terça-feira, agosto 30, 2022

Por causa de um mocho inspirado (ou coruja?) eu e o urso cabeludo chegámos a casa feitos num oito

 

Agora andamos entre o campo e os limites da cidade. Ao fim do dia, saímos do campo. Escuso de dizer que, ao aproximar-nos da big city, me apeteceu algo. Nada de novo e o meu marido, embora contrariado, fez-me a vontade. Faz de conta que estou grávida e estou de desejos. Por acaso nunca tive. Mas, se tivesse tido, acho que deveria ter sido satisfeita para as crianças não virem aguadas. Por isso, fomos para o meio da cidade. Lá chegada, hesitei entre o gianduja e o chocolate com rum. 

Optei pelo primeiro embora infeliz por, uma vez mais, não haver o de kumquat que esse, sim, me eleva aos céus. 

Adiante.

A seguir, pensámos no que seria o jantar. Tinha solução mas o meu marido estava mais numa de sushi. Resolvemos então ir ao japonês da 5 de Outubro. Mas não o encontrámos. Mais à frente vimos um outro. Pensámos que, na volta, era o mesmo com outro nome e outro décor e umas portas depois. Afinal nada a ver. Fui lá dentro. Incaracterístico. Se não fosse por já ser tarde e já ter metido na cabeça que a janta ia ser peixinho cru tinha virado costas. Assim, arranjei duas caixinhas deles. 

Quando chegámos, estava a rega a bombar. Há umas semanas o meu marido quis reduzir pois não é altura para gastações de água. Andou de roda da geringonça e veio de lá dizendo que já estava. Pois não estava, não senhor. No dia seguinte andou a ver se descobria os manuais. Não descobriu mas fez nova tentativa. Debalde. Dias depois, quando o jardineiro veio, contei-lhe que não queríamos tanta rega e que não conseguíamos anular um dos programas. Esteve lá de roda, ligou ao patrão e veio de lá a dizer que já estava. Qual o quê? Não se suspende nem por mais uma. Um sistema de rega com vontade própria.

Hoje, ao chegarmos, calhou estar a esguinchar na direcção do portão. Tentámos passar por entre os pingos da dita cuja mas nada, apanhámos banho a sério, nós dois e o urso cabeludo. O meu marido solta palavrões, invectivando os aspersores, a central, o jardineiro, e o mundo em geral. Eu e o dog pela trela esquivamo-nos a correr para dentro de casa mas, ainda assim, tive que pôr a blusa a secar, ele, que tem que trazer a tralha do carro, vem molhado a sério.

Adiante..

Agora que escrevo o canito já dorme a sono solto. Passado um bocado de chegar a casa, comeu como se não houvesse amanhã, arrotou que se ouviu a milhas e veio de lá de dentro quase a trocar as patas para se jogar no chão do corredor, aqui ao pé da sala, caindo a dormir.

A noite passada, in heaven, foi noite de S. João para ele e para nós dois. Habitualmente o cabelos dorme na salinha contígua ao nosso quarto. Como sempre, os vidros ficam abertos pois, para mim, a aragem fresca da madrugada é uma fonte de vida, não passo sem. 

Eis senão quando um sonoro uhuuuuuu-u, uhuuuuuu-u mesmo ao lado das portadas. Não sei se era mocho ou coruja mas estava. de certeza, na azinheira encostada à casa ou, então, no beiral sobre a portada. Escusado será dizer que o animal de guarda que pensa que é tudo dele se passou dos carretos. Estava possesso como se a casa estivesse prestes a ser invadida por um exército de larápios. Ladrou, saltou, doidão da vida. Do lado de lá, o bicho calava-se momentaneamente para, logo de seguida, atirar nova provocação: uhuuuuuu-u, uhuuuuuu-u. Eu dizia com calma: 'Está tudo bem, deixa, é só um passarinho', mas ele nada. Um ladrava e o outro piava (se é que aquilo encaixava na categoria dos piares). O meu marido, já passado, fazia um sonoro schiu! acompanhado de um enfurecido 'Tá calado!'. Os pernoitantes estavam do outro lado da casa, não ouviram nem mocho nem coruja, só a fera a ladrar. 

Por fim, a ave lá se calou mas o bicho-cão não conseguia calar-se, nem sei se já não ladrava a sonhar. Resultado: espertei. Uma espertina desgraçada. O meu marido adormeceu logo a seguir, eu é que fiquei até de madrugada. Uma seca das valentes, detesto noites em claro.

Pior é ter uma reunião complicada de manhã quando estava capaz era de me enfiar debaixo dos lençóis. Mas é o que é. Acho que consegui fazer de conta que estava bem. A seguir ao almoço pensei que conseguiria descansar. Tinha só que enviar uns quantos mails e, a seguir, poderia descansar um pouco. Sim, sim. Logo a seguir um telefonema. Pronto, descanso à vida.

Portanto, hoje está o felpudo e estou eu: perdidos de sono. Vidas duras as nossas.

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E, assim sendo, com vossa licencinha, vou pregar para outra freguesia.

Saúde. Bondade. Paz.

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