Já não faço topless em público. De resto, apenas o fazia em praias com muito pouca gente. Gostava, isso sim, era de, nessas praias, nadar nua. Mas isso, acho eu, ninguém via.
No campo, no verão, quando estamos só os dois, ando frequentemente nua. Tenho um lado muito naturista e um outro muito reservado. Ou seja, acho que, na verdade, tenho alma de bicho do mato. Deveria poder viver num recanto do mundo onde essencialmente só houvesse bicho para não correr o risco de ser olhada. Os bichos não olham, só aceitam.
Ainda não contei: no outro dia o meu marido viu um esquilo grande e um esquilo mais pequeno. Não sabe se seria macho e fêmea ou mamãe e seu filhote. Diz que subiram pelo tronco de um cedro, perto dele, na maior descontração. Acho isto extraordinário.
Roem pinhas como se não houvesse amanhã. Deve ser um exército deles pois é impossível que só dois fossem capazes de tamanho estrago.
Continuo a deixar, à sombra, uma banheira de bebé cheia de água para poderem refrescar-se. Espero que apreciem.
No outro dia, quando lá chegámos já havia pequenos seres a nadar dentro dessa água. A natureza, a vida, tudo isto são acasos extraordinários. Milagres, propriamente ditos.
Despejei a água para pôr água fresca mas fiquei a pensar no que sairia dali se deixasse aqueles seres desenvolverem-se à vontade. Na volta, um dia chegava lá e dava com carpas gigantes. Ou com rãs.
Mas estou a falar como se estivesse in heaven e não estou. Estivemos fora mas hoje, depois de almoço, regressámos à civilização. O pessoal já cá estava. Tivemos uma festa de anos atrasada pois a aniversariante, no dia dos anos, estava fora.
Estivemos juntos, festejámos. Tão bom.
Por aqui não há esquilos. Mas há gatos. Agora, de vez em quando, aparece um gato completamente branco. Até no parapeito, do lado de fora, já se pôs com os meninos todos do lado de dentro. Ficaram um bocado intrigados.
Hoje de noite, depois de termos jantado (lá fora, no terraço) e, creio, já depois dos parabéns a você, a fera pôs-se acocorada a olhar fixamente para algo que estaria atrás de um vaso grande. Quando isso acontece é bicho. O bicho fica paralisado e ele, porque os bichos se põem onde ele não os alcança facilmente, fica à espera de um movimento em falso para lhes saltar em cima.
Mas a coisa levantou voo. Todos atrás. A coisa entrou em casa. Todos atrás, pessoas e cão. Um alarido, palpites, que se abrissem todas as janelas, que se acendessem todas as luzes, que se afastassem alguns móveis. Uns saltavam, outros corriam. Para as crianças, é o delírio.
Quem viu achou que era um morcego pequeno.
Tudo à procura, o meu filho de chinelo na mão e eu não queria que ele matasse o morcego e cada um a dizer sua coisa, as opiniões divididas.
Até que um quadro se mexeu. Concluíram que a coisa estava lá atrás. O meu marido tirou o quadro, a coisa tombou e o meu filhou deu-lhe uma sapatada.
Era um grande insecto, não sei qual. Bonito. Tamanho gigante. Não era gafanhoto, era bem maior. Um tom entre o platinado e o leve esverdeado, brilhante. Foi apanhado com um papel.
Se fosse um morcego seria estranho. Imagino que não se soubesse bem o que fazer com ele.
Bem. Isto para dizer que os animais estão bem é a viver em liberdade na natureza.
E depois há isto: parece que isso faz sentido para todos os animais mas, vá lá saber-se porquê, parece que se acha subversivo as mulheres andarem de mamas ao léu.
Cresci com essa condicionante. Logicamente não me daria jeito andar por aí em tronco nu. Uso é cada vez menos soutien. Não há pachorra para andar condicionada. Só quando não quero que se perceba e receie que fique uma situação constrangedora é que o ponho.
Mas acho uma burrice, uma ignorância, uma estupidez os movimentos moralistas, as plataformas moralistas armadas em censoras de coisas inócuas e tudo o que tresanda a atraso de vida que impede as mulheres, que o desejem, de, em determinados contextos, terem o peito à vista.
Num espectáculo em Espanha, a cantora desnudou-se e actuou assim. E eu, para dizer verdade, acho que, se ela o quis fazer 8e ela explicou as suas razões) e se sentiu bem, pois não fez ela senão bem.
‘I don’t know why our boobs are so frightening’: why musicians in Spain are going topless as a radical gesture
Eva Amaral se desnuda en Sonorama por la libertad de las mujeres: "Nadie puede arrebatarnos la dignidad"
"Somos demasiados, y no podrán pasar...", entonaba la noche del sábado Eva Amaral sobre el escenario y a pecho descubierto. Un gesto que revolucionó al festival Sonorama Ribera, donde el duo aragonés Amaral echó mano de su carácter más reivindicativo. El concierto que debía conmemorar sus bodas de plata con la música, 25 años transcurridos desde que vio la luz su primer disco, con el que compartían nombre, se transformó en un clamor por la dignidad y la fortaleza de las mujeres.
In the middle of her performance at the Sonorama festival in the northern Spanish town of Aranda de Duero on Saturday, Eva Amaral was about to lead her band Amaral into her song Revolución when she took off her red sequin top and threw it on the floor.
“This is for Rocío, for Rigoberta, for Zahara, for Miren, for Bebe, for all of us,” she said, listing the names of fellow artists before uncovering her breasts. “Because no one can take away the dignity of our nakedness. The dignity of our fragility, of our strength. Because there are too many of us.” In a concert marking the Spanish band’s 25-year career, going topless was a way of defending women’s dignity and freedom to go nude, and “a very important moment”, Amaral later told El País.
But it was also a show of solidarity with a growing number of Spanish artists who are resorting to nudity to defend women’s rights, and have been censored or attacked as a result.
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Desejo-vos um bom sábado
Saúde. Alegria, Paz.
A mim incomoda ver o Marcelo na praia
ResponderEliminarÉ "o magno e eterno problema das maminhas, da pilinha e do pipi": https://lishbuna.blogspot.com/search?q=O+magno+e+eterno+problema+das+maminhas%2C+da+pilinha+e+do+pipi
ResponderEliminarCar@ Anónimo@
ResponderEliminarJá somos dois. Na praia, com as televisões atrás, a mandar recados, a dizer que não fala mas não se calando: a verdadeira seca.
Um bom domingo.
Olá João,
ResponderEliminarBela antologia ali tem da magna, fracturante e eterna questão do que temos mas temos que fazer de conta que não temos porque, se dizemos que temos ou que não nos importamos de constatar que os outros também têm, lá vem escandaleira. Mundinho mais careta...
Um bom domingo, João.