sexta-feira, novembro 10, 2023

Marcelo, o Marquês de Pombal, a crise que se gerou e o que se vai sabendo, o Ministério Público --
a palavra ao meu marido

 

O Presidente Marcelo já nos "brindou" com discursos e com situações desconcertantes e, quiçá, embaraçosas para  os Portugueses que representa. 

Com a mesmo leveza com que falava de decotes ameaçava dissolver o Parlamento e, também com a mesma falta de sentido de Estado, conseguiu minimizar os abusos sexuais da Igreja e confundir os Palestinianos com o Hamas. Soubemos recentemente pela comunicação social que teria havido um envolvimento dele, porventura indirecto, num processo em que, alegadamente, alguém 'meteu' cunhas para agilizar o tratamento num hospital português de duas gémeas estrangeiras. Aguarda-se o resultado do inquérito instaurado sobre este assunto. Curiosamente, parece que, desde há uns dois ou três dias se abateu um manto de silêncio sobre o tema.

Para além de sofrer de incontinência verbal, o Presidente também passeia. Chamou recentemente as televisões para o acompanharem num passeio noturno em que "ia mostrar á Comandante o local onde os Távoras tinham sido executados". Quando tentou explicar o que tinha acontecido aos Távoras, propositadamente ou por ignorância, mencionou que tinham sido castigados pelo Marquês porque tinham tentado assassinar o Rei. Se fizermos a analogia com a atualidade poderia querer dizer que o Presidente/Marquês tinha castigado quem se tinha metido com ele. Se esta interpretação fosse correta significaria que afinal quem manda no Ministério Público é o Presidente/Marquês que utiliza, qual Sebastião José, esta gente para castigar os não alinhados. Ora isso não deve corresponder à verdade. Mas, nesse caso, qual a ideia de Marcelo ao levar as televisões a passear ao Beco do Chão Salgado e ao dizer o que disse?

Cumpre-me referir que segundo muitos historiadores o castigo dos Távoras resultou de um desígnio pessoal de poder do Marquês e não da tentativa de assassinato do Rei pelo que, mais uma vez, o Presidente terá falado com leveza e sem rigor histórico. Contudo, isso não quer dizer que a comparação da situação atual com a que ocorreu com os Távoras não possa estar correta. Será que houve um objetivo de castigar o Primeiro Ministro mesmo que isso significasse derrubar um governo eleito democraticamente pela maioria do povo português há menos de dois anos? 

A história não tratou especialmente bem o Marquês, nomeadamente no que se refere a 'afectos', tema tão caro a Marcelo. A história, seguramente, não vai julgar de forma positiva a passagem do Prof. Marcelo pela Presidência da República.

Quanto ao que se tem ouvido, ao longo do dia, sobre as suspeições que recaem sobre os envolvidos na Operação Influencer, parece tudo uma anedota. 

Durante a minha vida profissional dirigi várias equipas e alguma empresas. O papel do dirigente de uma empresa é também agilizar os processos de forma a que os clientes se sintam satisfeitos. O  Primeiro Ministro (PM) como responsável pelo Executivo deve desenvolver todos os esforços legítimos para que os compromissos assumidos sejam cumpridos. Parece-me que anda para aí uma quantidade de gentinha que não percebe isso. De tudo o que ouvi, o que constatei foi que os responsáveis estavam preocupados em concretizar os projectos a tempo e horas, o que é o normal. Não vi indícios de alguém querer corromper alguém. Vi, sim, a prática normal de quem gere projectos, investimentos, empresas. Quem não quer perceber isto ou não conhece o mundo real ou atua de má fé.

O  autarca de Sines terá solicitado patrocínos para a banda, para um clube de futebol jovem e para o apoio social. Na minha opinião fez muito bem. Sugiro que investiguem todos os autarcas que fizeram pedidos idênticos. Ficaríamos sem autarcas em Portugal.

O Ministério Público (MP) tem sido useiro e vezeiro em contribuir para desestabilizar a situação politica com as inevitáveis consequências para o desenvolvimento do País e para o prestígio de Portugal no exterior. São inimputáveis? Podem continuar a agir desta forma? Agora deitaram abaixo um governo que contava com uma maioria absoluta no Parlamento. Não é isto demais? 

Os atores da comunicação social que, em tese, louvam a ação do MP por ter tido a coragem de envolver o PM deviam refletir naquilo que dizem e no pântano em que sistematicamente lançam o País ao propagar a ideia de que grande parte dos governantes são corruptos e de que a Justiça não os escrutina devidamente. Isso não é verdade. Contaminar a opinião pública com essa ideia falsa e perigosa é criar um terreno fértil para abrir portas ao populismo e para enterrar a democracia.

9 comentários:

  1. Neste processo todo, a única coisa que não me sai da cabeça é: coitada de Sines! E por arrasto, coitado de Portugal! Só servimos mesmo para ter AL’s. Indústria, tecnologia, infra-estruturas, sustentabilidade não. Vamos ficar sempre neste cantinho de gentinha que não vê um passo à frente e tem raiva de quem o faz.

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  2. Concordo plenamente com a palavra do marido da Senhora.
    Para 0 timing desta vingançazinha do Presidente contribuiu o caso das gémeas que o envolve totalmente e o facto de João Galamba ter encerrado a sessão da Assembleia em que se aprovou o Orçamento na generalidade. Essa "afronta" ele achou que não devia ou podia perdoar.

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  3. Concordo plenamente. Aliás digo algo semelhante no meu blogue.

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  4. Olá Último Comentador

    E não quer partilhar connosco qual é o seu blogue?

    Agradeceríamos.

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    1. Pensei que apareceria o meu nome: José Ferreira Marques, blogue A Forma e o Conteúdo.
      Desculpas e cumprimentos.

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  5. Estou inteiramente de acordo com o seu marido, UJM.

    Correta análise. Sobretudo vinda de alguém que vem do privado onde as coisas se fazem ultrapassando barreiras para o desenvolvimento empresarial e por via disso, do país.

    Quem sempre trabalhou no privado quer quadro de empresa, ou em nome individual, conhece uma realidade muito diferente , pragmática e resiliente na execução dos seus projetos que nada tem a ver com legalistas ou burocratas do bem fazer. Nada. Há um outro mundo que muita gente desconhece sem haver corrupção efetiva.

    Agora, depois desta tempestade, aguardemos, para ver se algum cargo politico apanhado no diz-que-disse a alguém, tem a coragem de se demitir seguindo a postura ética do primeiro-ministro para salvaguardar o cargo de Estado.

    Agradecimentos por este artigo com elevação.

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  6. A actuação /acção do MP decorre da nossa Legislação Penal (Processual Penal), Legislação essa que foi aprovada, como Lei, na Assembleia da República, designadamente com os votos do PS e PSD (e CDS). É mais do que tempo para se proceder a uma revisão de vários aspectos processuais penais (mas, também do Processo Civil), todavia, tal não convém a determinados interesses (instalados, ou a instalar). Uma larga parte dos Deputados da AR são advogados e juristas (consultores, etc) que estão ligados a vários e, muita das vezes, a grandes interesses económico-financeiros. Ou pertencem a Sociedades de Advogados conhecidas, ou são altos quadros da Banca, grandes empresas, etc. Por conseguinte, aquilo que hoje temos é um comportamento por parte do MP que está devidamente respaldado na Lei. Se calhar, pergunto-me, com vista a prevenir e evitar determinadas situações, algumas até que foram objecto de investigação criminal neste caso, porque não institucionalizar a figura do “Lobby”, como existe nos EUA, devidamente regulamentada e verificável, com transparência q.b ? Não há muito tempo, o PS e outros 2 Partidos procuraram legislar/regulamentar sobre o “Lobby”, mas este PR vetou e o projecto de Lei continua a marinar na Especialidade na AR. Dito isto, António Costa, tal como Sócrates e outros políticos (PSD e PS, sobretudo) a braços com a Justiça, são vitimas da inação a que votaram alterações, que se impunham, quer para agilizar os processos, sobretudo crime (mas, atenção, também cível, com vista a evitar problemas no investimento privado). Quando ouvi António Costa, na sua declaração ao país, a constatar, resignado, que a Justiça no nosso país demora anos a resolver processos crime, ocorreu-me a pergunta, mentalmente: “então porque é que nada se fez ao longo de todo este tempo, desde que ele foi Ministro da Justiça até hoje, como PM, para proceder a alterações na Legislação Processual Penal e outras que visassem a tal agilização dos processos e da Justiça?”
    Quanto ao PR, andou a gozar com o Conselho de Estado, pois, tendo em conta o tempo que demorou a reunião e a sua, dele, comunicação ao País, impor-se-ia um período de reflexão e só depois falar ao país. Mas, não, Marcelo já tinha sua decisão previamente tomada e a reunião com o Conselho de Estado não passou de uma encenação, cínica, da sua parte, já que a ela estava obrigado, nos termos da Constituição. O PR acabou, por assim dizer, por aproveitar a oportunidade, a do pedido de demissão do PM, para se ver livre dele. Reagiu com o coração, em vez, como se impunha, com a cabeça (fria). Até poderia, por exemplo, falar ao País hoje, tendo em conta a hora tardia em que terminou o Conselho de Estado. E mesmo que a opção fosse a demissão da AR e convocação de novas eleições (embora pudesse haver outra opção, como a de nomear outro PM, como sucede no RU e outros países europeus, por exemplo), teria dado a ideia que tinha reflectido. Assim, fica-nos a ideia de que reagiu ou a quente, ou, o mais provável, com aquela frieza cínica que o caracteriza, pois já tinha a decisão cozinhada e concebida antes de ir para o Conselho de Estado. A terminar, julgo que nenhum Partido que venha a governar este este Rectângulo à Beira-Mar plantado, que só pode ser ou o PS (o mais provável, dada a fraca figura e inépcia de Montenegro), ou o PSD, vai ter a coragem de mexer na Legislação Processual Penal e outras (Cível, Penal, etc) com vista a evitar, no futuro, a “justicialização” da vida política, mantendo naturalmente a sua independência, e procurar que a mesma seja mais (muito mais) célere. (para o que também teria de haver mais recursos humanos e tecnológicos nos tribunais, por exemplo).
    a)P.

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  7. Ou muito me engano, ou o PS, vai estar próximo da maioria absoluta seja com que candidato for.

    Os apoios sociais , e as condições de vida que a direita nunca deu, será que quem os tem recebido, vai votar na direita seja na assumida, seja na direita travestida de esquerda?

    Em matéria de bom senso, nem sempre os portugueses manifestaram ter, lembro as maiorias cavaquistas... Mas apesar de tudo, há quem pense pela sua cabeça, e há quem pense com a barriga, uns e outros podem impedir a direita ao pote.

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