segunda-feira, julho 04, 2022

Palavras ziguezagueantes



Já adormeci duas vezes. Numa delas, o computador caiu ao chão com algum estrondo. De noite dormi pouco e não deu para descansar durante o dia.

Dia bom, a família junta. Dois dos meninos não estiveram pois estiveram numa festa. Os demais e respectivos pais estiveram. E estive também com a minha mãe. Aliás, entre o meio dia e a uma e meia fui às compras com ela. Andava a dizer-lhe que deveria sair da sua zona de conforto a nível de toilettes: devia ter túnicas coloridas, leves, vestidos frescos de verão. Como dizia que sozinha não se habilitava a uma tirada desse género receando que o tiro saísse ao lado, combinei ir com ela. Detestou ver-se com túnicas ou vestidos largos e não lhe neguei a razão. Está uns centímetros mais baixa do que antes e levemente encurvada e, por isso, algumas coisas não a favorecem especialmente. Trouxe umas calças fininhas, em branco com florzinhas verde claro, uma blusa de manga curta, linhas direitas, em alinhado cru, e uma túnica muito bonita, solta, com um colorido muito bonito. Claro que a túnica não é para usar com as calças às florzinhas. Usá-la-á com calças brancas ou jeans. Veio contente.

Também queria um saco em ráfia para levar para a praia mas não encontrou nada que lhe agradasse. Mas vimos alguns em lojas na baixa que estavam fechadas. Penso que irá visitá-las esta segunda-feira. Gosta agora de se vestir com vestuário actual, coisa que antes não privilegiava. Antes lembro-me de a ouvir sempre dizer querer coisas boas, de boa qualidade, bom corte, boas marcas. Vestia-se de forma clássica. Queria roupa que se mantivesse com bom ar, roupa intemporal e duradoura e, sobretudo, que não desse minimamente nas vistas. Temia que pudessem achá-la 'gaiteira'. Por isso, agora que está quase com noventa anos e começou a aceitar sair das suas zonas de conforto, é mais jovem do que quando tinha metade da idade. 

A mim até já os meninos me perguntam quando deixo de trabalhar. No outro dia, um dos meninos tentava convencer-me: 'Mas já trabalhaste muito, agora tens direito a não trabalhar'. Penso nisso, sim. Preciso de tempo para fazer o que me apetece e para coisas que não são críticas nem urgentes mas que deveriam ser feitas. Por exemplo, ainda há uns quatro ou cinco sacos por arrumar e já nos mudámos daqui a nada fará dois anos. Não tenho tempo. Parece impossível mas é verdade. São coisas que não fazem muita falta e que tenho que pensar onde vou arrumar. Mas a questão é que durante a semana nunca tenho tempo e os fins de semana passam a correr, sem um mínimo de tempo para tarefas desse género.

Há pouco, enquanto lutava para não adormecer, ouvi falar do que me parece ser uma certa barracada com a visita do Marcelo ao Brasil. Não poderei pronunciar-me pois desconheço o objectivo da viagem presidencial, não sei se foi com o objectivo de ir à Bienal de São Paulo, se foi com o objectivo de ir lançar a campanha do Valtinho para ver se é desta que arranja uma mulher que queira ser a mãe do filho que ainda está por conceber ou se o objectivo era mesmo visitar o Bolsonaro e o Lula e demais ex. Como não sei, não consigo ajuizar se a parvoíce está na agenda da visita ou na descortesia do bronco do Bolsonaro. Mas, para dizer a verdade, tanto se me dá.  São temas que, como dizia o outro, não me assistem. A única coisa que me chamou a atenção foi ver o Pedro Adão e Silva metido naqueles achados. Antes comentava na televisão, na rádio e no jornal. Agora tem que assistir a tudo de bico calado. E isso, para mim, tem graça.

Como estou mais a dormir que acordada, acho que, de cada vez que desperto, começo a falar de uma coisa que não tem nada a ver com as anteriores. 

Só tenho mais a dizer que, há pouco, antes de ter adormecido e ter deixado cair o computador, estava a ver vídeos de culinária, receitas simples. Já marquei o respectivo canal para ver com mais atenção quando tiver tempo e a cabeça fresca. Parece-me isto tema importante: cozinhar bem, diversificada e rapidamente. São vídeos silenciosos e fáceis de perceber. Hei-de experimentar uma receita a ver se é boa. Se gostar, logo digo qual é. É o tipo de informação útil que penso que toda a gente aprecia.

Também uma observação. No outro dia, creio que ontem ou antes de ontem (os dias foram tão cheio que parece que isto foi há mais tempo mas, tentando reconstruir, concluo que foi há muito pouco tempo), ao caminharmos por aqui ao fim do dia, numa casa longe da nossa, no jardim estavam dois homens que me pareceram bonitos e jeitosos, em frente um do outro: estavam a fazer o que me pareceu ser Tai Chi. Pareciam o espelho um do outro. Em silêncio moviam-se de forma lenta e elegante. Pensei que se calhar eram um casal pois estavam tão sincronizados e cúmplices que parece que se moviam em uníssono. Disse ao meu marido que um dia poderíamos tentar fazer uma coisa assim. Ele disse que sim. Mas eu, ao dizê-lo, pensei que ele, se quiser, faz sem hesitação ou falha. E eu não farei ou desatarei a rir ou não terei paciência. Não sei como poderei aprender a ser disciplinada mas acredito que isso seria bom para mim. No entanto, duvido que alguma vez na vida, mesmo com disciplina aos potes, consiga estar frente a frente ao meu marido a fazermos gestos vagarosos e sincronizados, eu sem me rir, ao longo de uma hora. Parece-me completamente impossível. 

E, pronto, tenho que ir dormir. Já não atino, adormeço de minuto a minuto. Sorry.

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Pinturas de António Carneiro na companhia de Four Women: Lisa Simone, Dianne Reeves, Lizz Wright, Angélique Kidjo

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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira
Saúde. Boa sorte. Confiança. Paz

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