sexta-feira, abril 29, 2022

Por muito que os Segismundos e os Pachecos desta vida desvalorizem o que está a passar-se...

 


Não há para mim qualquer dúvida de que, na Europa, estamos a viver um período dramático, sangrento, impensável e muito perigoso. Bem podem os Segismundos e os Pachecos desta vida invocar todas as guerras desde que o homem começou a equilibrar-se em duas patas para desvalorizar o que está a acontecer que continuo a colocar-me ao lado dos que se sentem revoltados, nauseados e assustados com o que está a passar-se.

A Ucrânia está a ser desfeita e não se vê como vai isto acabar. Desde bombardeamentos sistemáticos, cercos para matar à fome e à sede os sitiados, pessoas a serem deportadas à força para a Rússia, a outros que, na Ucrânia, estão a receber passaporte russo, todas as formas de intimidação, desrespeito e esmagamento estão a ser levados a cabo. A bandeira da Rússia está já a ser hasteada em alguns locais da Ucrânia e, nas escolas ucranianas, a língua ucraniana está a ser substituída pela russa. Acho tudo isto miserável, canalha. Para além de ser um psicopata mitómano, brutal e assassino, Putin é também um canalha, um bandido que nem parece gente.

Alertam-me: e é só Putin?

Não. Não é só Putin que é assim. É ele e todos os que o apoiam.

E, por muito que queira alhear-me da posição comunista portuguesa, não consigo. Condenam que os ucranianos não se tenham rendido aquando da primeiras investidas russas, condenam os ucranianos por terem querido continuar a ser ucranianos, livres. Condenam os americanos por ajudarem os ucranianos a defenderem-se. Invocam mil argumentos para justificarem que não aceitam que a Ucrânia precisa e merece ajuda, respeito, admiração. 

Acho esta posição do PCP uma posição hipócrita, miserável. 

Note-se que acredito que nem todos os comunistas pensem assim. Acredito que, devido a esta posição do partido, muitos comunistas se afastem.

Penso sempre no que fariam as pessoas que seguem a linha ortodoxa e incompreensível do PCP se a Rússia um dia resolver invadir e destruir Portugal. Condenarão os que quiserem defender o país? A pretexto da paz, defenderão a rendição? Se estivermos a ser reduzidos a pó, as nossas casas desfeitas, se as suas próprias mães, mulheres e filhas estiverem a ser violadas por soldados russos, se as suas famílias estiverem a ser dizimadas pelos russos (russos esses que, depois de espalharem o mal, serão condecorados por Putin), essas pessoas, em vez de condenarem Putin, condenarão os que resistem e sofrem e imploram por ajuda? E condenarão os americanos por estarem disponíveis para nos ajudarem?

Essas pessoas condenam os Estados Unidos por terem ajudado a Europa nos tempos de Hitler?

Se calhar, sim. 

Não percebo. 

Nada do que dizem me faz sentido e tudo o que dizem me deixa incomodada. E parece que todos os dias há mais qualquer coisa que me deixa perplexa, revoltada.

A forma provocadora como Putin actua, de puro banditismo, coisa de gente desaustinada como se fosse um bando de marginais, fora-de-lei, alucinados, é de loucos. Penso que será certamente incontornável que o assunto acabará por ser resolvido internamente, pela própria Rússia. O pior é o tempo que isso ainda demora e o que o assassino fará entretanto.

Faz-me mal ler ou ver o que vejo na televisão ou nos vídeos. Não há notícias boas, não se antevê uma luz de esperança. Pelo contrário, parece que as coisas ainda poderão piorar antes de, um dia, começarem a melhorar. Quero acreditar que o animal desvairado não atacará outros países mas, sentindo-se perdedor (como certamente se sente), há-de querer vingar-se ou fazer alguma porcaria da grossa para, internamente, fazer de conta que está por cima.

E ainda estamos sobretudo a falar das perdas imensas directamente resultantes da guerra. Mas advirão, não haja dúvidas, perdas igualmente dolorosas a nível económico e, portanto, sociais.

Uma desgraça muito grande que nos está a atirar para as portas do inferno.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Ex-Russian bank executive explains what he thinks will stop Putin

Former bank executive Igor Volobuev left Russia to fight for his native Ukraine. He explains what he believes will stop Russian President Vladimir Putin


-------------------------------------------------------

Desejo-vos um dia tão bom quanto possível
Esperança. Força. Saúde. Paz

8 comentários:

  1. Não vejo, mas sou um bronco!, porque raio a Rússia há-de querer invadir-nos. Não vislumbro, a sério. Pelo menos se o país continuar a manter as mesmas coordenadas geográficas. Também não percebo, eu que nunca fui comunista nem serei, o anticomunismo primário que por aí grassa. Que eu saiba, não apoiam a invasão. Condenam a guerra. Muita gente esquece ou desconhece o que devemos aos comunistas por sermos hoje um país livre e democrático. Dir-me-ão que, caso tivessem podido, tinham instaurado uma ditadura pior do que tínhamos, e aqui chegados eu calo-me. Pelo que tenho lido, era previsível esta invasão, mas os “políticos” que ora temos por esse mundo fora resolveram brincar com o fogo, brincar com coisas sérias, mostraram desconhecer um animal chamado Putin. Mas sejamos sérios, Os EUA admitiriam México, Cuba, Venezuela no Pacto de Varsóvia? Claro que não. Armas nucleares nas suas cercanias? Lembremos Cuba, 1962. Outros tempos? Cautelas e caldos de galinha não fazem mal a ninguém. Porque as coisas são o que são, não o que gostaríamos que fossem. A Ucrânia está obrigada a entender-se com a Rússia, porque, azar dos diabos, tem-na como vizinha. De resto, se lermos entrevistas de Henry Kissinger ou do professor John Maersheimer vemos como “compreendem” esta invasão. São putinistas? Não me parece. A brutal hipocrisia que por aí alastra, leva-nos a esquecermos as múltiplas invasões que por esse mundo ocorreram e vão continuar. Dizemos, ah, mas isso foi noutros tempos, pois foi, mas nunca vi tanto alarido à volta das mesmas. Ah, mas isso não desculpa as actuais. Pois não. Mas quando lhes interessa invocar o passado para justificarem sua argumentação aí a coisa é diferente! Tivesse o criminoso Putin invadido o Ruanda e continuasse por lá a matar tutsis e hutus, teríamos a mesma chusma de jornalistas a cobrir o acto? Claro que defenderíamos Portugal de uma invasão russa, mas, ainda assim, a coisa não é assim tão simples, e não me vou alongar porque a coisa dava pano para mangas. É que eu vejo por aí gente voluntariosa, prontíssima para a guerra, mas espero que um dia não tenham mesmo de a enfrentar porque nessa altura há-de haver muita dispersão! Enfim, as coisas não são assim preto no branco, com toda a carga emotiva imprópria para abordar coisas sérias, muito sérias. E parece-me que estes lunáticos “políticos” que nos governam vão continuar a armar o mundo e a afundar-nos economicamente. É muito fácil sentarem-se em Bruxelas e aumentarem os orçamentos com armas, esquecendo-se dos orçamentos para melhorar as pessoas que desgraçadamente ganham uma ínfima parte dos chorudos ganhos dos senhores eurodeputados, é muito fácil. E, cereja no topo, o que é que é possível fazer para contrariar a acção de um país que disponha da arma nuclear e que esteja disposto a usá-la em último recurso? Porque é preciso juízo, muito juizinho. Há sempre um maluco, sabemos. Em 1945, um revanchista de nome Truman decidiu experimentar dois brinquedos, sem necessidade, e a coisa deu-se. Consta que há por aí gentinha a desamigar-se nos feicebuques, instagramas, tuiters, tiquetoques e o diabo a 7 por não terem seus pontos de vista. A isso chamo eu gente hiperdemocrata! São os mesmos que censuram a imprensa russa, músicos, escritores, cientistas… Senhora UJM obrigado pela sua paciência, vou continuar a tentar perceber este mundo sem conserto. Bem haja.

    ResponderEliminar
  2. O pZp que anda há anos a dizer que a nossa entrada da União Europeia foi prejudicial por nos ter retirado parte da soberania, é o mesmo que agora se está a marimbar para a soberania do povo ucraniano.
    O seu já não deputado António Filipe ilustrou bem o que eles entendem por soberania da Ucrânia quando estabeleceu paralelo entre a actual guerra e a invasão de Goa, Damão e Diu.
    https://derterrorist.blogs.sapo.pt/o-dia-em-que-cairam-da-cadeira-4995365

    Estou curioso por saber qual a posição do seu PEV. Estarão finalmente a preparar o congresso, estarão pelo menos preocupados com a ecologia e os verdes na Ucrânia ?

    ResponderEliminar
  3. Muito actual:

    "Medina Amigo, Setúbal Está Contigo!"

    A.Vieira

    ResponderEliminar
  4. Malcriadão-parvalhão,

    Logicamente não publico o seu comentário pois é tão ordinário, tão estúpido e tão despropositado que não tem aqui cabimento.

    Pelo estilo, imagino que seja daquelas pessoas que escreve obscenidades nas paredes e portas das casas-de-banho públicas. Ora, lamento, mas não aprecio o género.

    Portanto, faça o favor de dar meia volta e ir destilar a sua falta de educação para longe de mim.

    OK?

    ResponderEliminar
  5. Segismundo, meu Caro,

    Já vi que não entende metáforas ou coisas que tais. Não deve fazer leituras tão literais senão metade do que lê e ouve passa-lhe ao lado.

    Ou seja, na minha analogia, quem diz que a Rússia nos invade poderia dizer a Espanha, caso a Espanha estivesse nas mãos de um assassino como Putin e caso a Espanha estivesse armada e nuclearizada como a Rússia. Assim já perceberia melhor o meu exemplo? Se a Espanha achasse que Portugal não tinha direito a existir como país, se nos invadisse, destruísse, etc.. acharia bem que nos rendêssemos? Ou acharia que nos deixássemos matar porque guerras há por todo o lado e a gente a morrer é o que não falta... porque haveríamos de ser diferentes? E porque haveríamos de pedir ajuda aos Estados Unidos quando sabemos as pulhices que já lhes conhecemos?

    É isto, não é?

    Mas eu não penso assim. Eu gostaria de ser capaz de lutar até ao último pingo de sangue para Portugal se manter livre e independente.

    Diz que, tendo nós a Espanha ao nosso lado, estamos condenados a entender-nos. Mas e se a Espanha nos invadisse, nos destruísse... deveríamos entender-nos?

    Não. Não devemos entender-nos com assassinos, com gente que não respeita o direito internacional.

    E vem com episódios transactos sobre maus actos alheios... Mas, já sabe, não concordo nem aceito que, para defender crimes actuais, venhamos invocar crimes passados. Se todos formos assim, já a humanidade teria desaparecido. Se A mata B, então C tem que matar D? No fim, escapa alguém?

    Olhe, não percebo o que vai na sua cabeça ao não ser capaz de condenar veementemente Putin, ao não ser capaz de querer ajudar Ucrânia por querer ser livre e independente. Sem mais. Sem acrescentar mil outros argumentos que tentam tirar a relevância a estas duas afirmações simples: condeno inequivocamente Putin, apoio e defendo a ajuda à Ucrânia na sua luta para ser um país livre e independente.

    E olhe uma coisa, Caro Segismundo, não tem que agradecer a minha paciência. Leio-o com interesse e curiosidade.

    Tenho um bom fim-de-semana. Saúde e um dia feliz.

    ResponderEliminar
  6. Olá Anónimo,

    Acredito que, se houvesse eleições agora, o PCP iria fazer companhia ao CDS (fora do Parlamento).

    A posição do PCP face ao que está a acontecer é uma coisa penosa. Creio que estão perdidos no labirinto em que se enfiaram.

    Note que não retiro valor ao que os comunistas fizeram no tempo da outra senhora. Foram corajosos e a sua luta foi importante. Nada disso está em questão.

    Mas se havia razão para lutarem contra a ditadura salazarista, agora parece que perderam o norte (e o leste e o oeste e o sul). Sem referencial que a que possam agarrar-se e sem saberem enquadrar-se nos tempos actuais, parecem peixes fora da água, estrebuchando mas, sabendo nós, que, continuando assim como estão, fora de água, não se aguentarão muito tempo.

    Um bom fim-de-semana!

    ResponderEliminar
  7. Olá A. Vieira,

    Os espiões russos e pró-russos estão no meio de nós (e disto que não haja dúvidas). Mas que a Câmara de Setúbal lhes estenda a passadeira vermelha já me parece de um tremendo mau gosto... (E muito, muito imprudente).

    Um bom fds!

    ResponderEliminar