Fomos caminhar às seis e tal da tarde. Já era de noite. Chovia, estava frio e vento. O pobre animal pingando. Mas feliz. Nem vivalma na rua. Faz um bocado de impressão andarmos por ruas sem ninguém, de noite, com mau tempo. Disse isso ao meu marido. Ele disse: 'Devíamos ter um pau ou coisa assim'. Em especial, temos sempre algum receio que algum cão se solte de alguma casa. Eu disse: 'temos aqui a fera para nos defender'.
Passou por nós um autocarro e tinha as luzes acesas lá dentro. Poucas pessoas lá dentro. Não sei de onde vinha nem para onde ia.
Mas hoje, ao ver o autocarro com as luzes acesas lá dentro, fiquei a pensar que hei-de ver qual o percurso e hei-de ver se nos daria jeito. Poder ir a um sítio sem ter a maçada de conduzir ou estacionar deve ser bom. Acredito que, para quem me lê, isto possa soar pretensioso. Mas não é, é pura franqueza. Passam-se anos sem pôr o pé em transportes públicos. Sempre estive distante do local de trabalho. Se quisesse ir de transportes, teria que apanhar uns três, com perda de tempo entre eles.
Mas agora, com parte das vezes em teletrabalho, quem sabe se para ir ao supermercado ou a outros lugares não faria melhor em ir de autocarro.
Também me lembrei que não ando de metro há mais de mil anos. É uma vergonha mas nem conheço a azulejaria que embeleza as estações. Sempre de carro para todo o lado. São hábitos que se enraízam. Se calhar até seria interessante fazer um passeio especificamente para visitar as estações. Só que agora nem pensar em meter-me durante muito tempo num lugar fechado... contagiosa como é esta Ómicron... Nem pensar...
Para passearmos pelo país, até agora só de carro. A Barragem da Aguieira, tão linda que é e tão lindos todos esses locais. Fomos já se falava no corona, no início de Março de 2020. Lembro-me tão bem.
E agora ocorre-me que, de futuro, se calhar às vezes também poderíamos ir de comboio ou de autocarro. Com as coisas, poucas coisas, numa mochila.
Ando nesta. Imagino-me assim. A palmilhar o país, de mochila às costas. Nunca viajei assim. Acho que já vai sendo tempo.
... E, ao escrever isto, penso que esta conversa só revela uma coisa: que anda a apetecer-me laurear.
Estou esperançada que, lá para o verão, o próximo, já com meio mundo praticamente imunizado (ou pela vacina e/ou pela infecção), já estaremos mais descansados, o bicho mais mole, já enfraquecido, e nós mais tranquilos para nos pormos a circular por aí. E, aí, talvez eu me ponha a caminho.
Uma amiga da minha mãe com mais de noventa anos, já tendo tido cancro por duas vezes, leva uma vida descontraída, sai de casa umas duas vezes por dia e, sempre que pode, vai em excursões. Mesmo agora, na passagem de ano, lá foi. Espantada, acho um risco. Pergunto à minha mãe: Mas como? Com a covid como anda? Que disparate! Mas a minha mãe diz que ela não quer saber. Diz que não tem medo nenhum de nada. A minha mãe, aliás, diz que é a ausência de medo que a mantem viva e em bom estado, sempre para as curvas. Diz que é assim: Uma amiga liga-lhe e diz: 'olha lá, não queres ir até à Serra da Estrela?' E quem diz Serra da Estrela diz ir ver um espectáculo ao Casino ou ir passar um fim de semana alargado ao Algarve. E ela diz: 'Está bem, eu vou'. E lá vai ela, diz a minha mãe.
Também acho que uma pessoa ter vontade de fazer coisas, mexer-se, ir atrás do que quer e estar disponível para aproveitar oportunidades a mantém bem disposta e com o motor em movimento. Quando eu for crescida quero ser como essa amiga da minha mãe.
Isso de levar um pau nas caminhadas, estilo cajado, é uma belíssima ideia. E não só por uma questão de defesa, mas também por uma questão de auxílio nas caminhadas. Que o digam os peregrinos. Bordão, Bastão, Vara ou Cajado, pois claro!
ResponderEliminar( Se um dia tiver que se defender de um "quatro patas", é para as pernas dele que deve apontar. À partida é o seu ponto fraco ..)
Olá,
ResponderEliminarMuito obrigada. Dica preciosa. Não me passaria pela cabeça dar-lhes nas pernas mas, de facto, pensando bem, tem razão.
Estou sempre a aprender.
Um belo dia para si!