O tema de hoje não é de salão, vou já avisando. É um tema reservado, digamos assim.
Quando se fala de viagens, pode falar-se de tudo, e há quem o faça: onde se pernoita, onde se come, por que estradas se vai, quais as vistas, como são simpáticos os indígenas e a vegetação autóctone. Tudo. Mas omitem-se sempre alguns pormenorzinhos. Noblesse oblige, ninguém fala deles.
Claro que o tema é sobretudo tema de mulheres porque para os homens tudo se resolve (mais) facilmente.
E falo de viagens porque é quando se anda mais horas seguidas fora de casa. E, aqui, por 'casa' não me refiro apenas à nossa residência. Refiro-me a andarmos longe de qualquer casa, ou seja, ao ar livre.
Mas já me aconteceram situações de aflitos em plena cidade. Há uma rua na qual, sempre que lá passamos, o meu marido faz gracinhas sob diversas formas. A mais inocente é: Lembras-te daquela vez em que aqui mijaste?
Uma vez fui fazer um exame ou a uma consulta, não me lembro, ao hospital CUF que, à época, era ali à Infante Santo. Estacionar por aquelas bandas era um castigo. Arranjei lugar na Tenente Valadim, lá mais para baixo.
Aquilo, lá no hospital, deve ter-se atrasado tudo, também não me lembro ao certo. E provavelmente devo ter estado naquela situação em que uma pessoa receia ir à casa de banho não vá chamarem-nos justamente logo nessa altura. E, quando me despachei, também não sei porque não fui à casa de banho. Se calhar estava ocupada, não faço ideia. E provavelmente não percebi que estava com tanta vontade. Sei que o meu marido estava à minha espera. Tinha deixado o carro ao pé do meu. Ao virmos a pé do hospital comecei a perceber que estava de todo. E, nestas coisas, há o lado psicológico. Mal a gente pensa que está com vontade já a vontade se agudiza. Quando chegámos ao pé do carro, já eu mal conseguia dar passo. Pensei: como é que vou conseguir conduzir? E se apanhamos trânsito...? O meu marido nunca percebe estas minhas aflições: Faz aí. E eu: Faz aí? Aqui no meio da rua?. E ele: Eh pá... já é de noite, quem é que vê?. E eu não queria, não queria... mas acabei por me resolver. No passeio, ao lado do meu carro. De vez em quando, vinha um carro e eu levantava-me logo. O meu marido: 'Eh pá, despacha-te'. Até que me enchi mesmo de coragem e fiz mesmo. Um chichi que não acabava -- ou, pelo menos, assim me pareceu.
Agora naquelas viagens pela serra... Lembro-me de, num inverno frio, estar numa serra verdejante, água a escorrer por todo o lado, gelo aqui e ali. E eu, toda a manhã a calcorrear montes e vales, com vontade de fazer chichi, cada vez mais. O barulhinho da água a escorrer por tudo o que era pedra e caminho ainda mais me fazia ter vontade. Aí nem era o risco de aparecer algum carro. Era mesmo o frio danado. E era a situação desagradável de estar a poluir a paisagem. Mas não houve outro jeito, teve que ser.
Tantas vezes digo: caraças, nunca há uma casa de banho onde a gente precisa dela.
Pois bem. Não é o caso da Nova Zelândia. Nos locais mais inesperados, mais remotos, nos locais em que não passa ninguém, no alto de uma montanha, ao pé de num desfiladeiro, num recôndito e longínquo vale... no fim do mundo, lá está uma bonita casa de banho. Ali se pode aliviar o organismo e, ao mesmo tempo, contemplar as mais belas vistas. Civilização é isto.
São casas de banho sem canalizações, claro. Algumas sanitas, cerca de 100, onde o clima o permite, têm instalação de compostagem. Mas a maioria não, a maioria tem que ser despejada.
Ao todo são cerca de mil em locais remotos e fantásticos e, para assegurar a sua devida limpeza, há um serviço de helicópteros que visitam, recolhem os depósitos e limpam cada uma.
E quando a água está fria... como é que se faz...?
ResponderEliminarLiga o esquentador !!