Quem segue a politica portuguesa pode ser levado a pensar que existe um conluio entre o Exmo Sr. Presidente da República Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e os órgãos de comunicação social.Sua Excelência julgará ser absolutamente necessário ter uma presença constante nos media, seja por motivos relevantes ou não, e estes, por sua vez, publicam, comentam, recomentam e voltam a recomentar tudo o que o Sr. Presidente diz. Aliás, até lhes é proposto pelo Sr. Presidente que comentem o que ele não diz.Embora, segundo me parece, a função presidencial requeira recato, bom senso e sentido de Estado deixo aqui alguns pontos que proponho o Sr. Presidente traga para a opinião pública. Na realidade, a importância das questões que abaixo refiro para um regular funcionamento da nossa democracia -- sem pseudo dramas e dissoluções fantasma--, deveria merecer a atenção do Sr. Presidente e proporcionaria mais um enorme conjunto de notícias e comentários.
- Será que o Sr. Presidente não deveria comentar a forma como funciona a Justiça em Portugal, nomeadamente as investigações do MP?
Não merecerá um comentário de V. Exª os tempos que demoram as investigações e a forma como as informações sujeitas a segredo de Justiça são passadas para os media? E acha bem que não se investigue como e por parte de quem são sucessivamente violados os segredos de Justiça dos diversos processos?
O Sr. Presidente acha bem que a partir da informação que é indevidamente passada para os meios de comunicação social e da forma como estas a tratam, haja portugueses que são julgados e condenados na praça pública sendo inocentes (ou mesmo culpados)?
O Sr. Presidente não deveria alertar para o contributo que esta atuação da Justiça dá para fomentar os populismos?
- Será que o Sr. Presidente não deveria comentar a forma como funcionam as Comissões Parlamentares de Inquérito no Parlamento?
Não merecerá um comentário do Sr. Presidente a forma como são feitas as inquirições nas CPI que mais parecem interrogatórios policiais destinadas a comprovar ideias pré-concebidas do que inquirições destinadas a saber a verdade dos factos que deveriam ser analisados?
Não seria pedagógico alertar para a péssima imagem que estas CPIs passam para a opinião pública?
- Será que o Sr. Presidente não deveria reflectir publicamente sobre a situação atual na comunicação social?
Não merecerá um comentário ao Sr. Presidente o facto de os jornalistas raramente respeitarem a isenção que lhes é devida, as televisões estarem pejadas de comentaristas que mais não fazem do que seguirem agendas pré-definidas e às vezes muito pouco transparentes, e não haver critérios de idoneidade e isenção que presidam à divulgação das notícias?
Não estaremos perante situações que intoxicam a opinião pública e desvirtuam a democracia e portanto devem ser objeto de comentário do mais alto Magistrado da Nação?
- Será que o Sr. Presidente não deveria ter deixado uma nota, ainda que subtil, sobre o discurso indecoroso do antigo Presidente Aníbal Cavaco Silva?
Será que um anterior Presidente da República vir a público, qual Trump fora de tempo, exacerbar os ânimos, dividir o País entre bons e maus e extremar posições, não deveria merecer uma observação pedagógica do Sr. Presidente?
Exmo. Sr. Presidente Prof. Marcelo Rebelo de Sousa,
Seria muito útil para o País que, no tempo exigente que atravessamos, com uma guerra na Europa e uma radicalização entre as grandes potências, internamente pudessem ser garantidas as melhores condições para seguirmos em frente.
Como não quero acreditar no que o Dr. José Miguel Júdice vem referindo sobre o Sr. Presidente, aqui lhe deixei alguns assuntos sobre os quais algumas reflexões sensatas serão bem vindas e úteis.
Tenho para mim que os principais motivos da presente instabilidade que se observa no nosso País são a forma como a Justiça se comporta, a falta de rigor da comunicação social e, lamento dizê-lo, a presente actuação de V. Exa., Sr. Presidente.
Não tenho grande esperança de que o Sr. Presidente ainda esteja a tempo de emendar a mão mas deixo o meu modesto contributo para que V. Exa. possa ter mais algumas notícias nos media e para que eles tenham assuntos verdadeiramente relevantes de que se ocupar.
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NB: Como se pode ler no título deste post, o texto acima é da autoria do meu marido.
Este sábado, enquanto fazíamos a nossa caminhada de fim de dia, eu ia falando no que tinha escrito na véspera e ele também ia a refilar com Marcelo Rebelo de Sousa, revoltado por o Presidente centrar toda a sua atenção em irrelevâncias 'caseiras' do funcionamento do Governo que não interessam para nada em vez de louvar o seu bom desempenho e, sobretudo, em vez de chamar a atenção para o que de muito grave acontece noutros sectores.
E acrescentou: qualquer dia escrevo eu uma coisa. De imediato agarrei a oportunidade. Por isso, mal chegou a casa, foi sentar-se ao computador. E, passado um bocado, já eu estava a receber um mail dele com o texto que acima puderam ler (e com o qual, diga-se, concordo na íntegra).
Completamente de acordo!!!
ResponderEliminarPerfeitamente de acordo! Parece-me que se impõe uma reflexão do Senhor Presidente relativamente à frase que há pouco proferiu, enxertando-a no discurso aos empresários: "Quando o poder entra em descolagem em relação ao povo, não é o povo que muda, é o poder que muda". Será que o poder do Presidente não está em risco de entrar em descolagem em relação ao povo?
ResponderEliminarBom domingo!
Filo
Na mouche!
ResponderEliminarOlá UJM
ResponderEliminarO texto do Sr. seu marido, faz todo o sentido, e, parece-me bastante apropositado feito a um representante do mais alto cargo politico da nação.
O problema que leva, a uma não resposta a estas questões levantadas, é, exatamente, o estado atual de completo desnorte, e falta de clarividência, por parte do Presidente, fruto da estratégia constante de ultrapassar os seus poderes presidenciais, tentando subalternizar um governo com a mesma legitimidade eleitoral que a do PR.
A uma constante ultrapassagem e ingerência dos poderes presidenciais , António Costa resolveu acabar de vez com tais ingerências, e tratou de sentar o Presidente Marcelo levando-o a uma humilhação jamais equacionada pelo PR Marcelo.
Marcelo é hoje, do ponto de vista politico,( socorro-me de uma cena de caça) uma presa ferida de asa, que vai sucumbir quando diminuir a resistência de voo. Marcelo tem o seu ego ferido, diria, a sangrar, com a afronta (e bem!) de Antónia Costa no caso Galamba, não tanto, em defesa do ministro mas, no modo como utilizou o caso para dizer a Marcelo que quem manda é o primeiro-ministro e mais ninguém.
O que penso, do que dentro meses ,vai acontecer?
Marcelo, a única saída que tem, é demitir o parlamento e por via disso, demitir o governo, marcar novas eleições, sabendo que o PS as vai ganhar com maioria ou não, e, depois, pedir a demissão do cargo presidencial, encontrando assim, a saída menos traumatizante e claustrofóbica para acabar com o seu descrédito como PR, depois da humilhação por culpa própria, que sofreu, infligida pela maior ( apresento desculpa pela fraseologia "puta politica" que é António Costa.
Dir-me-ão, está a ver muita ficção!, não, é a única saída que um politico inteligente, pode tomar numa contenção de danos, e, Marcelo, pode ser muita coisa que não gostemos, mas que é inteligente, é, e é isso que lhe resta e fará.
A Todos,
ResponderEliminarTransmito-vos o agradecimento do meu marido.
Há pouco perguntou-me se já alguém tinha lido o que ele tinha escrito. Estive a ler-lhe os comentários (ele hoje não pegou no computador...) e disse-lhe que, até àquele momento e desde que o post tinha sido publicado, já tinha havido mais de 1.700 visitas e que, naquele preciso instante, estavam 27 pessoas a ler o post dele. Ficou contente.
Já o estou a convencer a escrever mais. Respondeu-me: "Não abuses!". Mas acho que com um jeito manso conseguirei que, de vez em quando seja ele a opinar.
E desejo-vos uma boa semana!