quinta-feira, março 16, 2023

Uma pena...

 

Meia decisão já está. Vou começar a fazer hidroginástica pelo menos duas vezes por semana. Para os meus joelhos que tão sacrificados têm sido, não apenas por andar com tanta criança ao colo como por carregar tanta pedra, é aconselhável fazer exercícios que não lhes ponham carga em cima.

Ao escrever isto, lembrei-me do que andei com os meus filhos ao colo quando eram bebés. Não conduzia na altura e ia levá-los à minha sogra. No caso da minha filha, até ao irmão nascer. Pelo meio fiquei grávida e carreguei-a a ela, aí apenas ao colo quando dizia que estava cansada, e mais  a minha enorme barriga. Depois ela foi para o infantário, e ia levá-la e depois seguia com ele para a minha sogra. Qualquer deles era bem pesado. Tinha que apanhar dois ou três transportes até lá chegar e a mesma coisa no regresso. 

O meu marido tinha um trabalho que o obrigava a uma disponibilidade profissional grande, nomeadamente a deslocar-se. Passava frequentemente dias fora. Eu, como amamentava, tinha duas horas a menos de trabalho por dia, ou seja, só tinha que fazer seis horas. 

E aquilo não me custava muito. Cansava-me, é certo, e às vezes quase me parecia que não conseguia dar passo (pois levava-os a eles, levava mudas de roupa, levava a minha bolsa e, às vezes, uma pasta com documentos que levava para trabalhar em casa), mas depois facilmente recuperava. Com vinte e poucos anos faz-se tudo com uma perna às costas.

E depois foi aquilo lá in heaven. Pedras por todo o lado. Algumas só com uma máquina se moviam. Mas tudo o que fosse pedregulho, e lindos que eram (e são), eram movidos à mão por mim (e pelo meu marido, contrariado) para fazer bordaduras de caminhos ou canteiros. A minha mãe ficava doente só de me ver, dizia que eu iria pagar isso, nos joelhos, nas costas, quando fosse mais velha. Agora está sempre a recordar-mo. Mas agora já não posso voltar com o tempo para trás. Portanto, adiante.

Outra vez, ouvi dizer que, para o chão de madeira ficar bonito, nada como vaselina líquida. Resolvi então aplicá-lo. E estava nisto ouvi tocar à campainha, um toque insistente. Levantei-me e ia à pressa abrir a porta, esquecida que o chão estava cheio de óleo. Voei. Literalmente voei. E foi de tal maneira que, não sei como, aterrei de joelhos. Sabem aquela palavra que até arrepia, excruciante...? Pois, exactamente. Tive uma dor excruciante. Durante um bocado fiquei no chão, incapaz de me mexer. Doeram-me os joelhos durante não sei quanto tempo. Ainda agora, ao recordar esse episódio, me lembro da dor que senti.

Não me ocorreu ir ao médico. Com duas crianças pequenas, um trabalho que não me dava tréguas e o meu marido numa multinacional que o absorvia sobremaneira, a minha preocupação era não falhar com as minhas obrigações. Tudo o resto era desvalorizado.

Agora já não interessa. O que interessa é conseguir viver o melhor possível com a condicionante que tenho. Na maior parte do tempo, aliás, nem me lembro que a tenho. Mas se faço algum esforço, aí já sei que pode sair uma inflamação do caneco.

Portanto, hidroginástica com ela.

Mas não chega. 

Sobretudo, como o meu marido se recusa a fazer hidroginástica (não o diz mas sei bem que ele acha que hidroginástica é coisa para velhas), queremos fazer qualquer coisa a dois. A dois, não. Ao mesmo tempo. 

Portanto, já pensámos onde havemos de ir e amanhã ou depois vamos lá falar com um PT para nos traçar um plano de exercícios, sobretudo de flexibilidade e musculação. E estou a escrever musculação e não sei se é a designação correcta. Mas, pela parte que me toca, se puder perder gorduras localizadas, melhor. O meu marido diz que, neste capítulo, talvez uma dieta fosse mais eficaz. Se calhar também vou pensar nisso a ver se perco estes quilos menopáusicos que aqui se alojaram e não saem nem por mais uma.

Mas isto para vos dizer que, se numa próxima cerimónia dos Oscares, quando se chegar ao de melhor argumento, virem subir ao palco uma turbinada portuguesa apenas como uma pena sobre os seios já sabem quem é. E mais não digo.

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Mas, calma, esta aqui acima não é quem possam estar para aí a pensar. Ná. 

Pela parte que me toca, o que posso dizer é que ainda tenho muito trabalhinho pela frente até chegar ao ponto em que Hunter Schafer se apresentou nos Oscares.

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4 comentários:

  1. "ainda tenho muito trabalhinho pela frente até chegar ao ponto em que Hunter Schafer se apresentou nos Oscares"

    Muito mesmo. Sabe que a/o Hunter Schafer é trans?

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  2. UJM com este som, a hidroginástica tinha outro ritmo.

    Falando mais a serio, os meus joelhos melhoraram significativamente andando entre 6 a 10 mil passos dia. Comigo resultou.

    https://www.youtube.com/watch?v=-XTAK0avUEw&list=RDGMEM2VCIgaiSqOfVzBAjPJm-ag&start_radio=1&rv=euphUcjqdJw

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  3. Olá João,

    Já me fez rir. 🤓 Não fazia ideia... De facto uma trabalheira caso queira mesmo seguir-lhe os passos...😃

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  4. Olá Ccastanho,

    Já me referi aos passos no post que acabei de escrever. E fiquei a pensar que, na volta, de vez em quando ao 'esticar-me' não lhes faço muito bem. Aliás, o problema que recentemente tive teve origem em excesso de passos em dois dias em que andei mesmo muito (não só as caminhadas lúdicas mas porque calhou ter mesmo muito que palmilhar), ainda por cima naqueles dias em que esteve um frio de gelar.

    Acho que os joelhos (os sensíveis como os meus, pelo menos) querem alguma regularidade na movimentação mas também alguma moderação. Mas eu estou habituada aos 15.000. Se for em piso bom, tudo bem. Mas, por exemplo, ressinto-me se caminhar em areia mole, molhada e piso inclinado.

    Agora, sem carga (sacos muito pesados ou regadores de 10 litros cheios, por ex, são péssimos para mim), e em situação normal de caminhada, aguentam-se lindamente. A ver se a hidroginástica faz com que se fortaleçam mais.

    Gostei da música, bem mais calminha que a da aula de hidroginástica, e até a usei no post de hoje.

    Muito obrigada, Ccastanho.

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