domingo, fevereiro 12, 2023

Há coisas para as quais custa encontrar explicação


Não estava em nossa casa. Estávamos a jantar com uns dos meninos e, por isso, não consegui ouvir bem as notícias. Os pais, antes de irem para o concerto, tinham encomendado sushi e pizzas e estávamos os cinco acampados na sala de cima onde antes um dos meninos tinha estado a ver desenhos animados. O irmão tinha estado a jogar futebol online com um dos primos e a irmã tinha chegado havia pouco a casa, trazida pela mãe de uma amiga. Em vez de irmos jantar lá em baixo, resolvemos ficar ali, estava mais quentinho.

Na televisão, quase sem som, víamos as ruas com a baderna do costume. Inclino-me para que grande parte daquele ajuntamento não seja constituído por professores. Acredito que sejam sobretudo auxiliares (e não sei se é esta a designação do que antes se designava por 'contínuo'), polícias (pareceu-me ver que os polícias se tinham posto à boleia dos professores), sindicalistas profissionais, órfãos da geringonça que por aí andam a tentar descobrir qual o seu rumo, descontentes da vida em geral, adeptos do Chega (li, sem surpresa, que o Chega se tinha juntado à trupe) e mais uma malta que parece ter vindo do Chapitô, tanta a animação de rua. Olho as imagens e sobretudo vejo gente com tudo menos aquela atitude de respeitabilidade que ainda teimo em querer associar aos professores. Estes mais parecem bandos de malta indiferenciada a antecipar as paradas de Carnaval. 

Do que parece, todos querem 'respeito' e a reparação de todos os males do mundo. Qualquer um@ que seja de tipo maria vai com as outras se sente ali representad@. Calhou o investigador da Amazónia e demais seguidores, com o Nogueira a reboque, dizerem que querem 'respeito'. Mas também poderiam baldar-se a dar aulas e andar no maior forrobodó pelas ruas em nome da 'boa educação' ou da 'verdade'. Quiçá até da 'elegância'. Conceitos que dão para tudo e para mais um par de botas. Qualquer um pode sempre achar que ainda há falta de boa educação ou de verdade ou de elegância e, vai daí, convocar greves e manifestações.

Há-de sempre haver alguém mais frouxo das ideias que ache que qualquer balela é uma bela causa. 

Não sei é porque é que não há professores decentes, respeitáveis, preocupados com o ensino e com os alunos que façam ouvir a sua voz e se demarquem publicamente do vexame a que o Stop e Fenprofs os estão a sujeitar. Deve haver uma explicação mas não sei qual é.

Ontem soube-se de uma outra anedota, ainda que de um outro cariz: uma garota cujo nome não retive -- mas que é mais uma garota a assessorar uma ministra -- sugeriu que se acampasse na Ponte para defender o direito à habitação. Não sei a que é que ela se referia mas só pode ser disparate e disparate do grosso. Seria bom que o Costa desse um murro na mesa e proibisse gaiatagem desta -- impreparada, sem experiência de vida, incapazes de medirem o que dizem --, de fazer parte dos Ministérios, Secretarias de Estado. Miudagem desta deve estar a fazer estágios, a aprender. Caso contrário, o PS está a dar o flanco, estão a ser dados argumentos aos populistas. 

[Sim, António Costa, sim, tem toda a razão, de cada vez que deixa que coloquem gente ainda de fraldas, impreparada, no Executivo está a pôr-se a jeito. Não se admire se ouvir os Pestanas, os Cortezes, os Nogueiras e os Venturas desta vida a dizerem que se há dinheiro para distribuir por aí porque não há-de haver para quem eles querem.]

Não sei como é que, depois dos casos que envergonharam o Governo, Costa ainda não pôs um travão nisto. 

Para tudo é capaz de haver explicação mas, por vezes, custa a descobri-la. 

É como aquele homem que foi visto a conduzir com um sapato na boca. Porquê....? Porquê, senhores...?

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Desejo-vos um bom dia de domingo

Saúde. Paciência. Paz.

9 comentários:

  1. No que diz respeito ao respeito,
    "... para além da confusão reivindicativa explicita o que estará implicitamente a decorrer é uma greve política. Este tipo de greves são feitos com o objetivo de provocação ao Governo ou de influenciar a sua política. ..."
    in: https://apropositodetudo.blogs.sapo.pt/professores-no-que-diz-respeito-ao-343131

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  2. UJM

    A manif, foi um aborto. Nem os noventa mil que o terreiro do paço leva de capacidade, conseguiram encher com profs, pais e filhos dos ditos, e outros funcionários públicos como policias e exercito entre outros alapados no estado com o nosso dinheiro.

    A tática da CGTP para parecerem muitos, é distender os manifs para alongar a marcha a encher o olho. E a pacóvia comunicação social, histérica no rodopio de cobrir o acontecimento engolindo a tramoia, lá nos ia dizendo a mentira montada dos 150 mil sem a menor duvida da truncada informação que os sindicatos lhe deram para comer.

    O António Costa depois desta malograda manif, alça a perna e mija-lhes para cima sem pestanejar.

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  3. Fernando Proençafevereiro 12, 2023

    Boa tarde
    Pois eu penso que está a perceber pouco do que se passa. Tenho quarenta anos de ensino, penso que razoavelmente dados, sem faltas ao emprego etc. Cumpro com a minha obrigação e preocupo-me com a minha disciplina e com os alunos. Discordo de muito do que se vai fazendo dos conhecimentos que se desprezam, do facilitismo galopante e da burocracia que nos soterra. Não fui a Lisboa, faço umas greves por outras quando me parecem justas, mas não consigo perceber por que pedir a devolução do tempo em que estive congelado, faz de mim, talvez, um perigoso comunista. Razão tinha Vasco Pulido Valente (que também não era comunista, que eu saiba)quando dizia que a avaliação que se pretendia fazer dos professores pelos resultados das escolas eram sempre perigosos e injustos e isto só para dar um exemplo. O seu ponto de vista é o do português normal, para quem só os que trabalham no sector privado, trabalham. Só isso...

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  4. Caro Manuel,

    Concordo com a sua análise. Estive a ver o seu blog. Obrigada pelo link.

    Dou-lhe razão: estas greves selvagens visam criar instabilidade e minar a confiança geral nas instituições.

    Os pais, os que podem, estão a tentar inscrever os filhos no Privado pois no Público é o que se vê: estes pseudo-professores estão a sacrificar o ano lectivo, mostrando o maior desrespeito pelos alunos.

    Uma boa semana para si, Caro Manuel.

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  5. Olá Ccastanho,

    Já me fartei de rir com o que escreveu.

    Ontem, com a televisão quase sem som e com os meninos em volta, mal prestei atenção mas tem razão, a ideia que tenho é que o Terreiro do Paço estava muito à larga.

    Mas a comunicação social leva ao colo qualquer baderneiro que pretenda vingar no vício da maledicência. Se o Nogueira ou o Pestana dissessem que estava lá meio milhão e que até tinham chegado mais umas centenas de milhares em balões chineses, era isso que os 'jornalistas' papagueavam e nem lhes ocorria ver quantos profs há ao todo no país para aferir se o numero alardeado sequer fazia algum sentido.

    Com tanta demagogia e tanta burrice fica difícil a alguém impor-se com uma política rigorosa e racional.

    Mas, enfim, tenhamos esperança.

    Uma boa semana para si, Ccastanho.

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  6. Caro Fernando Proença

    Acredito que a vida de professor não seja pera mole. Mas qual é profissão em que tudo são rosas e mel?

    E no que se refere a tempo de serviço congelado gostaria de perceber em concreto que se referem. Tempo de serviço eu só conheço um: aquele em que se desconta para onde se deve, seja para a Segurança Social seja para a Caixa de Aposentações. E aí creio que ninguém mexeu.

    Creio que se referem a promoções automáticas em função do tempo de serviço, coisa que, na realidade, fora do El Dorado da Administração Pública, não existe nem faz qualquer sentido.

    Pergunte qualquer trabalhador de qualquer empresa se é promovido automaticamente em função dos anos de serviço. Vão ficar a olhar para si, de boca aberta. Era bom, era. Mas não é. Não existe.

    Portanto, como querem os professores o respeito da população quando trabalham metade do que os outros trabalham e exigem privilégios que mais ninguém tem?

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  7. As "virgens ofendidas não paramos" deviam ir desfilar na Praça Vermelha em Moscovo.....

    Esqueceram ou não estudaram a Unicidade Sindical em 74.

    Estão na onda do quanto pior melhor, regra comunista que se aplica quando os ventos não lhe são favoráveis.......as virgens ofendidas avançam com toda a confiança !

    A Vieira



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  8. Olá Alexandre,

    No entanto, acho que as virgens, em especial as ofendidas, acabam sempre por dar com os burrinhos na água...

    Não é?

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  9. Exagerei no comentário, misturas incoerentes.....

    A.Vieira

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