terça-feira, setembro 06, 2022

poemas em tempo de guerra suja

 

E eis que me chega às mãos um livro de alguém que admiro e com o design elegante que caracteriza as edições Guerra e Paz. A capa é negra como é negra a guerra que nos ensombra e que aparece em grande parte dos poemas. Mas tem um círculo branco por entra a luz da poesia.

O autor é Eugénio Lisboa, o mais jovem, o mais irreverente, o mais brincalhão, o mais certeiro nas pedradas, o mais culto, o mais tantas coisas de entre os autores da nossa blogosfera.


Junto algumas fotografias que acabei de fazer a algumas páginas do livro (e peço desculpa pela má qualidade das imagens mas o telemóvel e a minha aselhice não dão para mais...) e que vou intercalar com a transcrição de alguns poemas e de uma observação (tudo em itálico).

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Receita para fazer uma guerra
Encontre-se um pretexto
     qualquer.
Dê-se a volta que um texto
     requer.
Cuide-se bem do contexto
     a rever.
Propague-se o hipertexto
     com saber.
Usar então o pretexto
     que houver
A guerra que está no texto,
     requer,
 ENTÃO,
bombardear o contexto.
     Morrer
estava previsto no texto
13.04.2022

Como se faz um Putine

Heil, Putine, que uma bruxa pariu,
em noite assombrada de segredos,
feitiços e mezinhas, e previu,
naquele monstro, só medos e enredos.

Heil, Putine, aborto malcheiroso,
cozido no enxofre do inferno,
em frenético coito ardiloso,
fazendo do planeta longo inverno

Heil, ó filho de coitas fedorentas,
lambido por demónio malformado,
farejando ruínas com as ventas

sujas de beber o famigerado
sangue dos que à vida já roubou,
feliz por ter feito quanto almejou

29.04.2022


Pergunta singela aos que persistem em defender Putine

Imaginem Rosa Casaco,
eleito nosso presidente!
Rimaria um tal velhaco
com um cargo tão eminente?

Mas ver eleito presidente
de uma Rússia tão augusta
este CAPA-Gê-Bê doente
não perturba nem vos assusta?

30.04.2022

Esta perplexidade é muito séria. Desde o tempo em que os nossos corajosos comunistas engoliam elefantes para justificarem as maiores atrocidades do regime soviético até aos dias de hoje, em que engolem hipopótamos para 'situarem correctamente' as acções de Putine, nunca deixou de me intrigar a dimensão dos seus esófagos e dos seus estômagos. Um verdadeiro caso de estudo.

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Poderia transcrever ou mostrar a imagem de muitos mais poemas deste livro tão oportuno, tão certeiro, tão lúcido, mas não seria boa ideia. O certo é adquirir o livro e lê-lo todo, de uma ponta a outra.

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Muito obrigada, Mestre Eugénio Lisboa.

5 comentários:

  1. https://blog.lusofonias.net/eugenio-lisboa-e-saramago/

    Já agora vá ler este artigo para ver o azedume e a inveja que Eugénio Lisboa transporta na sua caneta em vez de tinta.

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  2. Nuvens cinzentas,

    Desculpe que lhe diga mas não me parece normal... Onde é que Eugénio Lisboa, nesse texto, mostra azedume ou inveja? Desculpe lá: sabe ler? É que vejo ali um texto contra um certo provincianismo com o 'único nobel' como se isso fosse uma distinção absoluta quando há não sei quantos 'nobeis' que ninguém conhece e escritores fantásticos e eternos que não receberam nenhum 'nobel'. É isso que ele diz. E não é verdade? Leia a lista de escritores fantásticos ali enumerados que não foram nobelizados e tente perceber o texto.

    E, repare, acho que o Ensaio sobre a Cegueira é um livro extraordinário e claro que fiquei contente com o reconhecimento internacional. Mas isso não tem nada a ver com o que Eugénio Lisboa escreveu.

    Compreende?

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  3. Para seu esclarecimento, nessa lista, ele omite nomes importantes por questões pouco claras. Esses "poemas" que reproduz no seu blog são confrangedores pois a raiva sobrepõe-se ao interesse literário. Ele nunca gostou de Saramago, tudo que lhe cheire a comunistas faz-lhe azia, tal como a si. Esclareça-se, vá ver o que esse autor escreveu indignado com o Nobel entregue a Saramago e até ao facto de darem o nome de Saramago a uma rua. É doença.

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  4. https://dererummundi.blogspot.com/2010/07/uma-carta-de-eugenio-lisboa-enviada.html

    Vá ler este primor.

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  5. Nuvens Cinzentas,

    Mas qual é a sua? Quer armar-se em meu controleiro? Quer formatar-me o pensamento? Qual o seu propósito?

    Se quer embirrar com o Eugénio Lisboa, faça-o directamente em vez de estar aqui a querer convencer-me a pensar mal dele.

    Isto há com cada um...

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