia bebi um óptimo, um Rooibos, vermelho (acho que é um poderoso antioxidante) e com uma folha de hortelã, ficava mesmo bom. E sentamo-nos aqui a conversar (e comento aqui o seu comentário sobre a organização dos livros) sobre um tema que adoro. Livros. Como indexá-los? Como lidar com os que não lemos e que devem ser arrumados mas que, ao sê-lo, parece que são devorados e nunca mais nos lembramos deles? E que categorias?

    E, enquanto falamos e bebemos o nosso chá, vamos ouvindo umas belas músicas, que música é fundamental, mas não invasiva.

    Então não é melhor falar de coisas assim do que destes chatos que nem falar sabem...? Ainda há bocado vinha para casa a ouvir falar o Passos Coelho e diz com cada uma...(quer na forma, quer no conteúdo)

    Em suma: muito obrigada!

    PS: Quando eu desfalecer em grande estilo, arranjo maneira de ter aqui mais uns convidados para que, se a Teresa também lhe apetecer desfalecer assim, toda hollywood, ter aqui uns cavalheiros 'à maneira' para a ampararem, está bem...?

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  7. Se alguem um dia me dissesse que entre o ultimo livro comprado e um blogue interessante eu me decidiria por este ultimo, chamar-lhe-ia louco.

    Sempre vi nos livros aquilo que me ensinaram um dia, já distante:" é um amigo com quem podes contar sempre.Acompanha-te se estás só.Diverte-te, ensina--te, viajas com ele, estima-o como se de um amigo se trate".

    Mudam-se os tempos....hoje encontro tudo aquilo aqui e em mais um ou outro blogue(não muitos).

    Estou de acordo consigo no restante mas, quanto a Vasco Graça Moura e as suas atitudes sobre o Acordo Ortografico, dou-lhe os parabens pela coragem.

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  8. Pôr do Sol,

    Acabei de escrever o meu texto de hoje e eis senão quando, antes de desligar o computador porque, como de costume já passa da 1 da manhã, dou com o seu comentário tão simpático, tão incentivador. Não sabe como me toca ler palavras de apreço assim, tão amigas. Só posso agradecer e esforçar-me por continuar a merecer o carinho de quem me lê.

    Quanto ao Vasco Graça Moura, claro que concordo que ele teve coragem mas por quanto tempo a terá? Nomeado por um Governo que nem sabe bem o que é a Cultura, não tenho grandes esperanças. Mas, enfim, antes isso que coisa nenhuma e todos os males fossem nomeações como a dele.

    De resto, uma indigência terrível - e o pior é a indigência para que muitas famílias estão a ser atiradas.

    Mas, enfim, por hoje já chega de carpir (a ver se durmo bem... que daqui a nada já tenho que estar a pé...).

    Muito obrigada, uma vez mais.

    Um abraço.

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  9. vasco gaça moura é um bom poeta e um incansavel tradutor.
    quanto ao (não) acordo no ccb tanto pode ser coerencia, como rebeldia e desafio institucional de quem tem consciencia da sua força ou solidez politica.
    Aliás já é habito haver cuidadas excepções às medidas que se decretam, de austeridade ou outras

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  10. Caro Patrício,

    É bem verdade, ele é escritor, bom poeta, organizador de uma cuidada antologia poética, exímio e incansável tradutor.

    Por isso referi que não quero falar da troca do Mega por ele, até porque não nos vai envergonhar. E isto do AO no CCB é um gesto. Coloca-se um pouco à margem da lei mas acho que já ninguém leva este governo muito a sério.

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