Por isso, nessa altura, cada som não identificado que eu ouvia me assustava. O terror escorria da literatura para dentro da minha casa. Receava ouvir suspirar de dentro das paredes, receava que uma mão saísse de um estante para me agarrar ou que um pássaro sinistro entrasse dentro de casa e me arrancasse os olhos, que sangue escorresse das torneiras. Temia sobretudo as almas do outro mundo. E quase receava ter vontade de ir à casa de banho pois sabia que lá estaria aquela cara medonha a ameaçar-me com o olhar.
Em contrapartida, uma das cenas que recordo como mais intimidantes prende-se com uma ausência de rosto.
Teria uns quinze ou dezasseis anos e tinha estado até mais tarde com os meus amigos. Era inverno, anoitecia cedo e estava um nevoeiro cerrado. Ia apanhar autocarro para casa mas mal via onde estava a paragem. Consideravelmente assustada, ia no passeio sem ver nada. Nada de nada. E, do nada, uma voz de homem disse o meu nome. Não vi ninguém nem reconheci a voz. Como o meu nome foi dito no diminutivo admiti que seria alguém que me conhecia de pequenina. Até hoje recordo o arrepio que me percorreu. Não sei se era o medo de que fosse um voz do além ou de um um monstro assassino se escondesse sob o espesso manto de névoa que envolvia o negrume da noite. Tenho uma vaga ideia de ver um vulto a afastar-se.
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E os bichos assustadores que aqui pairam com a sua horrível cara quase humana são tubarões-serra.
Com a ajuda de pescadores em Madagascar e na Tanzânia, cientistas descobriram duas novas espécies raras de tubarão-serra de seis guelras.
Nadando no oceano estão tubarões que parecem ter um corta-sebes preso à cabeça e um bigode pendurado no meio. Estes são os tubarões-serra e usam o seu formidável capacete para cortar cardumes de peixes. O bigode é um dispositivo sensorial que ajuda os tubarões a detectar presas.
[Artigo completo: Discovered in the deep: the extraordinary sawshark with a weapon-like snout]
Agora imagine-se se um dia estou a nadar ao lusco fusco e me aparece um monstro destes com estes olhinhos de pipi-cagão e a boca num esgar de profundo desprezo e diz o meu nome... Medo...
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Entretanto, choveu, ventou e trovejou como se não houvesse amanhã. A ver se as barragens ficam au point. As televisões mostram as ruas de Lisboa e arredores cheias de água, carros meio submersos e, num túnel, até mergulhadores. Só me espanta que o Marcelo ainda ali não esteja a observar in loco as ocorrências, quiçá mesmo a mergulhar.
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Mas se o omnipresente Marcelo desta vez falhou, quem não pode falhar em dia de chuva é Mariza com uma das canções que volta e meia aqui marca presença. Gosto demais.
Anime-se querida UJM, são 1,15horas e anuncia-se que MRSousa vai a caminho de Alcantara.
ResponderEliminarOs bombeiros pedem que não se circule pois o tempo vai agravar,no entanto...
Diria a minha avó NADA PIOR PARA QUEM TRABALHA QUE AQUELES QUE NADA FAZEM. E propõe-se continuar.
A situação não é fácil. Oxalá melhore e não faça mais vitimas.
Olá Pôr do Sol
ResponderEliminarPois foi. Mas hoje já caiu nele e já apareceu dizer que vai cumprir as recomendações e ficar em casa (a menos que seja preciso sair, claro...).
A mim sempre me intrigou como é que o Emplastro aparece sempre nos locais onde há notícia. E agora o Marcelo parece que anda a querer competir com ele, não é?
A ver é se de sábado para domingo não há outra vez chatice... As cidades não estão preparadas para fenómenos extremos.
Um beijinho, Sol Nascente!