Tenho a contar que apesar de estar escuro e de chuva, nada aprazível para passeios, não resisti à mensagem recebida na véspera dizendo que já podia ir levantar o que tinha reservado. Portanto, aí vai ela.
A lot of static |
Tinha em mente ir também dar um passeio à beira rio. Mas, ao chegar onde ia, vi que estavam a montar nova exposição. E, ao espreitar, reconheci a fantástica pintora. Não digo já o nome pois parece-me que o nome é o corolário do que ela é (ou de como ela é) -- e, por causa destas e de outras, o título das mensagens deveria vir no fim, não logo à cabeça.... Não quero arriscar definições ou caracterizações pois iria certamente pecar por defeito. E, note-se, digo isto sem a conhecer pois, conhecendo, talvez ainda mais me espantasse.
Entrei para levantar o que me estava reservado mas não resisti a ir ver o que já estava à vista de o Passado Imprevisível.
Se há coisa que me maça é o normal, o normal sem nada que se lhe diga. Agora se um senhor muito senhor de si próprio tem um pássaro na cabeça, se uma senhora tem um ar apertadinho mas uma grande borboleta ao pescoço, se uma mademoiselle muito arranjadinha tem um roedor descontraidamente pousado na cabeça ou se uma outra com um penteado bem comportado tem uns óculos emplumados, e isto já para não falar de um mancebo com balões de cada lado da cabeça transformando-o em mickey (muita estática, lá está...) aí, sim, aí eu tenho vontade de entrar em jogo.
O meu marido, que estava com o seu chapéu de Dom Henrique e com a fera cabeluda pela trela viu do lado de fora e também gostou.
Mas gostou sobretudo do senhor engravatado sentado numa cadeira, dentro de um grande aquário em cujas águas navegam peixes de mar, ao lado de uma mesinha sobre a qual está um outro pequeno aquário com peixinhos dourados. Mas o aquário onde a coisa se dá deve ser o mega-aquário do oceanário pelo que requer, certamente, uma parede a preceito para se instalar. Não tenho. Se eu estivesse ainda a trabalhar sugeriria que se adquirisse a obra para o salão nobre da empresa, para pendurar atrás do CEO ou do Chairman.
Quando caímos neste impasse não é fácil arbitrar, caímos no so called empate técnico. Mas, não sei bem como, talvez porque o tempo não estava de feição para andarmos ali às voltas, o milagre deu-se e alinhámo-nos.
E lá fui, de novo. Está reservado, não o giga de que o meu marido mais gostava mas aquele que cabe no bocadinho a partir do qual irá alegrar a minha casa.
E não resisti a falar com ela. Uma simpatia.
Apesar de ser conversa breve, gostei imenso de falar com ela. Mas mesmo imenso. Não sou de afinidades instantâneas mas a verdade é que parece que poderia tê-la aqui em casa, parece que nem ela acharia estranhas as minhas bizarrias nem eu as dela. Aliás, tenho para mim que as pessoas que se exprimem através de palavras ou imagens peculiares e/ou extravagantes, na conversa corrente são, ou parecem ser, muito boas companhias (e são, geralmente, acho eu, pessoas tolerantes).
Acompanhava-a através do blog (o icónico Palmier Encoberto).
Sem saber quem era a autora, achava que tinha sentido de humor, inteligência, escrita escorreita, elegância, fair play e golpe de asa. Para além dos textos em si, as picardias com o Pipoco e com outros e a amabilidade que revelava ao falar com as suas Leitoras eram, para mim, motivo diário de interesse. Mas a minha admiração subiu para outro patamar quando ela começou a mostrar as suas extraordinárias pinturas.
Com muita pena minha, deixou de alimentar o blog. Compreendo-a: as redes sociais ganharam vantagem sobre os blogs, e, além disso, um blog consome tempo, exige disponibilidade e, sobretudo, quem pinta ao ritmo que ela pinta e quem pinta com o esmero e atenção aos pormenores que ela dedica ao seu trabalho dificilmente tem muito tem livre.
Mas a blogosfera perdeu muita da sua graça com a sua saída, lá isso é verdade.
Contudo, o tema de hoje tem a ver com pintura.
E, portanto, falemos do que aqui me traz.
A nova exposição (que, segundo constatei -- e não apenas pelo meu caso --, arranca com algumas obras já vendidas) de Penélope Clarinha, Passado imprevisível, estará na Arte Periférica e irá de 9 de dezembro a 18 de janeiro de 2024. A quem possa, aqui fica a dica: não percam.
Ver a pintura de Penélope Clarinha é um prazer. É uma pintura, a todos os títulos, fantástica. Digo-o sem receio de errar na adjectivação.
Gostei desta pintura.
ResponderEliminarEstou intrigado. Não sei se esta (Senhora, quero dizer) é a Penélope do blog Aspirina B?...
Se é, não só é uma boa Pintora, como é comentadora politica.
Cara UJM, já conhecia? Pode abrir? Não é vírus.
ResponderEliminarAgradável surpresa
Saudações
https://fb.watch/oP8K_gM5GO/
Olá Ccastanho,
ResponderEliminarNão sei se a pintora Penélope Clarinha é a mesma Penélope do Aspirina B. Se fosse, ainda seria uma pessoa mais surpreendente. Mas, do que me recordo de quando ela escrevia no seu blog 'Palmier Encoberto', tenho ideia que as suas opções políticas não se tingiam propriamente da cor da rosa. Mas posso estar enganado.
Agora que a pintura dela é espectacular, lá isso é.
Um bom fim de semana!
Olá Célia,
ResponderEliminarObrigada pelo link. Mas, por acaso, já conhecia. Ela é, creio que em conjunto com o primo, herdeira e gerente dos Pastéis de Belém. Só coisas surpreendentes e fantásticas, não é?
Um bom fim de semana!