sexta-feira, abril 14, 2023

Geneviève Côté - sai um big golden buzzer para ela.
Quanto ao Jack Teixeira, estou curiosa. Deveras curiosa.

 

Metade do dia foi passado numa sala cheia de doentes com enfermeiros e médicos pelo meio, tudo ao molho e fé em deus. 

Nada de mais, apenas uma consulta de seguimento depois do internamento. Ela, noventa frescos anos, a mais jovem e a mais em forma daquela malta toda. A enfermeira chefe dizendo às outras: tenho cá de sessenta em pior estado que ela. E quando o médico chegou e olhou em volta, certamente sem perceber qual seria ela, a enfermeira: não vai acreditar mas é aquela ali, a que está com a filha de pé, ao lado. 

Penso sempre que seria bom que pudesse filmar. Há apontamentos que de tão trágicos chegam a ser cómicos, há personagens bizarras, outras tristes e outras que desbobinariam a vida inteira assim a gente lhes dissesse que falassem à vontade. 

Claro que penso sempre no que toda a malta penou com o RGPD e, afinal, ali é tudo à vista e ao ouvido de toda a gente: nome e idade, onde dói, o que toma, como faz, etc e tal. Tudo se pergunta, a tudo se responde, todos à frente de todos.

Poderia sair dali a escrever uma novela. Não há cá privacidades para ninguém, isso é coisa de gente folgada, com saúde.

Na outra metade do dia, porque me levantei antes do sol raiar e me tinha deitado quando a noite ia bem alta, estive a escrever uma coisa à qual ainda vou ter que retomar pois, ao escrever, estava prestes a ser devorada pelo sono.

Na metade seguinte, andei a passear na praia, que nada como o ar do mar para uma pessoa ficar ainda mais ko quando de lá vem. 

Um sol tímido e um ar fresco, nada a condizer com as férias que me apeteciam. Mas montes de gente. Penso que é por ser período de férias. Para além disso muitos erasmus. E, cá para mim, também muito nómada digital. Digital e não só. (Sei lá).

E agora estou aqui a ver se perdi alguma coisa durante o dia. E acho que nada. 

Só uma little coisinha. Quero dizer que acho o máximo o puto que alegadamente sacou informação ao Pentágono, Jack Teixeira de seu nome, ser neto de portugueses. Acho tudo o máximo, isso e que, aparentemente passando ao lado de mil sistemas de controlo,  chegue um puto (neto de portugueses!) e faça uma destas. Gramava saber por que porta é que ele entrou ou com que chave ele abriu a porta por onde se esgueirou.  Ou não foi preciso nada disso? Nem arte nem engenho? Será que estava tudo à disposição? Seria, por exemplo, simplesmente um funcionário do departamento de Gestão e Classificação de informação com que ninguém se preocupava? 

Million dollar doubt, claro.

[NB: Acho o máximo é como quem diz: é crime condenável, claro, e sobre isso não há duas leituras. É crime e ponto final. Mas a perna às costas com que o puto deu a volta a sistemas milionaríssimos operados por mega experts da coisa deveria dar que pensar a todos quantos se julgam o máximo na cibersegurança e na segurança em geral]

E, aqui chegados, talvez estejam a fazer contas de cabeça, conjecturanto sobre o fenómeno matemático que é 1 dia (ou, quem diz um dia diz qualquer outra coisa) ter várias metades -- mas é o que é. No mundo topológico que habito as coisas não têm forma ou contornos definidos e uma coisa tanto é a coisa em si como também as coisas adjacentes que com ela coabitam. Numa versão menos analítica e mais literária houve quem o dissesse dizendo que o homem é o homem e as suas circunstâncias.

Seja como for.

O que interessa é comprámos sushi e, enquanto o meu marido vê o Sporting, eu estou aqui no bem bom, sem jantar para fazer, podendo estar neste preguiçoso parlapiê que não aquece nem arrefece.

Tirando isso, é sempre de gosto que vejo os Botões Dourados. Claro que haverá quem ache isso uma futilidade mas eu, que não sou de me calar, direi que antes derreter-me com botões do que com vistos. E se esta Geneviève é do caraças... Há quem fuja ao banal e arrisque na diferença. Eu, que sou uma bem intencionada, diria que deles é o reino dos céus. Mas já sabemos que deus parece preferir os quadradinhos pelo que esta malta geralmente tem que penar. 

Não aqui. Aqui, no Um Jeito Manso, as portas estão sempre abertas para o que é diferente (e bom).


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Como é bom de ver as fotografias que usei para ilustrar o texto não eram para aqui chamadas. Mas vieram e quem sou eu para as pôr a andar? São obra da Inteligência Artificial a mando de Gokul Pillai que resolveu ver como ficariam os muito ricos se fossem muito pobres. E cá estão eles.
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Um dia bom
Saúde. Boas vibes. Paz.

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