A propósito da situação pandémica que atravessamos e das medidas que vão entrar em vigor a 4 de Novembro, Marcelo tentou explicar tudo bem, com racionalidade e franqueza. E muito bem, também, assumiu a responsabilidade pelo que se passa, provavelmente para afastar a mesquinhez de todos quantos, ociosos, nada mais fazem do que dizer mal de tudo e de todos.
E o António José Teixeira, feito vizinha, sempre a querer puxar à má-língua, completamente desfasado da gravidade da situação, sempre a interromper, sempre a distrair do que interessa, sempre a atirar ao lado, sempre a ver se descobria discordâncias ou erros. Muito mal, muito, muito mal. Não tinha nada esta imagem dele. Estou decepcionada.
Nesta porcaria da covid, o que queremos saber é o que se vai fazer, como se vai fazer, como se pode fazer melhor. E o António José Teixeira, em vez de deixar fluir o raciocínio de Marcelo, sempre a meter colherada. Mas sempre colherada desnecessária, escusada, disparatada. Parece que não sabe que um jornalista deve adaptar o modo de entrevistar às circunstâncias e ao entrevistado. Marcelo não estava ali para se apresentar como candidato às próximas presidenciais nem como um presidente em balanço de mandato. Estava ali para explicar a situação de emergência, as decisões a tomar, a variabilidade das circunstâncias que implicam variabilidade nas decisões. O formato era o de entrevista mas, conhecendo os dotes de oratória de Marcelo, conhecendo a situação de gravidade que atravessamos, conhecendo os riscos que corremos, era dar-lhe o mote e deixar fluir. Para quê as interrupções a querer explorar erros alheios? Para quê as interrupções descabidas para puxar à politiquice? António José Teixeira não percebe o momento que atravessamos e não percebeu que tinha à sua frente o Presidente da República que, ainda por cima, tem uma conversa estruturada e clara? Mas, se não percebe isto, percebe o quê?
É que, para além de não ter percebido que estava a entrevistar uma pessoa especialmente dotada para o exercício da comunicação e particularmente bem informada sobre tudo o que se passa, revelou padecer do mal que os comentadores de meia tigela padecem: julgarem que quem assiste às entrevistas está interessado em conversas da treta. Não estamos. E padece também de um outro mal igualmente comum entre os comentadeiros avençados: julgarem que toda a gente se compraz a dizer mal de tudo e de todos. Não, não nos comprazemos.
Só gente estúpida, burra de todo, é que imagina que, em relação a uma doença desconhecida, vigorosa e global, há algum iluminado que pudesse ter tido, ab initio, a cartilha de como lidar com este imenso desastre natural. Não há. Numa situação destas, todos os ziguezagues e hesitações são naturais e compreensíveis. Erra-se, corrige-se, tenta-se, tenta-se uma e outra e outra vez. É assim mesmo. É um exercício que requer, a quem o pratica, humildade, resiliência, sentido de responsabilidade, abnegação. É um exercício que pede aos outros, a nós, compreensão, apoio. E agradecimento pelo que se esforçam para nos ajudar.
Só gente fútil é que, em vez de ter um espírito positivo para tentar saber como, no meio desta incerteza, melhor saímos desta, se põe a querer arranjar casos, tricas, intrigas e divergências que, neste contexto, são irrelevantes, absurdas.
O que interessa é tentar perceber quais os mecanismos de propagação deste vírus, é tentar perceber como travá-los, é tentar avaliar como tentar salvar a saúde dos cidadãos sem aniquilar a economia. Aqui e em qualquer parte do mundo. Tudo o resto são tretas com as quais os estúpidos e desocupados gostam de se entreter.
Da entrevista na RTP, salvou-se, pois, o Marcelo -- rei e senhor do momento, sabendo jogar em todos os tabuleiros: da política, da comunicação, da história, da pedagogia, da cidadania. Tantas vezes o tenho criticado que hoje é com admiração e prazer que o elogio. Muito bem. Sorte a dos portugueses a de, num momento tão raro e difícil como este que atravessamos, terem um Primeiro-Ministro como António Costa e um Presidente da República como Marcelo Rebelo de Sousa.
A porta-voz do PS falou e disse!
ResponderEliminarSobre o comentário que fez da entrevista, atoleimado, sugiro uma leitura do que FSC escreveu a propósito da mesma entrevista no seu Blogue, "Duas ou Três Coisas". Diferente. E com nível.
Um histerismo de sobre avaliação! Não surpreende, a UJM no seu pior!
Completamente de acordo!
ResponderEliminarOs jornalistas nestas situações querem os cinco "seus" minutos de fama. Não interessa que os temas sejam esclarecidos. Abraço.
ResponderEliminarCompletamente de acordo!
ResponderEliminarSobre Marcelo Rebelo de Sousa, aqui deixo um pequeno poema de Natália Correia, já lá vão uns anos. Na altura António Costa ainda não se evidenciara politicamente, daí a poetisa não lhe ter dedicado um. É pena, devia ser giro. Dois grandes artistas, o Marcelo e o seu "companheiro de estrada", o Costa!
ResponderEliminarAqui vai:
"O Carochinha*
Dos voos de Marcelo, o transformista,
em doméstico dom repousa a asa:
farto de andar ao trapo e ser fadista
torna-se modelar dona de casa.
Na modéstia exemplar dessa roupeta
– Ó eleitoral, virtuosa esfalfadeira
de ser dono de casa lisboeta! –
vai Marcelo às mercas na Ribeira,
enche a despensa, lava a roupa é cozinheiro,
cose a meia, faz tricot, varre a casinha.
Por fim, põe-se à janela e diz faceiro:
Quem quer casar com a carochinha? "
Bravo. Vou partilhar.
ResponderEliminarOlá Anónimo que tão bem identifico,
ResponderEliminarDe vez em quando escreve estas pérolas mas depois falta-lhe a coragem para se identificar. Por mim, tanto faz, não faço questão nem disso nem do contrário. Acho é curioso.
Olá Maria Santana.
ResponderEliminarObrigada!
Olá Manuel Pacheco,
ResponderEliminarConcordo. Um bom jornalista deve zelar para que o que o outro diz seja claro e bem percebido e que vá de encontro ao que se quer saber. Se a pessoa for de falar espontânea e fluida, é deixá-lo falar, dando um ou outro toque na conversa para que a coisa não se desvie quer no rumo quer no tempo. Se a pessoa for de ficar calada, então há que puxar por ela, ajudá-la a deitar cá para fora. Um bom jornalista deve saber perceber a diferença. E deve também saber perceber o que os espectadores querem ouvir. Mas não, os jornalistas parece que querem é ouvir-se a eles próprios e mostrar que desarmaram ou passaram rasteiras aos entrevistados.
Abraço, Manuel Pacheco.
Olá Leão Sorridente,
ResponderEliminarThank you, Green and Hopeful Man.
Abraço, Lion!
Olá Anónimo da Carochinha,
ResponderEliminarTem graça, essa sua. E é bem lembrado, sim senhor.
O Marcelo tem uma aguda inteligência política. É arguto. É daquelas pessoas que não dá ponto sem nó. Mesmo quando mostra desprendimento e alguma elevação política ele sabe em que medida e quando vai capitalizar os pontos que ganhar. Quando observado de perto, Marcelo é, em si, um tratado de comunicação política.
Lembrou-se da Carochinha e eu lembro-me do poeta que é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente. Assim o Marcelo com o que diz em relação em ser ou não ser candidato. Ele elabora acertados raciocínios e de tal forma convicta o faz que acredita no que diz. Mas gosto de assistir a esses exercícios. Há brilhantismo na forma como ele actua. E isso não invalida a lógica e a sensatez do que diz. Tem mérito e eu reconheço-o.
Obrigada!
Olá Corvo,
ResponderEliminarFico contente que ache que o que escrevi merece ser partilhado. Muito obrigada.
Abraço
PS: Acho que no outro dia não cheguei a agradecer o seu comentário sobre o Covid. Em primeiro lugar espero que estejam todos de boa saúde. Foi sorte terem tido o bicho por perto e ter tudo corrido bem. Espero que assim continuem, fortes e imunes.
Percebo a angústia de quem, sem qualquer sintoma, se vê confinado e sem ter como poder ir obter rendimento. Mas... e se contagiassem alguém menos resistente...? Como ficariam sabendo que, por excesso de confiança, tinham infectado alguém que acabasse por morrer? Este vírus é uma roleta russa, é traiçoeiro. De facto, a maioria não tem sintomas ou tem apenas sintomas ligeiros. Mas os que se vão abaixo são suficientes para entupirem hospitais, para serem mais do que os que podem ser tratados. E, aí chegados, quem é que quer ficar com o dilema de ter que escolher entre os que se tratam e os que se deixam morrer?
Subscrevo, na literalidade.
ResponderEliminarTreinadores de bancada, há muitos...
O incomensurável valor do trabalho desenvolvido pela fantástica dupla Marcelo/Costa há de ser reconhecido, um dia...
Lamentável e de um péssimo gosto, a prestação de RAP, no último domingo.
Pago a peso de ouro, para vomitar "bolotas" sem qualquer valor...
A TVI carrega o ónus de ter catapultado, para a casa da democracia, um energúmeno com tiques neonazis... cujo efeito dominó ainda vai no adro...
A SIC não irá tão longe, mas a direita reacionária tem, por via destas investidas de baixo valor, tido um aconchego algo alergénico...
Preocupante...