Vou dizer a verdade: o dia foi produtivo. Para os great achievers o que eu consegui é menos que nada. Mas, para mim, agora que me comparo comigo na versão pessimista, foi um feito. Pensava que estava perante uma missão impossível e, afinal, está cumprida.
Reformulei o conteúdo das gavetas da escrivaninha que aqui tenho num recanto bem como o das gavetas de um móvel de meia altura que tenho na entrada. Claro que tive que dar destino ao que lá estava.
Agora tenho sete gavetões, sete, 7, sept, seven, com toalhas de mesa compactadas.
Uma gaveta, uma senhora gaveta, tem só renda, toalhas rectangulares gigantes, rectangulares médias e redondas, todas em renda.
Uma segunda tem híbridas: toalhas bordadas com rendas. Ou quadrados de renda, quadrados de tecido com bordado, ou bordadas com cercadura em renda. Ou outras combinações.
Outra tem toalhas de linho ou alinhadas. Ocupam espaço que se fartam. O tecido é encorpado para burro.
Outra tem quase só guardanapos. Tanto guardanapo, senhores. Uma loucura. Cada uma das toalhas bordadas ou de renda tem doze guardanapos similarmente decorados. Uma loucura. A minha mãe acharia esta arrumação um disparate, diria que os guardanapos, quais filhotes, têm que estar sob as saias da respectiva mãe-toalha. Mas não. Se é altamente improvável que eu dê uso àquelas obras de arte pois nem imagino a mão-de-obra necessária para as engomar, ainda mais é que use os guardanapos. Bem sei, bem sei, que não há nada como um belo guardanapo de pano. Compreendo. Concordo. Mas num restaurante. Aqui, de pano, só se forem de pano liso. Na maioria, quase totalidade das vezes, os guardanapos são de papel. Agora estar a pôr guardanapos bordados ou com rendas, só se receber uma rainha mas, ainda assim, só se for uma rainha a sério. E com o Goucha a acompanhar como comentador. Por menos que isso, não vão guardanapos de renda para a mesa.
Outra tem toalhas mais normais, mas em bom.
Outra toalhas mais banais, estampadas, ora estivais ora natalícias.
Enfim. Algumas gavetas tiveram que ser fechadas com o joelho. Que remédio. Já não tinha mais gavetas... O meu marido diz que não vou conseguir abri-las. Vou...
Depois das toalhas passei para o castigo dos lençóis. Outra reformulação prévia, claro.
Desocupei a prateleira grande do roupeiro grande do corredor dos quartos. Tive que arranjar espaço para o que de lá tirei, como é óbvio. Tudo isto é um puzzlezinho de fazer queimar os neurónios a uma santa.
Os meus bordados e arrendados (arrendados de carregadinhos de rendinhas, não arrendados do programa mais-habitação) transitaram também lá para cima. Portanto agora tenho carradas de lençóis do mais artístico e elaborado que se possa imaginar. Os meus, os da minha mãe e não garanto que não também os das minhas avós. Lindos. A sério. Nunca usados.
Depois há uma pilha, igualmente numerosa, de lençóis lisos, ditos 'de baixo'. Claro que uns são de linho para emparelharem com os correspondentes bordados ou cheios de rendas, outros de algodão, uns têm ajour no remate e etc, ou seja, a combinação não deverá ser aleatória. Mas algumas vez irão ser usados...? Muitas dúvidas.
Depois descobri umas peças não identificadas. Um formato incompreensível, nem lençol nem toalha de mesa, um algodão branco mais fino, uma renda imensa, bordados maravilhosos. Depois vi que cada um tinha duas letras bordadas. A inicial do nome da minha avó materna e a do meu avô. Depois de pensar, concluí que deveriam ser toalhas de casa de banho, quiçá as maiores a fazer a função de toalhão. Não sei. São obras de uma delicadeza e beleza extraordinárias. Deviam estar em vitrinas, expostas.
Há ainda um outro monte, uma pilha enorme: as fronhas. Identicamente umas bordadas, outras com rendas, umas de um tecido, outras de outro. Se um dia quiser preparar um leito a preceito, teremos que fazer uma caça ao tesouro para conseguir acasalar o de cima com o de baixo e com as respectivas fronhas.
Mas, com isto, a verdade é que o tema de conseguir arranjar espaço para o que me parecia impossível de concretizar está resolvido. Todas as peças feitas com tanto carinho, tanto trabalho, tantas e tantas horas de um minucioso trabalho manual, amoroso, atento, estão guardadas, preservadas.
Claro que imagino o pesadelo que será quando outros que não eu tiverem que resolver o que fazer a tantas relíquias... Mas, enfim, com sorte já cá não estarei para assistir a isso.
Tirando isso o dia teve de tudo, Umas coisas menos boas e outras boas, incluindo visita a exposições, passeio à beira-rio e etc.
Conclusão: de debates só vi parte do último, o Pedro Nuno Santos em aceso duelo com o insuportável boçal-trauliteiro. Para dizer a verdade, tive alguma dificuldade em manter-me atenta pois tudo naquele arruaceiro fere a minha sensibilidade: o que diz, a forma como diz, a forma como se comporta, tudo. É um desordeiro, um perigo, uma pessoa sem princípios, sem pudor, sem vergonha.
Prazer tenho em ouvir (e ver) o Paixão Martins. Não há nada como uma pessoa inteligente, com sentido de humor, sem medo. Foi uma boa ideia a CNN tê-lo contratado para comentar os debates.
Por isso, tirando o Paixão Martins e o fofo Raimundo, naturalmente por motivos diametralmente opostos, pouco mais prende a minha atenção nesta cegada dos debates a contra-relógio que, segundo as questões que os moderadores lançam, parece que têm como único propósito discutir os temas engendrados pelo Ventura. Não há pachorra.
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E queiram descer até onde se revela o que Paulo Raimundo faria em caso de acidente nuclear.
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Desejo-vos um dia feliz
Saúde. Força nisso. Paz.
Caríssima UJM,
ResponderEliminarEm função da campanha do Pedro Nuno Santos, só tenho uma certeza absoluta ,voto PS!
Estou longe de estar contente com o desempenho de PNS. Acho que tem sido miserável o desempenho nos debates, em meu entender, não ganhou um, quanto muito, empatou.
a) Ou PNS é esta fruta,- em principio não acredito, que o seja-, e se sim, então, prefiro o bluff no poker que me dá mais gozo, a este aborto politico.
b) Se a entourage que o aconselha, o quer transformar neste boneco, então, PNS, só tem uma alternativa: mande-os bardamerda com as suas teorias comunicacionais!, e seja ele próprio e assuma de vez a frontalidade nos debates, não deixando que o adversário o interrompa, seja mais enérgico, mais agressivo, interrompa para descentrar o adversário nos seu objetivo, e não esta (passa- mole) que ontem me apetecia dar-lhe uma par de estalos para acordar, porra!
Assim por este andar não vamos lá, ai não vamos, não. E é pena, porque o PS com todos os sobressaltos de casos e casinhos por culpa de Costa, apesar disso, colocou os Portugueses a viver melhor, melhorou a economia, melhorou as reformas, aguentou a pandemia e o brutal aumento de 1 milhão de migrantes a cair nos braços do SNS com os custos inerentes a tais situações, enfim, e tantas outras coisas mais. Fez tudo bem? Longe disso! Mas fez o que a direita nunca fez neste país que foi a redução da divida com os benefícios reconhecidos etc etc etc etc.
Por estas e outras razões, ou o PS dá corda aos sapatos, e deixa a vereda, e passa para o asfalto com vigor e determinação a partir de hoje, ou já sei que morro mesmo vivendo mais vinte anos sem voltar a ver o PS no governo.
Só há uma saída, está nas mãos do a)"boneco criado". b) Ou no Politico que quer honrar Mário Soares e todos os Democratas deste país.
Já agora porque está de chuva lembrei-me da adolescência:
https://www.youtube.com/watch?v=B2Pl8DoBHlE.
Cumprimentos.
Fico com a ideia de que parte do PS está desejando que Pedro Nuno Santos se enterre. O pior é o depois. Aí é à la française, quer dizer, acabou. Uns, mais velhos, reformam-se de bolsos cheios, outros, mais novos, irão numa de Attal, bem à direita, e uma minoria junta os farrapos com o bloco, à Melenchon. Fora isso, mudam a sede do palacete no largo do Rato para um bloco 3C na Alta de Lisboa, como o PSF e a sua sede na Solférino.
ResponderEliminarOlá Ccastanho
ResponderEliminarNão tenho conseguido acompanhar na íntegra os debates pelo que não consigo ter uma ideia muito formada. Do que vi do Pedro Nuno Santos não me espantei muito pois notoriamente ele não tem a base sólida de um António Costa. Tem um caminho a percorrer até ganhar o músculo que se espera de um estadista.
Mas eu, nas eleições, já não penso em absoluto. Penso, sim, em termos relativos. De quem está a 'concurso' qual aquele que oferece melhores garantias?
O PNS e o PS?
O Montenegro, o Melo e o fadista?
O Ventura (e não falo no Chega pois o Chega é o Ventura)?
A Mortágua e o BE?
...
Como me parece que, de entre as opções que vão a votos, o PNS e o PS são os que, apesar de tudo, mais garantias me dão, é no PS que vou votar.
E coração ao largo...
Olá Anónimo@,
ResponderEliminarNão sei. Não sou do PS, não frequento os corredores e os bastidores do PS.
Tenho votado, isso sim, no PS. Face ao que para mim é importante, acho que de entre os que se apresentam a eleições é a melhor opção para o País.
Espero que o PS se aguente nestas eleições e se aguente na sociedade portuguesa pois é o partido que tem a base ideológica, o substracto intelectual, a visão estratégica, o pendor humanista, o respeito intrínseco pela democracia e pela liberdade e etc. com que mais me identifico.
Nem quero pensar na possibilidade de virmos a ficar nas mãos de gente errática como são muitos os da AD e, muito menos, nas mãos de populistas, de trogloditas, de gente que diz uma coisa e o seu contrário e de gente sem um pingo de vergonha na cara como é o Ventura.
Isto é o que eu penso e disto não me afasto nem um milímetro. Espero que quem gosta do país, da democracia e da liberdade, na hora de votar, pense como eu.
Quanto ao resto, passo adiante.