É sabido que os meus dias andam um pouco atrapalhados e, por isso mesmo, ando um pouco desligada do frisson das notícias. Apanho-as de passagem e, geralmente, só ao fim do dia. Hoje calhou apanhar parte da apresentação do grupo de trabalho sobre a localização do futuro aeroporto quando ia no carro mas a tarde ia ser tão preenchida que não deu para ouvir tudo nem deu para, depois, tentar recuperar.
Mas, do que vi há pouco, não me admirei por ver aqueles apontamentos de reportagem que as televisões fazem nestas circunstâncias, em que mandam jovens e inexperientes repórteres perguntar a pessoas na rua o que achariam de lá ter um aeroporto. Não me admirei porque, apesar de estúpido, é o que sempre fazem. E toda a gente opina, a malta gosta de se apanhar com um microfone em frente da boca, e, independentemente de desconhecerem todos os extensivos estudos que gente de várias competências fez, arrumam com a coisa em três penadas. Ora que sim, ora que não por causa do preço das casas ou por causa do barulho -- e já está. E parece que a quem opina na maior ligeireza nem ocorre pensar que se calhar há mil vertentes a ter atenção e sobre as quais poderiam, pelo menos, ter a curiosidade de conhecer. Zero. Meia bola e força. E as televisões exibem todas as inanidades como se fossem opiniões bem estruturadas. A comunicação social ao serviço da estupidificação colectiva.
Mas ainda mais extraordinário que tudo isto foi a reacção do Montenegro: o oposto disso. O opostíssimo. Depois de termos tido uma multifacetada e competente equipa a estudar, para cada cenário, as vantagens e desvantagens, as oportunidades e as ameaças, os constrangimentos económicos, ambientais e sociais e sei lá que mais, eis que a reacção de Montenegro foi tão só a de que vai... formar uma equipa, mais uma equipa, para estudar o relatório. Rápido no gatilho, ele. A ver se ao menos se cinge às hipóteses estudadas porque, com a sua notória falta de liderança, se dá carta branca para se porem a inventar novos cenários, se for por eles, nem em 2080 vou conseguir estrear o novo aeroporto. E não foi capaz de uma palavrinha de elogio para a forma exaustiva e clara como o trabalho foi apresentado. Nem lhe passa pela cabeça que há um relatório executivo, de síntese, e um de estratégia que igualmente deve ser de síntese e que ele próprio ou alguns dos seus podem e devem ler e depois fazer uma reunião para alinhar ideias. Não: aí vai mais um grupo de trabalho. E depois vão o quê? Pedir para fazer o trabalho de outra maneira? Acrescentar critérios? Apresentar um estudo cujo objectivo é refazer o estudo? Está bonito.
E, para justificar a criação do seu grupo de trabalho privativo, enredou-se em novelinhos, rodriguinhos, tri-li-lis, uma conversinha enredadinha para dizer que ia perder tempo para ganhar tempo. Rapaz esperto. Não admira que o cavaco, sempre que o vê, tenha vontade de saltar para a arena e vir fazer a vez dele. Só que cavaco usa uma linguagem e argumentos pouco éticos, treslê a seu gosto o que outros dizem, tempera a conversa com o seu usual ressabiamento a que só falta o bolo alimentar do pretérito bolo-rei e, portanto, ainda enterra mais o PSD.
Portanto, estamos conversados quanto ao que deveria ser o principal partido da oposição. O ventura chama-lhe um figo e papa-o sem ele dar por isso..
Tirando isso, do que ouvi da apresentação da Comissão Técnica Independente e do que li agora, pareceu-me um trabalho asseado, bem feito, bem ponderado. Gente capaz faz trabalho capaz. E gostei da crista rubra de Maria do Rosário Partidária, a presidenta da comissão. Mulher porreta, isto é, à maneira. Fixe.
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E um dia feliz para todos
Saúde. Ânimo. Paz.
👍🏻👍🏻👍🏻
ResponderEliminarPois eu também vou opinar.
ResponderEliminarNão vai haver aeroporto nenhum, nem agora nem em 2080. Se o quisessem fazer já o tinham feito, inclusivé o António Costa que dispôs de uma maioria absoluta para tomar essa decisão.
É praticamente inevitavel que tudo volte à estaca zero.
E assim sendo sou de opinião que o novo aeroporto de Lisboa deve ser construído em Badajoz!
Não fica muito mais longe que algumas localizações possíveis, recordar que houve quem chegásse a falar em Beja, e que Santarém ainda por aqui anda!
Tem a grande vantagem dos espanhois saberem construír aeroportos e não se atrapalharem com essa temática.
É ou não é uma excelente e ótima ideia? Eu voto nela... embora a hipótese Madrid também não me pareça de todo desajustada...
Bom dia, UJM - Bolo rei, foi bolo rei...
ResponderEliminarOlá PedroM
ResponderEliminarBadajoz...? Não me parece mal. Mas, pensando melhor, numa lógica de centralidade atlântica, porque não na Selvagem Pequena? Até se poderia convidar o Cavaco para lá ir inaugurar e dar de comer às cagarras...
O não venha dizer-me que a Selvagem é pequena de mais... Faz-se uma pista às curvas e vai ver que cabe lá.
O que lhe parece?
Obrigada Anónim@ do Bolo-Rei,
ResponderEliminarJá corrigi. Já viu como tenho a cabeça? O Cavaco às voltas com a fava e eu a confundi-la com doce de ovos...
Obrigada!
Obrigada Anónim@ dos polegares para cima!
ResponderEliminarUm dia bom para si.
Uma pista às voltas na Selvagem Pequena?... Ora aí está mais uma excelente e ótima ideia e muito ponderada e pensada por certo. Uma ideia quase tão boa como a minha, que nisto de distribuir méritos sou imparcial.
ResponderEliminarPf não se esqueça de a endereçar à Comissão que o Montedisso vai nomear para estudar o relatório da CTI. É que tem tantas hipóteses de vir a ser concretizada como qualquer uma das outras.
UJM
ResponderEliminarA propósito das pessoas não resistirem a um microfone, vou contar uma cena que assisti e fiquei de boca aberta.
Há uns bons pares de anos, estava numa marisqueira próximo da estação da televisão SIC.A dada altura, começou um corrupio de carros dos bombeiros com um barulho infernal. Apressamos o repasto para ir ver um fogo num apartamento próximo do restaurante , e mais pessoas das mesas ao lado também. Chegados ao local do incêndio, fui abordado por uma tv em direto para testemunhar o acontecimento, respondi que não sabia de nada e nada podia testemunhar. Qual o meu espanto, quando a jornalista passa o microfone a uma das pessoas do restaurante que sabia exatamente o mesmo que eu, ou seja, nada rigorosamente. E vai daí, relata o começo do incendio como de uma verdadeira testemunha do começo do incêndio. Fiquei siderado!, a pensar como era possível a pretexto de entrar em direto numa televisão, construir sem um pingo de vergonha, uma história falsa, completamente falsa como pude constatar Esta historia completamente inventada, foi servida em direto para um país inteiro. Isto diz muito da informação que nos entra em casa diariamente.
Quanto a Montenegro, ainda não é governante (e jamais o será), e já está a ser um lacaio dos interesses do camarada Presidente da ANA José Luís Arnaut que, face aos interesse económicos da ANA, o Montijo era o local com menos custos para a empresa. Uma maneira de baralhar e dar de novo, é constituir mais um grupo de trabalho com as excelsas eminências pardas do cavaquismo nauseabundo que tresanda neste país.
Quando o Pedro Nuno Santos avançou com a construção do aeroporto onde agora aponta o parecer, foi destratado, insultado, menorizado, teve que dar o dito por não dito, porque o António Costa ,que tinha acordado com PNS avançar, na reta final, ficou nas covas metendo Pedro Nuno Santos na fogueira para o eliminar politicamente no país e sobretudo dentro do partido.
Aqui no Alentejo já não vai ser possível construir o aeroporto.
ResponderEliminarTemos pena...
Com tanto amendoal, olival e vinha quase não há espaço para aterrar uma cegonha, quanto mais um avião!
Mena
maiordesessenta
A agulha da bussola deve andar a rodar como um pião ......
ResponderEliminarA.Gama Vieira
Pedro M,
ResponderEliminarPor acaso até tive uma outra ideia. Com tanto critério a ensarilhar o assunto, não sei como não se lembraram ainda de aeroportos subterrâneos. Não havia cá passarinhos ou sobreiros a atrapalhar. Falta de imaginação a das CTI's. Pode ser que o Monterrisinho arranje uns criativos para o grupo de trabalho que venham revolucionar o velho tema do 'novo aeroporto'.
E punham o Rangel a apresentar as conclusões. A malta até se rebolava a rir (e rir é uma coisa boa).
Olá Ccastanho,
ResponderEliminarUns inventam a despropósito, outros inventam o que maldizer, outros mostram-se indignados contra incertos. Mas o que leva aqueles jovens jornalistas a pôr um microfone ao pé da boca de meio mundo?
Essa sua história é bem ilustrativa disso.
Quanto ao Pedro Nuno Santos aí, lamento, mas não concordo.
Que a alternativa de Alcochete se tem revelado como a melhor, isso parece claro. Mas as implicações a todos os títulos são muitas e há que ponderá-las bem. O que não faz sentido é que Pedro Nuno Santos não tivesse percebido que uma decisão tão estratégica, tão estrutural, que requer entendimentos de regime, não fosse anunciada pelo Primeiro-Ministro... O António Costa nem estava no País... Eu vinha no carro e do nada apareceu o Pedro Nuno Santos a fazer um anúncio daqueles como se estivesse a dizer que tinha decidido comprar mais um autocarro para a Carris. Fiquei de boca aberta. Eu e o meu marido nem acreditávamos naquilo, pensámos que só podia ser brincadeira.
Revelou um amadorismo, um querer pôr-se em bicos de pés, uma infantilidade que só vista.
Pode ser que venha a ser o líder do PS e tentarei apoiá-lo até porque há-de ser melhor que o Montenegro ou outros. Mas a Pedro Nuno Santos falta algum tino. E António Costa foi até muito brando para com ele.
Se eu, quando trabalhava, andasse com um projecto estratégico em mãos e, na minha ausência, um subordinado meu resolvesse pôr-se a tomar decisões que eram ao meu nível e não ao dele, pode ter a certeza que o enquadrava de uma maneira quiçá menos branda do que a que o Costa usou para com ele.
Enfim...
A ver quem é que fica à frente do PS. Talvez disso dependa o voto dos portugueses. E não sei se, depois da forma como o PCP e o Bloco se portaram, os portugueses estão disponíveis para dar o voto ao Pedro Nuno Santos.
Olá Mena, menina com mais de 60,
ResponderEliminarMas no Alentejo já têm Beja... Ainda queria outro...?
Mas lá está, as cegonhas já não querem aterrar, só querem andar empoleiradas nos postes da electricidade. Se calhar também seria uma boa solução para os aeroportos. Nem com as pistas às curvas nem subterrâneos como acima sugeri... É pô-los no ar. Pistas assentes em mega postes para não atrapalharem a malta que vive cá em baixo, e os olivais, as amendoeiras, e os charcos e essas confusões todas. Depois uns escorregas e a malta aí vinha até cá abaixo. Até podiam pôr escorregas a ir parar onde a malta quisesse.
Por mim, acho é que está na altura de pensar fora da caixa. Senão, vamos as duas ter mais do que 100 anos e ainda andamos aqui as duas a falar do local do novo aeroporto.
Abraço!
Olá A. Vieira,
ResponderEliminarA bússola de quem? Daquele a quem o Láparo em tempos chamou catavento?
É que se for isso, estou consigo: um desnorte absoluto. Aliás, as imagens mostraram-no hoje com cara de quem tinha vontade de se enfiar num buraco.
Qual a solução para aquela desemparada pessoa?
A bussola era em relação ao seus "ódios"......para quem não vota PS...
ResponderEliminarA.Vieira
Olá A. Vieira
ResponderEliminarNão tenho ódios, não tenho paciência para ódios. Antipatias, sim. Aversão, sim. Ódios não.
E só espero é que, na hora de votar, todas as pessoas inteligentes, mesmo que habitualmente não votem PS, percebam que não há melhor alternativa para o País do que o PS. Com todos os defeitos que tenha, o PS é, ainda assim, o partido mais competente, mais sério, mais humanista.
PSD? Coitados. CDS? Não existe. PCP? Os amigos de Putin e demais ditadores? Nem pensar. Bloco de Esquerda? Muito paleio para nada. Para além disso, traiçoeiras. E não há mais no âmbito da democracia, acho eu.