Quando é que foi mais feliz?
- Quando nasceram os meus filhos e, talvez ainda mais, quando nasceram os meus netos.
Qual é o seu maior medo?
- Que aconteça alguma coisa de mal a algum dos meus filhos ou netos ou ao meu marido (ou a mim)
Qual a pessoa viva que mais admira e porquê?
- Qualquer cientista (motivado e, de preferência ousado e persistente). Também admiro as pessoas que amam a liberdade e a democracia e que, mesmo sob ameaça, continuam a defender aquilo em que acreditam e que conseguem transformar as suas convicções em palavras e actos. Todas as pessoas que arriscam a vida em busca de uma vida melhor, mesmo arriscando a vida, nomeadamente as que vêm em barcos frágeis, apinhados, em busca de um sonho, tantas vezes improvável. Todas as pessoas que vivem em contexto de guerra e que, mesmo assim, continuam a fazer uma vida normal, conservando a capacidade de sorrir. Todas as pessoas que atravessam períodos em que a vida ameaça fugir-lhes, como as que recebem a notícia de cancro ou de doenças degenerativas, e arranjam energia para enfrentar os tratamentos e para continuar a acreditar na recuperação. Mais ainda se isto se passar com os filhos. Também admiro muitas as pessoas que trabalham muitas horas ou em condições difíceis, em particular as mulheres com filhos, que têm que se levantar muito cedo e deixar os filhos por vezes sabe-se lá com quem e andar em vários transportes públicos, e que chegam tarde a casa, cansadas, muitas vezes num país que não é o seu, com hábitos que não são os seus. Os imigrantes. Enfim. Admiro muitas pessoas.
Qual a sua característica de que menos gosta?
- Não ter apetência pela prática de desporto (ou exercício físico a sério). E não ter boa voz.
Qual o seu momento mais embaraçoso?
- Quando, num dia de verão, em que tinha uma saia branca, de tecido fino, e, depois de ter estado horas numa reunião, quando me levantei, ir um colega atrás de mim, ruborizado, dizendo-me que tinha uma coisa um bocado íntima para me dizer e, a custo, muito aflito, dizer-me que eu tinha a saia manchada. E eu, ao espreitar, ver uma mancha enorme, enorme, de sangue. Escusado será dizer que nunca mais usei saia ou calças brancas quando estava ou temia vir a estar com o período.
Não incluindo a casa, qual a coisa mais valiosa que comprou?
- Os meus livros
Qual o seu pertence mais apreciado?
- Talvez mesmo os meus livros
Qual a sua principal conquista?
- Ter conseguido ter uma vida profissional motivante e bem sucedida sem nunca ter sacrificado a minha disponibilidade para a família, em especial para os meus filhos
Descreva-se em três palavras
- Normal, tranquila, bem disposta
De que gosta menos na sua aparência?
- Nada em particular, não ligo muito a isso pois sou como sou e não equaciono modificar-me. Portanto, o que não tem remédio, remediado está.
Quem é que gostaria que interpretasse o seu papel num filme sobre a sua vida?
- A nível internacional, Cate Blanchett. A nível nacional, talvez a Margarida Vila-Nova.
Qual o seu hábito mais desagradável?
- Deitar-me, todos os dias, tarde de mais.
O que a assusta na velhice?
- Poder vir a sofrer de limitações severas ou ver o tempo a esgotar-se numa altura em que ainda me apeteça muito viver
O que queria ser quando crescesse?
- Comecei por desejar ser cabeleireira. Mais crescida, queria trabalhar numa empresa, ou melhor, em ambiente empresarial. Uma ideia um bocado vaga. Mas era isso.
Escolheria fama ou anonimato?
- Anonimato, claro.
Qual a última mentira que disse?
- Disse a uma pessoa que achei que estava velha e acabada que estava muito bem
Qual o seu prazer mais culpado?
- Ver a telenovela A Promessa (não vejo uma única telenovela portuguesa desde que me lembre pois, se calha passar por lá de raspão, acho uma chachada que não se aguenta, não as suporto nem um minuto; e, no entanto, gosto de ver A Promessa)
A quem gostaria de pedir desculpa e porquê?
- Às pessoas que gostavam muito de mim e a quem, por falta de tempo ou falta de capacidade para manter o contacto com muitas pessoas, acabei por deixar para trás, sabendo eu que as pessoas ficaram sentidas e com saudades.
O quê ou quem é o amor da sua vida?
- Os meus filhos e os meus netos e, claro, quem esteve, comigo, na origem de tudo, o meu marido.
A que é que sabe o amor?
- A felicidade, a tranquilidade, a harmonia, à razão primeira e última para tudo.
Já alguma vez disse 'amo-te' sem o sentir?
- Não tenho por hábito dizer 'amo-te'. Não me soa bem, são sons mudos demais. Prefiro dizer 'gosto de ti'. Sempre que o digo é sentido. Mas também não sou muito de andar a verbalizar, sou mais de demonstrar.
Com que frequência pratica sexo?
- Apesar de não querer ser maria-vai-com-as-outras em relação à Marina Abramović, respondo como ela: frequentemente
Quando é que esteve mais perto da morte?
- Quando o meu carro, numa descida acentuada a caminho de uma rotunda movimentada, ficou sem travões e percebi que ia, inevitavelmente, ter um acidente que poderia ser muito grave, e que, por isso, poderia estar a viver os meus últimos segundos de vida. O carro ficou de tal forma que o seguro declarou a sua perda total. Eu, felizmente, não sei como mas escapei incólume.
O que melhoraria a sua qualidade de vida?
- Ter uma piscina onde fazer ginástica em suspensão do outro lado da rua. Haver, também, um supermercado na minha rua, para não ter que ir de carro de cada vez que tenho que comprar qualquer banalidade para casa
O que preferia ter mais: sexo, dinheiro ou fama?
- Sexo e dinheiro acho que tenho que chegue e fama não quero. Mas agora que penso nisso... talvez gostasse de ser uma escritora conhecida, com qualidade reconhecida. Talvez a isso se chame fama.
O que acontece quando morremos?
- Descansamos de forma radical. Desaparecemos.
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- As questões a que respondi são as da entrevista feita por Rosanna Greenstreet a Marina Abramović.
Marina Abramović Fotografia de Linda Nylind/The Guardian |
Marina Abramović: ‘Describe myself? Long hair, big nose, large ass’ de Rosanna Greenstreet
- A fotografia do hibisco foi feita hoje no meu jardim
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Desejo-vos um belo dia de domingo
Portanto autêntica e inteira como julgo conhecê-la.
ResponderEliminarLS
Olá LS. Entendo como um elogio pois, na realidade, é mesmo assim que gostava de ser vista. Muito obrigada.
EliminarOlá UJM.
ResponderEliminarRespostas assertivas, de uma pessoa inequivocamente humanista, objetiva e inteligente, respostas que quadram com a "imagem virtual" que tenho de si. Mas...
A sua resposta à questão - P-O que preferia ter mais: sexo, dinheiro ou fama?
R-Sexo e dinheiro acho que tenho que chegue e fama não quero. Mas agora que penso nisso... talvez gostasse de ser uma escritora conhecida, com qualidade reconhecida. Talvez a isso se chame fama.
Recordou-me que existe, na suas tarefas literárias, um hiato por colmatar, que é o do livro que estava a escrever e que me aguçou o apetite de o ler mas do qual nunca mais falou. Espero que não tenha desistido porque tem veia para a escrita (o seu marido também, é mais incisivo e truculento mas também escreve muito bem - mas é o SEU livro que aguardo).
Abraço e faça por continuar bem.
Olá Corvo.
EliminarObrigada pelas palavras simpáticas, em especial as relativas ao meu marido. Ele é mesmo como diz, incisivo e truculento...
Quanto ao livro... aí a coisa fia mais fino.
Escrever eu já escrevi... Aliás até mais que um. O problema não está aí. O problema está em descobrir uma editora que queira publicá-lo(s). Nem respondem aos mails...
Podia avançar para a autopublicação ou para aquelas editoras em que publicam tudo o que se lhes manda pois o investimento, na prática, é nosso. Só que há tanta porcaria publicada que não me apetece nada enveredar por esses territórios que me parecem um bocado poluídos...
Por isso, resta-me esperar que um dia o milagre se dê...
Mas obrigada pelo incentivo.
Um abraço.
Sobre a Editora, já tentou a IN-FINITA?
ResponderEliminarConheço uma poetiza que trabalha com eles e está satisfeita.
Link abaixo
https://www.facebook.com/infinitaportugal/?locale=pt_PT
Não conheço, vou explorar. Obrigada pela dica!
EliminarThis was such a helpful read . I would definitely share it on Google Plus. Thank you
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