terça-feira, novembro 12, 2024

A pesada máquina administrativa que tritura qualquer um.
[Hoje, o que me valeu foi mesmo a jardinagem e o corte de cabelo]

 

Continuo a navegar na maionese no que a processos administrativos diz respeito. Não consigo endireitar as coisas apesar de na Conservatória me dizerem que está tudo bem, que as Finanças é que têm que corrigir. Nas Finanças dizem que o sistema é automático e não podem fazer nada, tenho é que ir à Conservatória. Ando em loop.  Em todo o lado reconhecem que está tudo bem e que tenho razão mas há ali um pormenor no qual o sistema empanca. Refiro-me ainda à casa que era dos meus pais. Os próprios dos serviços das Finanças aconselharam-me a fazer, no Portal, uma impugnação administrativa. Recebi depois uma carta registada a dizer que a impugnação administrativa não se aplica naquele caso. Informaram-me, então, que devia era fazer uma coisa que se chama Recurso Hierárquico. Assim fiz. Como nunca mais me diziam nada, fui verificar ao Portal e, se bem percebo, arquivaram o processo por 'desistência'. Não consigo perceber.

Entretanto, nas Finanças aparece como morada uma Estrada e um número que não tem nada a ver com a morada correcta. É a que era nos idos do século passado, quando não havia ainda os nomes das ruas actuais. E quando digo actuais digo desde que eu era pequena. Provavelmente é a morada de quando a casa foi construída. Perguntei se não podiam alterar. Não podem. Tenho que lhes enviar um documento da Câmara.

Fiz uma exposição à Câmara, mandando documentação e pedindo que atestem que a morada não é a de décadas. mandaram-me um mail com uma carrada de documentos que tenho que lhes enviar. E ao mesmo tempo que enviar tenho que pagar uma taxa para o processo dar entrada. E depois terei que pagar outra taxa para levantar a dita declaração de morada. Só que, de entre os documentos que tenho que enviar, incluem-se documentos que tenho que obter na Conservatória. Mas, para os obter, e posso obtê-los online, tenho que pagar antes. Isto sem ter a certeza de que estou a pedir bem ou que é mesmo aquilo. Ou seja, não tenho como ver antes para me certificar. É que não entendo bem aquelas siglas nem tenho a certeza do significado de alguns conceitos. E acredito que ao mandar esse documento vá levantar outra lebre pois a casa ainda está em nome dos meus pais. Portanto, a seguir devem pedir-me a habilitação de herdeiros. E a ver se depois não tenho que ir certificá-la não sei onde.

Desespero. Perco tempo, gasto dinheiro. E não saio do mesmo sítio.

Quando se fala numa máquina administrativa pesada, complicada, que atrapalha a vida dos cidadãos, é isto. 

O que me valeu foi que ao fim da tarde fui cortar o cabelo. Já não ia à cabeleireira há séculos. De tal forma que quando lá apareceu um rapaz com uns dois metros de altura nem reconheci que era o filho dela pois a última vez que o tinha visto era um jovem a entrar na adolescência. Corto sempre o cabelo em casa. Ultimamente tinha uma técnica fantástica: fazia um rabo de cavalo no alto da cabeça e cortava. Quando tirava o elástico, estava escadeado que era um mimo. Só que, na prática, já estava uma acumulação de cortes, cada um seguindo sua técnica. Portanto, resolvi que estava na altura de me pôr nas mãos dela. E foi radical. No fim, tal a tosquia, o chão tinha material que dava para encher uma almofada.

Também fomos comprar um vaso de cerâmica vidrada. E uma planta. E uma taça e umas suculentas. Depois estive nas jardinagens, mãos na terra. E isso é das coisas boas desta vida. Quando ando num viveiro e vejo as pessoas que lá trabalham, invejo-as: deve ser uma profissão muito feliz. 

E por agora fico-me por aqui pois estou um bocado cansada. De manhã, estava a dormir, uma chamada. Depois já não voltei a adormecer. Por isso, em cima de tudo, tenho uma ou duas horas de sono a menos.

Um dia feliz, para vocês.

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