segunda-feira, agosto 29, 2022

Breve crónica de um dia in heaven com receita de ossobuco dentro.

E citações inteligentes de Einstein, só porque sim

 


Os esquilos estão certamente habituados ao silêncio, ao canto dos pássaros, ao sino que toca ao longe. 

Agora, quando aqui estamos, como não estamos só os dois, há muito ruído, os meninos falam muito alto, há sempre alguém à procura de alguém, alguém a chamar alguém. 

De manhã, varremos no lado da casa perto da fonte e da pedra grande. Vários carrinhos de mão cheios de folhas secas, de bolotas, de caruma, de pinhas roídas. Toda a gente a trabalhar. O meu marido lá por baixo desbastando árvores e nós todos, cá em cima, varrendo. Em alguns sítios já só lá vai de ancinho, que a caruma ganhou altura e se mistura com terra.

De esquilos nem sinal. Devem estar abrigados, intrigados, no alto dos cedros ou dos pinheiros, esperando que chegue a noite para virem cá a baixo tentar perceber o que se passa. Mas devem andar na zona mais baixa do terreno, que foi onde o meu marido viu o último. Já devem ter percebido que aqui em cima há arraial todo o santo dia.

O dia esteve muito bom, não excessivamente quente. À tarde a luz está dourada. Tenho tirado poucas fotografias pois, quando estivemos no Algarve, levava quer o cão quer a máquina para a praia. Colocava a máquina dentro do cesto. Mas foi naqueles dias de calores excessivos. O urso felpudo, encalorado, coitado, escavava freneticamente até encontrar areia molhada para nela se deitar. Nesse exercício de escavação, atirava areia pelos ares a uma velocidade e distância consideráveis. Muita dessa areia entrou para a cesta, mais concretamente para cima da máquina fotográfica. Resultado: o zoom não funciona, deve ter grãos de areia no mecanismo. Ora tirar fotografias sem usar a objectiva é coisa contranatura, não dá.

Os figos ressentiram-se com os calores excessivos. Não cresceram. Estão muito pequenos embora doces. As folhas estão a cair como se estivéssemos no fim do verão. Há vários cachos de uvas que também sofrem do mesmo mal. Os bagos pequenos, já quase secos. Não chove.

Para o jantar de ontem fiz douradas assadas e uma salada de choco com tinta. Acompanhou-se com batatas roxas cozidas com casca e, no final, temperadas com azeite, alho picado e coentros. Para o almoço de hoje, voltei a fazer uma salada de verão. Para o jantar fiz ossobuco.

Fiz assim o ossobuco:

De manhã, no tacho (um dos maiores que tenho), coloquei azeite, vinho tinto, cebolas cortadas grosseiramente, dentes de alho, folhas de louro, um pouco de alecrim e um pouco de sal. Tapei para a carne ficar a marinar. Eram várias rodelas assaz grandes de osso com carne em volta. Perto das quatro da tarde, juntei salsa, coentros, 2 alhos franceses, mais cebola, e liguei o lume. Depois de levantar fervura, baixei. Ficou até às sete e tal a cozinhar em lume fraquíssimo. Depois desliguei o lume e ficou a repousar.

Perto da hora de jantar, escorri o líquido do molho, juntei uma pinga de água para ficar a ser o dobro da quantidade de água. Juntei duas cenouras aos bocadinhos, salsa. Deixei que fervesse um bocado para amaciar a cenoura. Juntei uma maçã aos cubinhos (para cortar a gordura do molho) e juntei o arroz. Depois de ferver, baixei o lume e deixei a cozinhar até o arroz absorver todo o caldo.

Entretanto, tirei as rodelas de carne para fora do tacho, tirei o pauzinho do alecrim e as folhas de louro e, com a varinha, triturei as cebolas, a salsa e os coentros, os alhos franceses. Ficou um molho espesso. Juntei um pouco de vinagre balsâmico e mexi bem. Voltei a colocar a carne no tacho, agora mergulhada no molho espesso.

Acompanhou a carne quer o arroz, quer salada de alface a canónigos quer metades de pera em calda.


Só mais um pormenor: não são apenas os esquilos que estranham o barulho. Penso que o urso felpudo também se ressente um pouco do movimento que agora há cá em casa. Habitualmente, na maior parte do tempo, estava apenas com os donos que estão a trabalhar, por vezes não presentes. E, se estão, não correm, não brincam o tempo todo, e deixam-no gozar a sua vidinha como muito bem lhe apetece. Agora, por estes dias, há sempre qualquer coisa a acontecer aqui em casa e ele anda de um para outro, brinca com um, brinca com outro, feliz, feliz da vida. Ou, então, é o permanente desafio de guardar a casa: sai a correr de cada vez que algum som lhe chega do lado da estrada. Hoje de tarde, por exemplo, o som de uns cavalos deixou-o ao rubro. Correu, correu, ladrou, um frenesim. Pois não sei se por tudo isso, agora à noite, certamente cansado, foi deitar-se atrás do sofá, quase entalado entre as costas do mesmo e a parede. O meu marido há bocado passou por aqui, muito intrigado que não o via em lado nenhum. Pudera. Ali ninguém o incomoda de certeza absoluta. Encontrou ali um refúgio, provavelmente a ver se tem sossego. Fofo.

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E agora cheguei ao Youtube e tinha um vídeo com citações interessantes do Einstein. Não vêm a propósito mas isso não me parece grave até porque raciocínios inteligentes vêm sempre a propósito. O Einstein é aqui sempre muito bem vindo, às horas que lhe apetecer aparecer. 

Quotes Of Albert Einstein _ An Intelligent Person Avoids 3 Things

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Fotografias feitas aqui, in heaven

Gautier Capuçon interpreta o O oboé de Gabriel do filme  "A Missão" (Ennio Morricone)


NB: A tecla do H continua renitente em colaborar. Por isso, se derem por falta da letra já sabem do que é: mais uma greve de verão.

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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira

Saúde. Serenidade. Paz.

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