No outro dia acordei a rir à gargalhada e depois fiquei na cama a conter-me para não continuar a rir não fosse o meu marido acordar.
Mas antes quero explicar uma coisa. Esta nossa fera cabeluda tem um hábito: quando algum de nós se afasta, certamente naquele seu instinto de cão pastor de não querer que nenhuma ovelha se tresmalhe, quer apanhar-nos com os dentes. Não morder para magoar. Nada disso. Agarra-nos a roupa e faz barulhos, como se estivesse a zangar-se por queremos sair do rebanho ou do seu redil. Quer prender-nos, quer que fiquemos onde estão os outros. Se não estamos para esses números, alguém o segura pela trela para que quem quer afastar-se se afaste em paz. Aí, ele fica num stress, não se quer ficar, põe-se a dar saltos, reviravoltas no ar, e a dar freneticamente aos dentes, fazendo autenticamente o barulho de castanholas, tudo para ver se consegue alcançar a pessoa que está a ir para longe do seu alcance.
Mas, caraças, o que me ri. Tive que me levantar e ir à casa de banho para me rir à vontade.
Mas, então, foi o seguinte. Conto.
E, então, toda a gente se desatou a rir, a rir, a rir. Uma gargalhada pegada.
Só que, de repente, um conjunto de mulheres que ninguém conhecia, meio velhas, vestidas de cinzento escuro de alto a baixo, pareciam gémeas, sentadas como se estivessem na assistência, desataram também a rir mas com os dentes a bater castanholas, faziam tal e qual o mesmo barulho que o nosso urso amalucado. Todos nós nos virámo para perceber o que era aquilo, quem eram aquelas, e elas riam que nem malucas a bater os dentes, iguais, desatinadas, sem compostura.
E foi aí que desatei a rir desabaladamente e que acordei a rir. Mesmo agora que estou a escrever estou a rir, só de rever mentalmente aquela situação.
O meu marido está muito admirado e eu até estou com dificuldade em explicar-lhe. Concluiu o de sempre: 'És maluca'.
Se calhar sou. Mas fazer o quê? Acho que nada, acho que sou um caso perdido de maluquice. Mas, pelo menos, sou uma maluca bem disposta, uma maluca malaluca gargalhuca.
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E foi também a minha filha que me enviou, no outro dia, um vídeo com imagens captadas pelas câmaras que algumas pessoas têm à porta de casa. Para aqui colocar fui ao Youtube e há inúmeros vídeos, cada um mais suculento que o outro. Escolhi este vídeo apenas porque é mais curtinho que os outros. Bom para rir.
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