Era um monte de pelo. Não se viam os olhos. Não se percebe como conseguia ver mas a verdade é que via tudo. Quando estava especialmente feliz, adivinhávamos que estava a rir pela boca. Apesar de quase desaparecida entre barbas e bigodes, nessas alturas era mesmo a boca de quem ri.
Nesta primeira fotografia, aqui abaixo, estava sentado na sala em que agora estou, junto aos meus pés. Quando era pequenino, gostava de se aninhar no cadeirão pequeno que está atrás, aquele em quadrados em tom rosa. Agora, como mal lá cabe, prefere ficar no chão, muitas vezes ao pé de mim.
Aqui abaixo estava in heaven, lugar de mil cheiros.
E aqui abaixo está deitado ao lado do meu marido, de barriga para cima. Todo ele pelo, mal se percebia onde estava a cabeça. Uma fera cabeluda muito fofa. Muitas vezes é assim que dorme. Significa que confia inteiramente no que o rodeia, está indefeso, à mercê, sabe que aqui está em paz.
(A mancha cor de rosa à esquerda na fotografia é o meu dedo. Para o apanhar assim, saquei do telemóvel e esqueci-me de retirar o dedo.)
E se as fotografias acima são do 'antes', esta aqui abaixo é já durante. Mal se vê mas tem uma fita de gaze em volta do focinho para o groomer poder actuar em total liberdade. Nunca fiando. Mas, quando foi para retocar em volta dos olhos, nariz e em volta da boca, tirou-lhe a fita e a fera manteve-se civilizadamente condescendente.
O monte de lã que ficou no chão daria para mil capachinhos, quiçá uns quantos para o dono. E digo uns quantos pois poder-se-iam escolher os pelos pretos para um, os grisalhos para outro, os brancos para outro, e uns em comprido, outros em curto. Desta maneira, consoante a disposição, assim escolheria o penteado. (Espero que ele não leia isto, senão é capaz de não achar muita graça à gracinha.)
Só fotografei quando reparei que a groomer (suponho que a mulher do groomer) estava a varrer o chão pelo que já só apanhei a parte restante.
Quando saímos, tal como contei, o bichinho vinha incomodado, andava à volta à procura do seu eu anterior. E punha-se no chão, a tentar com a boca perceber onde tinha ido parar a manta que antes o cobria. Em contrapartida, a genitália, antes envolta em pelo, agora está chocantemente à vista e, segundo me pareceu, isso também lhe causou alguma estranheza. Os dedos agora também estão quase a descoberto o que, em tempo frio, também não deve vir muito a propósito: está tempo para pantufinhas quentinhas e não para havaianas de dedo ao léu.
Abaixo, na rua, já sem aspecto de pastor.
Aqui abaixo, na sala, já não um cão de montes alentejanos mas um pequeno lord que gosta de se instalar em bergères, mostrando um perfil até agora desconhecido. É que, pelas feições agora a descoberto, nem parece da família do anterior.
E aqui abaixo, com os olhos muito redondos e brilhantes à vista, as sobrancelhas cortadas e penteadas para trás, com ar de cãozinho triste. O meu marido diz que até lhe faz impressão olhar para ele, diz que o pobre animal lhe parece infeliz. A minha filha diz que parece o Sad Sam. A mim só me apetece o mesmo de sempre, dar-lhe mimo.
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Estava com sono, com preguiça de passar as fotografias para o computador....
E o que posso dizer sobre esta operação de tosquia é que, da parte que me toca, só espero é que o pelo cresça depressa pois agora parece um cão mais normal. Preferia-o na versão atípica, felpuda. Mas, independentemente disso, cabeludo ou bem aparado, rebelde ou com
cabelinho à fod@-se (pardon my french), o meu ex-ursinho felpudo
é um bom amigo, um grande companheiro, um cão como nós.
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Um dia bom
Saúde. Afecto. Paz.
Oh, mas ficou bonita a ferinha... Só ficou com frio, foi uma boa tosquiadela e ela sente falta do casaquinho natural que a protege.
ResponderEliminarDepressa se habitua e larga a tristeza. Ela não fala, senão diria como nós na cabeleireira: não corte muito, só uma aparadela...
Obrigada UJM pelas fotos. Passem um bom fim de semana e. apareçam os meninos que o cãozinho se farta de brincar, todo contente.
Maria
Um disparate pegado essa tosquia. Se a natureza os criou assim é assim que devem estar. Por exemplo a franja nos olhos protege-os do sol pois esses cães têm fotofobia. Se voltarem a repetir a graça não se queixem se o bicho mais tarde vier ter problemas dérmicos. Pode é deve tosquia-se não com essa intensidade e muito menos no inverno.
ResponderEliminarQue tal o seu marido fazer uma depilação completa?
OH pobre bichinho! Fiquei com pena dele.
ResponderEliminarDesculpe a franqueza Um Jeito Manso, mas não se faz. Esse tosquiador não deve ter conhecimento de raças. Não se pode confiar nos grandes titulos.
Parece-me ver uma máquina na sua mão e segundo sei deveria ser cortado o pelo á tesoura.
Não admira que sinta frio e ande triste.
Há sempre uma primeira vez para tudo e de certeza não voltará a fazer esse corte à ....... raisparta.
Beijinhos e bom fim de semana.
Olá a Todos,
ResponderEliminarO bichinho andava com o pelo cheio de nós, bocados que pareciam rasta e outros que lhe 'arrepelavam' a pele. Coçava-se desesperadamente pois, em especial, nas 'axilas' aqueles pelos presos uns nos outros deviam causar-lhe muito incómodo.
Tendo falado com uma especialista na raça, disse-nos que deveríamos usar não um pente ou uma escova mas uma cardadeira para desembaraçar o pelo e o sub-pelo. Nós já tínhamos experimentado vários mas não resultavam. A única maneira era cortarmos aquelas bolas espalmadas de pelo e os nós e ele já andava com o pelo esquisito com as falhas das cortadelas.
Quer ela quer a pessoa que trata os cães dela, desta raça, disseram que a única maneira era tosquiar para eliminar todos os nós e, a partir daí, ir cardando para evitar que novos nós se formem.
Perguntei o que acontece aos cães que estão nos montes. Disseram que geralmente são tosquiados duas vezes por ano, juntamente com as ovelhas. Também disseram que no verão é que não se deve tosquiar por causa do sol. E que com o pelo molhado, no tempo de chuva, se o pelo está cheio daquelas bolas de pelo compactado e nós, com o sub-pelo húmido, ainda mais bolas de pelo se vão formar.
Não temos conhecimentos para saber se é assim mas acreditámos que ambos saberiam melhor que nós.
Seja como for, agora está feito. Espero que o pelo do pobrezinho cresça rapidamente e, entretanto, com a cardadeira, vamos escovando a ver se não se formam mais nós no pelo.
Enfim... Tentamos fazer o melhor mas a verdade é que não temos a certeza de consegui-lo.
Obrigada pelas vossas observações.
Abraço.
Um bom domingo.
Há muito tempo que leio o seu blog. Gosto de acompanhar as peripécias do seu peludinho,O nosso ultimo cão era dessa raça. Um grande amigo que nos deixou muitas saudades. Mandávamos cortar o pelo no verão. Mas não tem problema vai crescer depressa. Depois tem uns bons donos que não o deixam passar frio. Fico arrepiada com alguns comentários. O olhar dele faz-me lembrar o meu Perry meigo e inteligente. Abraço
ResponderEliminarObrigada por responder ao meu comentário. O nosso cão foi adotado bebe e sempre foi hiperativo, saltava o nosso muro para a estrada até houve quem nos aconselhasse a castração o que não fizemos. Sempre foi muito amigo dos donos e netos quando vinham de férias. Se alguém com aspecto estranho se aproximava do muro ficava furioso. Adorava ir par o campo com o meu marido era o primeiro a entrar no jipe e sempre foi amigo com os homens que ajudavam no campo. Nunca teve reações violentas. Morreu aos onze anos de ataque cardíaco. Perdemos um amigo e nunca mais quisemos cães. Temos duas gatas, uma com dezassete anos e outra com seis de quem o Perry foi amigo mas não íntimo. Não lhe posso ajudar mais. Abraço
ResponderEliminarNão sabe como são meigas as gatinhas, UJM ! Não está habituada a ter estes animais. Aqui temos sempre uma gatinha, tratá-mo-la como se da família fosse também. São diferentes dos cães, mas também um bom animal de companhia.
ResponderEliminarO seu ursinho é irrequieto, mas não me parece nada anormal o seu comportamento. Não se pode comparar uns com os outros, mesmo da mesma raça, têm sempre uma personalidade própria. Mimem-no, sem problemas!
Maria
Olá Maria,
ResponderEliminarPois, nunca tivemos gatos. Aparecem junto à casa mas são esquivos e não vislumbro nas suas reacções se não se assanhariam se eu tentasse tocar-lhes. Tenho-lhes receio. Ao passo que tenho uma relação de proximidade com cães, com gatos sinto distanciamento. Se calhar preconceito. Na casa ao lado da minha há dois gatos e às vezes vejo-os em cima duma mesa que têm junto à janela e sinto que devem ser uma presença ao mesmo tempo forte e subtil.
Quanto ao meu ursinho é um traquinas, teimoso, meio terrivelzinho. Mas, ao mesmo tempo, uma graça, uma inteligência, um amigo.
Obrigada pelo seu testemunho, Maria.
Uma boa sexta-feira!