segunda-feira, janeiro 16, 2023

Depilação a cera (quente!)

 

Nunca fui muito peluda. Cabeluda sim. Mas peluda não. E o facto deles serem mais para o claro também ajuda. De qualquer maneira, desde novinha que não queria cá pelo nenhum nas pernas. 

Nessa altura ainda não se tinham inventado aqueles aparelhinhos mágicos que puxam o pelo pela raiz e permitem resolver o assunto em casa no maior asseio e rapidez. Nessa altura havia os cremes depilatórios -- mas de que eu ouvia dizer que eram como lâminas, cortavam o pelo e, depois de barbeados, eles haveriam de nascer como barba cerrada -- e havia a cera. 

Na cera havia modalidades: a que vinha em bandas que se aqueciam com as mãos, e havia a que se derretia e aplicava com espátula. 

Para usar em casa, era as de banda. Não eram funcionais ou, pelo menos, não me ajeitava. Comecei a ir a lugares em que se tratava disso. "Institutos de beleza" -- com aspas, reforço. 

Mas quando andava na faculdade não sabia onde ir, não era conhecedora do meio. 

Colegas recomendaram-me, então, uma que era muito eficiente e a bom preço. Era num segundo ou terceiro andar acanhado, sem elevador, tudo muito escuro, ali ao Largo do Carmo. Era a casa de uma mulher jovem, magra. Íamos para um quartinho ínfimo. Se calhar deitava-me numa cama, não me lembro. Marquesa não era com certeza. Duvido que houvesse papel protector para que não nos deitássemos todas no mesmo sítio. Talvez pusesse um lençol. Ou nem isso. Não me lembro.

Tinha, num pequeno fogão a gás de um bico só, uma panela escura, com ar sujo, com cera a derreter cujo cheiro estava entranhado em toda a casa. Com a espátula tirava a cera derretida da panela e passava-a na perna. Por vezes queimava. Com a mão aconchegava a cera, que solidificava rapidamente, depois puxava com força. Às vezes doía que se fartava, em especial nas virilhas. Puxa vida, que dor... 

A cera arrancada com os pelos agarrados voltava para a panela. Era mais que certo que ali estavam os meus e os de todas as universitárias que ali iam largar o pelo. Tinha para mim que a higiene de tudo aquilo deixava muito a desejar mas isso nunca me impediu de lá voltar.

Depois, já casada, abriu um pequeno 'instituto' mesmo debaixo da minha casa e aí já era coisa mais profissional, outra limpeza, marquesa, papel limpinho em cima, cera filtrada. No fim, já era com bandas descartáveis. Um asseio.

Nunca fui capaz de depilar as axilas com cera. Sempre imaginei que seria coisa para doer horrores. Aí é com gilete mesmo. Mas, como são poucos, fraquinhos e incolores, quase me esqueço deles. E a verdade é que nunca enrijaram por usar lâmina de barbear.

Depois mudei de casa mas, por sorte, lá perto, outro 'instituto'. Um jovem simpatiquíssima, despachada, asseada, cuidadosa. Não havia ocasião que não fosse precedida de depilação. 

Quando a Patty fechou fiquei aflita, sem saber como resolver a situação. Sentia-me incapaz de me manter civilizada sem a depilação regular das pernas. Felizmente foi nessa altura que apareceu a dita silk epil, instrumento do mais indispensável que há. Emancipei-me, ganhei autonomia.

Há algum tempo um amigo tinha que tratar do presente da filha que fazia anos. Perguntei o que era. Um voucher para depilação a laser numa clínica especializada em pelo. Achei um piadão. Clínica especializada em pelo... grande progresso. E deve ser depilação para todo o sempre. Qualquer dia será por um processo ainda mais sofisticado e recordações de um quarto escuro com um panela em cima de um pequeno fogão a gás parecerão inacreditáveis.

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E se estou com isto é porque vi um vídeo com que me fartei de rir e me trouxe à memória algumas das minhas próprias cenas com depilações, algumas profundas mas nunca tanto quanto a que aqui é descrita. 

Dani Calabresa passou um sufoco na depilação com cera 😬! 
| Que História É Essa, Porchat?

[Dani Calabresa tem a certeza que depilação no Rio de Janeiro é diferente que em São Paulo. Isso porque depois de uma simples resposta, a vida da comediante nunca mais foi mesma 😂!]


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E queiram descer caso queiram conhecer a fantástica Vitoria Bueno

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