Muito frio a partir do meio da tarde, em especial quando a aragem nos fustigou. Choveu mas muito menos do que se anunciava. À noite, frio mas, como não havia vento, talvez mais suportável.
Mas isso é pormenor. A cidade é o que se sabe: muito bonita.
Quando lhe dá o sol mostra-se quase dourada. A pedra é macia e tem aquele tom suave do ocre tingido de patine.
O que agora me surpreende, e não tem nada a ver com as vezes anteriores em que aqui tínhamos estado, é a quantidade de portugueses. O hotel está cheio deles. Nas ruas, a todo a hora se ouve falar português. Onde anda a crise que a ex-oposição mais os seus arregimentados comentadores e jornalistas apregoavam?
Em Lisboa, quer ir-se a um restaurante, só reservando. Os concertos, esgotam quase instantaneamente. As agências de turismo dizem que nunca venderam tantas viagens como agora. Os hotéis estão cheios. E chego aqui e há portugueses por todo o lado.
Das duas uma: ou a malta que hoje é governo mais os que os apoiam ou fingem que apoiam está toda redondamente enganada, e isso é chato, ou são os números oficiais que mostram uma coisa e a realidade é outra, o que não é menos chato. Cá para mim é um misto pois não tenho dúvidas que a economia paralela faz parecer o que não é e só quem não pode fugir ao fisco é que não foge, fazendo girar muito dinheiro não declarado.
Já agora, outra coisa. Não tem a ver com economia paralela mas com fisco. Tenho aqui defendido amplamente que o IRS deve baixar, mas isso ao mesmo tempo que deve haver uma verdadeira caça à economia paralela. Hoje muita gente não paga IRS pois recebe oficialmente pouco mas 'por fora' recebe, se calhar, outro tanto. E os que pagam, sobrecarregados e revoltados, fazem contas à vida antes de trabalharem mais. Já aqui falei de amigos médicos que dizem que continuar a trabalhar não lhes compensa. Muitos reformaram-se e, nos casos em que ainda trabalham, não fazem mais que 10 horas por semana senão ficam prejudicados. Com a falta de médicos que há... E é lógico que assim raciocinem. O que não é lógico é que os impostos para este tipo de rendimentos sejam o exagero que são. O Fisco trata a classe média como se fossem bandidos capitalistas que devem ser espoliados até ao tutano, e ala moço, vá de espetar com eles no escalão dos ultramilionários. Seria bom que este Governo agarrasse o assunto mas agarrasse a sério, sem demagogias, com cabeça.
Mas, pronto, hoje não me apetece falar mais em impostos.
Hoje apetece-me é partilhar imagens de filigrana em pedra. Tudo muito sereno e belo.
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