Há uma coisa que me causa espanto: onde estava a câmara que apanhou o ministro naquele ângulo? No próprio gabinete não deveria estar senão eles teriam tido cuidado. Li que foram as câmaras de vigilância que os apanharam e que alguém as 'sacou' e, ou para sacanear o ministro ou para ganhar algum dinheiro, as fez chegar ao Sun. A sensação de que há sempre, algures, um Big Brother a espiar toda a gente deve estar bem presente não apenas neles e em quem trabalha em locais vigiados como, progressivamente, em cada um de nós.
Partilho aqui o vídeo pois não apenas eu partilhar ou não partilhar é mais do que irrelevante como isto é também mais do que público. Mas este vídeo é uma daquelas devassas que não sei como daqui pode não se partir para uma queixa contra quem permitiu esta absoluta invasão de privacidade. É certo que são figuras públicas em locais de trabalho mas é inadmissível que alguém julgando estar a actuar em privado, ainda por cima, em momento de grande intimidade, se veja exposto desta maneira.
Claro que, pelos contornos do que se passou, poderá fazer-se de conta que é outra coisa e vir dizer-se que se expôs um momento de contradição entre as regras públicas e as práticas privadas mas dizer isso é de uma insuportável hipocrisia pois sabe-se bem que o que se pretende é expor o momento de infidelidade entre Matt e Gina. A humilhação a que o jovem ministro e a sua assessora foram expostos é brutal.
Ainda há poucos dias a Rainha se referia a Matt Hancock como 'poor man'. E, na realidade, ele como todos os outros ministros da Saúde que tenham apanhado com a batata quente da covid são merecedores do nosso apreço... e compaixão. Não se deseja a ninguém que esteja no governo na altura em que rebenta uma pandemia. A pressão, a preocupação, a total disponibilidade, a incompreensão alheia, o cansaço, o receio de falhar, a responsabilidade sem rede -- tudo coisas que não têm preço e que jamais agradeceremos o suficiente.
Mas, se Matt Hancock estava nos títulos dos jornais ingleses pela forma carinhosa e condoída com que a Rainha o tratava, logo a seguir veio a bomba largada pelo Sun. E, a seguir, veio a graça de ele vir desculpar-se por... ter infringido as regras de distanciamento social que ele próprio propôs e muito intensamente defendeu.
E eis que, um dia depois, se demite. A comunicação de saída vai no mesmo comprimento de onda -- e bem -- desviando o foco do affair, que é matéria privada, para aquilo que tem a ver com os outros: a quebra do distanciamento social.
Entretanto, Gina Coladangelo também já se demitiu. Obviamente. Era assessora de um ministro que já não é pelo que o lugar quase que automaticamente se extinguiu.
Do que li, Matt e Gina foram colegas de universidade e são amigos de longa data. Quanto ao resto, nomeadamente ao que se passa em casa deles é outra conversa. Estará, certamente, em curso um terramoto nas suas vidas. Já transpirou para a comunicação social que Matt já disse à mulher que se separa dela.
É uma história igual a milhares de outras histórias.
Para já, Matt sai e um outro entra para Health Secretary: Sajid Javid.
E mais um tablóide britânico mostrou como o respeito pela dignidade alheia é assunto para que não está nem aí. Tomara que o Correio da Manhã nunca desça tão baixo e que não apareça um dia algum pasquim que venha a servir o que de mais baixo a sociedade produz.
ao mesmo tempo, andar a beijar e a apalpar o rabo da assessora...
ResponderEliminarEntão, agora um ministro já não pode apalpar o rabo de assessora ?
Este mundo está perdido!!
Aposto que se ele estivesse a beijar um homem não haveria problemas.....
ResponderEliminarPenso que não será o caso de quem está obcecado por rabos … mas, segundo uma expert na matéria, "os maridos são bons amantes principalmente quando estão traindo as esposas".
ResponderEliminarhttps://frases.art.br/marilyn-monroe/maridos-sao-bons-amantes-principalmente-quando-estao-traindo-as.htm
Olá Anónimo,
ResponderEliminarQuer dizer... poder até deve poder, quer o ministro apalpar e beijar a assessora quer vice-versa... Mas com câmaras por perto é que, se calhar, teriam que ser com mais cuidadinho.
É que o mundo está mesmo perdido...
Dias felizes.
Olá João Travanca...
ResponderEliminarNão sei. Só se fosse do agregado familiar dele. O ministro apanhado a beijar o seu marido, por exemplo. Aí, claro, não haveria problema.
Agora, se não, haveria chatice na mesma. O distanciamento social, quando nasce, é para todos.
Uma boa semana, João Travanca.
Olá Amofinado,
ResponderEliminarÉ dos livros: quem tem muito amor para dar, quanto mais o dá mais ele nasce e renasce.
No caso do bom do Matt, consta que a mulher nunca suspeitou de nada. Se calhar não havia razão para tal pois quem sabe ele não continuava a ser marido amantíssimo.
Já falei algumas vezes do meu melhor amigo, casado e bem casado, homem de família, que tinha um caso com a minha secretária, uma excelente pessoa, bem disposta, boa onda. Só se separou da mulher porque ela assim o exigiu caso ele não acabasse o namoro. E foi ele que lhe contou. Vive com a namorada mas não se divorciou da mulher. Passam o Natal juntos e estão juntos nas festas de aniversário da família. Sempre me disse: gosto das duas, não consigo optar.
Por isso, cada um sabe de si e quem está de fora não sabe de nada. Não lhe parece, Amofinado?
Dias felizes.