Já aqui o confessei: nunca li nenhum livro de Stephen King. Basta serem best sellers para eu dar um salto atrás. Reconheço: tenho os meus preconceitos. Depois, o género terror ou fantástico envolvendo fenómenos paranormais também não me atrai e tenho ideia que os livros dele são assim. Se calhar, estou a ser influenciada pelas capas. Acho que nem nunca folheei algum, No entanto, algum mérito deve ter para se vender como vende e para ter várias obras adaptadas a cinema.
Quando aqui falei nisso, o Leitor Moraisalex comentou e deixou-me curiosa.
Por isso, quando a Rosário Pedreira recomendou o livro Escrever, memórias de um ofício, achei que seria um bom livro para começar.
E se já aqui referi que estava a lê-lo de forma corrida na parte autobiográfica, agora é mesmo com prazer que leio a parte da escrita (recomendações práticas, o seu exemplo, como transforma vivências reais em enredos, etc).
Na componente biográfica tinha sido muito evidente a sua fantástica franqueza. Sem lamechice, sem moralismo, sem autopiedade, de forma muito linear e pragmática falou das dificuldades por que passou, falou do seu alcoolismo e da sua dependência de drogas e da forma como saiu de qualquer das provações. E agora na parte da escrita é puro gozo. E falo em gozo pois para ele escrever é um prazer, um divertimento, uma alegria. Não há dramatismo, não há angústia. Não há ortodoxia, não há arrogância. Há trabalho, persistência, humildade e há prazer.
A forma como fala da gramática seria muito bem acolhida pelos meus netos que se queixam do que lhes ensinam como se fosse matéria destituída de interesse. Aposto que aulas dadas por alguém que tenha uma abordagem como a dele, com exemplos comparativos, seria pura diversão da qual dificilmente se esqueceriam.
A par do que vai falando de gramática, do vocabulário e daquilo a que se poderá chamar a arte ou a inteligência criativa, Stephen King vai exemplificando com parágrafos ou pequenos excertos de escritores que todos conhecemos, desde os clássicos aos actuais, desde os consensuais ou mais marginais.
À medida que vou lendo vou assinalando as páginas em que há passagens que me parecem relevantes. Tinha até pensado transcrever algumas delas. Mas são muitas. Tenho preguiça... Se puderem comprem o livro pois vale bem a pena.
Por isso, vou antes partilhar dois vídeos em que dá para apreciar o seu estilo.
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