O caso de Carla Alves é apenas mais um desta saga que mais começa a parecer uma tragicomédia.
As últimas nomeações são também, em parte, de bradar aos céus. Nomear miudagem que anda a fazer carreira no partido e adjacências é um absurdo. O Governo não deve confundir-se com uma creche para filhos do partido.
Nomear gente que tem no seu historial pessoal casos em que os media ou a oposição podem pegar, lançando dúvidas sobre a sua idoneidade é um risco, é um absurdo.
Restringir a selecção a gente da máquina socialista é outro erro, tomara que não fatal.
O PS carrega no seu historial a fama (e o proveito) de alimentar a gula de um máquina que vive à babugem de cargos públicos em que uns nomeiam outros.
[Não é só o PS. É o PSD e são todos os partidos que se instalam. Mas agora é o PS que está na berlinda pelo que é do PS que falo].
Contudo não me parece que a questão deva ver-se sob a lente partidária. O tema é abrangente, crítico e transversal demais para ser afunilado num ou noutro partido, parece-me. Deve ser visto sob uma perspectiva mais ampla.
Deveria haver um pacto de regime em que se convencionasse que para o Governo (tal como para Autarquias ou outras Instituições públicas) só deveria ir gente muito competente, com experiência e conhecimentos comprovados na área e, já agora, sem rabos de palha.
Para não se falar em abstracto, o que recomendo é que seja rapidamente encomendado (pela Assembleia da República?) um estudo a várias empresas de consultoria para que contactem quadros seniores, gente ligada à gestão ou intervenção nos mais diversos sectores de actividade, gente reputada, com prestígio e respeitabilidade, em instituições públicas e privadas, e os inquiram: ´
- iriam para o Governo?
- se não, porquê?
- que condições teriam que existir para que aceitassem integrar o governo?
[Recomendo que se encomende o estudo a empresas de consultoria pois andam por todo o lado, conhecem toda a gente, e recomendo que se recorra a várias para garantir transversabilidade e isenção].
Depois, que se reunissem as conclusões dos estudos das diversas empresas de consultoria e se retirassem conclusões para que, entre todos os partidos com assento parlamentar, se chegue a um consenso e a um pacto de regime. Uma outra derivada deste trabalho seria que se tivesse um guião de requisitos ou provas que qualquer possível candidato deveria cumprir.
Enquanto não se levar isto a sério e não se encarar o tema com algum rigor, sentido de responsabilidade e profissionalismo, estar-se-á sujeito a esta hecatombe.
O Correio da Manhã, quiçá a ser incentivado por forças ocultas (mas cuja proveniência nos podemos deitar a adivinhar) irá deitando abaixo, um a um, secretários de estado e ministros até que o Costa, cansado, atire a toalha ao tapete.
Isto seria um fartote para comentadeiros, venturas, ILs, montenegros e quejandos mas, na verdade, seria uma pena pois António Costa é um dos melhores primeiros-ministros que o país já conheceu. E seria um perigo pois o populismo e as forças mais obscurantistas e reaccionárias da sociedade estão à espreita.
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A primeira imagem provém do saudoso We Have Kaos in the Garden
Não concordo com a sua proposta, cara UJM. Não tardaria que essas empresas de consultoria ficassem capturadas pelos partidos, se é que já não estão ..
ResponderEliminarÉ suposto que os partidos estejam inseridos na sociedade, que conheçam e interajam com as universidades, com o mundo do trabalho, com tudo o que de mais relevante nela se passa.
O que acontece é que outros valores mais altos se alevantam. O amiguismo, as cunhas, a corrupção.
Sinto-me envergonhado com esta situação e com a chico-espertice anunciada que é a proposta feita ao Presidente da República.
E mais envergonhado ainda por não se ver alternativa fiável.
O amiguismo, as cunhas, a corrupção foram crescendo pós PREC 75, culminando com a maioria absoluta do PS......
ResponderEliminarA.Vieira
Cara UJM.
ResponderEliminarO que diz, de um modo geral, até estou de acordo. Até porque, há mais de 40 anos que voto Partido Socialista, e esta situação, deixa-me incomodado. Nunca fui militante do partido, mas, tenho nele ao longo de anos, amigos pessoais com vários desempenhos governativos a praticamente todos os níveis.
Quanto ás empresas de consultoria para escolher, ou selecionar pessoas, para cargos de pode tal como a UJM propõe. Não acredito, que uma possível (tanto quanto me é dado perceber) Chairman de sucesso, de um relevante grupo empresarial como o é, a UJM, conhecendo as relações politicas e empresariais destas (ditas, e impolutas...)consultoras ao mundo politico, não tenham rabos-de-palha ao logo da democracia? Qual a credibilidade destas ou outras pretensas entidades virgens de pecado encontra nesta sociedade tão pequenina nos interesses? E os escritórios de advogados também são virgens? Etc. etc. etc.
Depois, a escumalha da bolha mediática está em delírio, e a cumprir agendas politicas e económicas de quem lhes paga. Estes rottweiler estão sem açaime, estão em roda livre. É verdade que António Costa se pôs a jeito na sobranceria, e em pensar mais na europa do que no governo, e em politica, o vazio rapidamente há quem o ocupe, e aqui, Marcelo cavalgou o vazio acossado pela inflexibilidade do PS em aprovar a eutanásia, o que é uma verdadeira e monstruosa "afronta" o que o PS faz, aos valores mais reacionários e conservadores da igreja católica com os quais Marcelo bebe espiritualmente.
A briga de Marcelo neste momento tem com António Costa, resume-se: Eutanásia.
E nesta briga, António Costa tem um trunfo na manga que ajoelha Marcelo, que é: se Marcelo acabar com este governo, Costa no mesmo dia demite-se de secretario geral do PS, e Marcelo vai ter que levar com Pedro Nuno Santos pela frente. E se a direita não conseguir maioria absoluta, então, Marcelo, se dorme três horas por noite, começa a fazer diretas porque borra-se todo com uma convulsão politica no país. Isto se o PS não ganhar, apesar de tudo, penso que ganhava ainda que minoritariamente, e Marcelo entrava em paranoia. Portanto, o pessoal que se acalme porque Marcelo, jamais vai derrubar o governo por todas as razões acima referidas, e outras que ficam para outra altura de análise.
Marcelo, é uma pessoa sem experiência de governar. Tudo a que se propôs governar o povo não lhe deu votos para tal. Foi assim na câmara de Lisboa onde perdeu mesmo com braçadas na baixa, depois, com a AD, nem a votos foi capaz de ir, dada a banhada que levou do Portas. Portanto, Marcelo e Costa, estão condenados a matrimónio, com mais ou menos "pulos de cerca. .
"Tarde piaste" ....
ResponderEliminarOlá UJM
ResponderEliminarConcordo apenas em parte com o que escreve.
Há uma dimensão (que os políticos nunca agarraram pelos ditos) que contribui muito, mas mesmo muito, para o estado a que chegámos. Essa dimensão chama-se Justiça. É de todo inconcebível que um processo se arraste na Justiça dezenas de anos (caso vertente do marido da Carla Alves - do marido, não dela) sem que haja sequer acusação; Que se mantenha uma investigação a cozer em lume brando à espera de uma oportunidade para lançar poeira para os olhos dos cidadãos. Acresce que a vir a haver acusação será contra o marido da dita senhora que tem o azar de ter uma conta (uma) onde o marido é segundo titular, como qualquer dos comuns casais, conta esta que também está arrestada - ilegalmente à luz do Direito - em conjunto com as contas individuais do marido. Tudo o resto são efabulações, deduções e "alegadamentes" que a CS vai construindo com ardil, deixando hoje uma insinuação, outra amanhã e assim por diante.
É claro que a inépcia da senhora em questão foi de bradar aos céus, porque, se tinha um potencial "rabo de palha" nunca deveria ter aceitado o cargo para que foi convidada, ou tendo-o aceitado deveria antes de se demitir ter emitido um comunicado oficial e esclarecedor da situação como fez hoje o Secretario de Estado da Energia a quem a CS já tinha começado a dar bicadas.
Por estas e por outras é que não temos na politica pessoas de qualidade superior, qualidade à altura dos cargos. E não vai haver regulamentos ou escrutínios que nos valham, porque vai sempre existir um qualquer familiar, próximo ou afastado, cuja vida pessoal ou profissional condicionará os melhores a aceitarem qualquer cargo politico. Restarão sempre os ambiciosos, os menos capazes ou distraídos.
E só acrescento mais um pormenor "sem importância": Casos como a Tecnoforma, Submarinos, Coelha, BPN, não suscitaram à Comunicação Social semelhante indignação para com os governantes envolvidos. Intrigante, ou talvez não.
Um abraço.
Caros Todos,
ResponderEliminarO que sugeri tem a ver com conhecer as inibições da 'sociedade civil' bem como, ao contrário, as motivações a ingressarem em funções governativas. O que é dissuasor? O dinheiro? A devassa? A ausência de horários? A atitude pidesca de alguns deputados nas audições ou inquéritos parlamentares? O que motiva? O serviço público? Os conhecimentos? O status?
Conhecendo bem estes aspectos, conduzir uma reflexão transversal para ver como potenciar o que é atractivo e para atenuar o que é dissuasor.
Tem que se conseguir ter gente competente e experiente no governo.
Caso contrário só se consegue ir buscar miudagem ou gente que está pendurada no aparelho. Se se conseguir dois ou três capazes já será uma sorte.
E não tenhamos dúvidas de que, neste momento, há malta daquela que trabalha em campanha negras. Há certamente um ou dois partidos a alimentar esta campanha.
O pior é que há fragilidades.
Por isso digo que, enquanto não tivermos gente muito capaz, estar-se-á frágil, sujeito aos ataques do populismo e da direita mais troglodita.
Ter gente competente e forte é a melhor maneira de combater os ataques de quem tudo fará para destruir a democracia.
Um bom domingo a todos!