terça-feira, outubro 10, 2023

Num diazinho (bom por um lado, menos bom por outro), chego à noite a preocupar-me com o que diz o padrinho da Inteligência Artificial

 

Dia tranquilo. 

No meio, as coisas da minha mãe. O que ela arranja para levar a dela avante... A racionalidade dela é, sempre foi, muito diferente da minha. Sempre me disse que eu era excessivamente racional. Sou racional, sim. Pelo menos, tento ser. E não sei se, no que se refere a racionalidade, há medida, há isso de se ser excessivamente racional. Para mim, ou se é racional ou não se é. Para mim, se A implica B e se B implica C, então A implica C. Ou 2 mais 2 é igual a 4 (isto na base decimal que é aquela em que usualmente trabalhamos). Coisas simples. E não é função da gradação da racionalidade. Não é por eu ser mais ou menos racional que o que é, deixa de o ser.

Mas, eu falar de coisas lógicas e racionais com a minha mãe em situações em que está tolhida pelo medo e pela ansiedade (e não é preciso muito para ficar assim), deixa-a ainda mais fora de si.

Complicado.

Mas, tirando as muitas que ela apronta -- e que, obviamente, me afectam --, o sol, o calor, o tempo de verão foram bons. No entanto, há que reconhecê-lo: este calor em Outubro não é normal.

Trabalhei bastante. De manhã à noite. A minha filha diz que não consigo deixar de ser workaholic, que ainda continuo na lógica de despachar projectos. Alcançar os objectivos a que me proponho. Sem um desvio, nem em prazos nem na quantidade e qualidade do que faço. Talvez tenha razão, ela. Mas parece que, afinal, é assim que me sinto melhor.

Mas, apesar disso, caminhámos por aqui e, à tarde, fomos à praia e caminhámos lá, a maré estava vazia, o areal plano e duro. Quando regressámos a casa já era de noite (mas os dias também já estão pequenos).

Estive a ver as mensagens trocadas nos grupos dos meus amigos. Centenas. Escrevem muito, partilham fotografias, piadas, vídeos divertidos ou apimentados, creio que muitos provenientes do facebook. É um grupo fantástico.

Agora, aqui à noite, estive a ver o vídeo abaixo. Também concordo que, bem orientada, bem controlada e bem regulada, a Inteligência Artificial pode ser muito útil. Na medicina, na radiologia, por exemplo, pode ser um veículo precioso. A máquina analisará com maior rigor e minúcia (e em menos de nada) possíveis problemas, mesmo os que escapam ao olhar humano. 

O pior é o resto... o pior é sermos ultrapassados por ela... É ela começar a conceber linguagens que nos deixem de fora. É ela tomar decisões que escapem ao nosso controlo.

Os riscos são imensos e, sinceramente, não faço ideia de como mitigá-los. As vantagens também são muitas mas já sabemos que tendemos a ficar deslumbrados com as coisas boas e a cagar para os riscos, pois somos muito de nos fiarmos na virgem (e só darmos pelo buraco depois de termos caído nele).

"Godfather of AI" Geoffrey Hinton: The 60 Minutes Interview

There’s no guaranteed path to safety as artificial intelligence advances, Geoffrey Hinton, AI pioneer, warns. He shares his thoughts on AI’s benefits and dangers with Scott Pelley.

[Geoffrey Everest Hinton CC FRS FRSC (born 6 December 1947) is a British-Canadian cognitive psychologist and computer scientist, most noted for his work on artificial neural networks. From 2013 to 2023, he divided his time working for Google (Google Brain) and the University of Toronto, before publicly announcing his departure from Google in May 2023, citing concerns about the risks of artificial intelligence (AI) technology. In 2017, he co-founded and became the chief scientific advisor of the Vector Institute in Toronto]


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Uma boa terça-feira
Saúde. Força. Paz.

4 comentários:

  1. Bom dia! Já a sigo há anos, mas sem comentar. Sou das que, pela manhã, uma das primeiras tarefas é ver o que escreveu. Desta vez, não resisti. Sobre a sua mãe, pesquise sobre ataques de ansiedade e pânico. Não será isso? É muito real o que sentem. Não sou médica, mas tenho a mania que percebo umas coisas. Ah! Ah!
    Uma boa semana

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  2. Olá Cara Leitora Não-Médica

    Em primeiro lugar, agradeço a paciência para me aturar há tanto tempo...

    Em segundo, estou totalmente de acordo consigo. Só que a minha mãe tem mais medo de tomar medicamentos do que de estar doente (e se ela tem medo de estar doente...). Por isso, tem medo de tomar ansiolíticos (medo que lhe façam mal, medo que a ponham adormir e que não acorde, medo de se habituar e depois não passar sem eles, enfim, medo de tudo). E depois também não acredita que tenha ansiedade, acha que é físico e fica irritadíssima se alguém lhe diz que está ansiosa, acha que está ela tão mal e a gente a desvalorizar. Nem quer que se fale nisso, não vá os médicos ouvirem e depois não a tratarem, não mandarem fazer exames, por acreditarem que é ansiedade. Isto apesar de serem os médicos a recomendarem que tome ansiolíticos. Mas, esses, segundo elas, são incompetentes, querem é despachar.

    Tentámos já o acompanhamento psicológico (porque todos percebemos que os anos de acompanhamento do meu pai devem ter deixado alguns danos) e andou lá, contrariadíssima, durante algum tempo, a achar que a psicóloga levava a conversa para assuntos que não interessavam ou que não era percebia nada do assunto. Até que desistiu. E fica fula se a gente fala no assunto pois, segundo ela, em vez de nos preocuparmos com os sérios problemas de saúde dela queremos desviar a atenção para parvoíces que inventamos, ansiedades e tretas dessas.

    Enfim... uma situação complexa.

    Cada vez me convenço mais que a saúde mental é um tema que ainda não é encarado de frente nem explicado às pessoas. E, de facto, condiciona, e de que maneira, toda a sua vida.

    Face a este panorama, alguma dica sobre como se lida com isto...?

    Obrigada.

    Uma boa semana também para si.

    Um abraço agradecido!

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  3. Bom dia
    Como a compreendo, realmente é muito difícil, também já passei por isso, mas na minha fraca experiência ocasional, é pensar que não vai a lado nenhum contrariando, é tentar dar a volta por outros caminhos, improvisando. Penso, que não sabemos como vai ser connosco daqui a uns anos,é fazer o melhor que sabemos.
    Quanto à ansiedade, num acaso, descobri a hipnoterapia e a dra. Rosa Bastos. Pesquise um pouco. Normalmente aplicada por psicólogos. Creio que será difícil a sua mãe aceitar estas 'modernices', mas pode ser. Boa sorte

    Um excelente fim de semana
    Cá nos encontramos diáriamente
    Um abraço

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  4. Olá,

    Tarde e más horas respondo. Muito obrigada.

    Os meus filhos e o meu marido também me dizem que eu não me esgote a tentar convencê-la de coisas que ela não quer (e não vai) fazer. Explico-lhe a vantagem de tomar um medicamento, digo-lhe mil vezes que o deve tomar e deve tomar na dosagem e na forma que deve ser. Mas não quer e arranja mil pretextos, aparentemente todos muito científicos e rigorosos, para não o tomar. E, se o toma, diz que lhe provocam todos os efeitos secundários possíveis e imaginários (todos os que ela vê na bula e consulta via google). E fica como se estivesse pior por ter tomado o medicamento. E eu esgoto-me a tentar provar-lhe que é somático, que não pode ser. Mas não consigo convencê-la.

    Tenho que aprender a ir à volta, a mudar de assunto.

    Uma médica uma vez disse que, estando ela lúcida e na plena posso das suas faculdades, tenho que respeitar a sua vontade. Por isso, se não quer tomar alguns medicamentos, pois que não tome.

    Há tempos, podia ficar em internamento domiciliário. Pois recusou-se. Quis ficar no hospital para lhe fazerem todos os exames, para estar monitorizada a toda a hora, com enfermeiros à distância de um toque. Por mais que lhe explicássemos que não era preciso nada disso, que estava melhor em casa, recusou-se.

    E é isto.

    Quanto à hipnoterapia já ouvi que é uma boa técnica mas com a minha mãe não vale a pena. Recusou-se a continuar com a psicóloga a que ia. Não quer. Diz que os problemas dela são físicos e ofende-se quando lhe falo em ansiedade pois pensa que estou a desvalorizar os problemas 'reais' e porque receia que, sabendo que penso nisso, os médicos deixem de prestar atenção a todos os seus sintomas.

    Mas tem razão, há que ter paciência. E é verdade, sabemos lá como seremos nós quando tivermos a idade dela (se lá chegarmos...).

    Muito obrigada pela sua ajuda e compreensão.

    Saúde. E dias felizes.

    Um abraço.

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