Na verdade, a canalhice de Putin foi um separar de águas. É pena que tantos mortos, tanta destruição, tanta expatriação, tantas vidas destroçadas tivessem que acontecer para que olhássemos o mundo e uns aos outros de uma outra maneira.
E depois há os outros, nos quais me incluo, que vêem os cinzentos mas também, e muito claramente, o branco e o preto. Há coisas que são inequívocas. Quem começou a guerra. Quem invadiu outro país. Quem, tendo invadido outro país, o está a destruir. Inequívoco.
Virão os que gostam de se pôr do lado dos agressores, dos violadores. Dizem que os ucranianos se puseram a jeito: não quiseram ceder território à Rússia, quiseram ter a protecção da Nato, querem ser europeus de pleno direito.
1 - não fossem legítimas (... e são!)
2 - fossem o motivo para que Putin levasse a cabo os crimes (... e não foram)
Pois bem. Todas as evoluções recentes desmontaram essa torpe e cobarde narrativa. A Rússia já veio dizer que não está nem aí para que a a Suécia e a Finlândia entrem para a Nato tal como há muito que deixou cair a história da carochinha nazi. Desde há muito que a Rússia o diz com todas as letras: quer alargar o seu território à Ucrânia, quer refazer-se da desonra da quebra da União Soviética. Desde há muito que Putin o diz à boca cheia: o que a move são os seus ímpetos imperialistas.
E é este ditador, protector de oligarcas, imperialista e criminoso que ainda tem quem o defenda. Podem sentir algum rebuço e, então, disfarçam-se de pacifistas. Mas, ainda assim mostram-se como pacifistas tendenciosos pois, para que haja paz, não defendem que Putin pare a guerra que começou. Não, querem que o povo ucraniano se renda, capitule, aceite ser russo.
Fica mais claro quem defende a liberdade, a democracia, o respeito pelo direito internacional e quem, pelo contrário, defende tiranos, ditadores, corruptos, dementes, mentirosos, atrasos de vida.
Fica mais claro quem defende a paz. A paz baseada no respeito pela liberdade, pela democracia. Fica mais claro como a Europa é um conceito e um lugar de liberdade, de democracia.
A Europa tem defeitos? Tem. E tem, por isso, um longo caminho de melhorias a conquistar.
A Europa fica fortalecida com a barbárie de Putin.
Há a China, há a Índia? Claro que sim e de que maneira. Alguém ignora a relevância destes pesos pesados? Claro que não. Mas a forma como as peças agora se jogam no grande tabuleiro da geopolítica agora é outra. E cada vez o será mais.
O vídeo que aqui partilho é, em minha opinião, bastante bem feito, muito claro. Ian Bremmer fala sobre o assunto em mais um vídeo da Big Thing.
How Russia’s war in Ukraine is birthing a new global order | Ian Bremmer
“This is much deeper than just ‘let’s figure out how we can get both sides to get along.’”
Partindo de uma permissa errada, a conclusão fica enviesada! Nunca ouvi dizer que a Geopolítica é a preto e branco, isso seria um delírio;
ResponderEliminarSobre opiniões ou documentários, os qye existem são para todos os gostos ...
ResponderEliminarCesar, por favor, queira fazer o favor de me esclarecer: qual foi a premissa (não "permissa") errada de que partiu UJM? Qual foi o enviesamento da conclusão? E o delírio?
Cesar, olá,
ResponderEliminarQuer definir permissa? Talvez a solução da charada resida nisso.
Se quiser, também pode definir 'errada' e 'enviesada'. Saber a sua definição de 'delírio' talvez também fosse interessante.
Sem nos alinharmos quanto à semântica fica difícil perceber o alcance da sua tirada.
Vou ficar à espera, ouviu? Olhe que estou curiosa, sabe...?
Espero que até breve.
Olá Falcão,
ResponderEliminarJustamente. Acho que é melhor esperarmos pelas explicações do Cesar para ver se percebemos onde é que ele quer chegar. Fiquei curiosa, sabe? É que não percebi nada do que ele disse. Mas, na volta, as palavras têm para ele outro significado.
Uma boa sexta-feira, Falcão.