De todos os inconfessos prodígios, um.
De todos os secretos e estranhos vislumbres, um.
De todos os silenciosos e loucos devaneios, um.
De todos os sorrisos, o nem sequer imaginado.
De todas as palavras, as ainda não ditas, as que talvez nunca venham a ser ditas.
De todos as preces, a ainda não escutada, a que talvez nunca venha a ser escutada.
De todos os anseios, um. O mais louco.
De todas as loucuras, uma. A mais improvável.
De todas as improbabilidades, uma. A mais ansiosa.
De todas as verdades, a ainda não desvendada.
De todos os caminhos, o que não poderá ser percorrido.
De todas as companhias, a mais intangível, a mais inconcebível.
De todas as viagens ao fim da noite, uma, a mais atormentada.
De todos os inocentes esconderijos, um, o mais longínquo, o mais frágil.
De todas as cicatrizes, a mais secreta, a mais invisível, a mais oculta e negada.
Pedra a pedra,
palavra a palavra,
loucura a loucura,
silêncio a silêncio,
espanto a espanto,
mágoa a mágoa,
contrariando o caminho, apagando indícios, negando os passos, desenhando refúgios,
atravesso a noite tentando desligar-me do sentido da escrita, do sentido de tudo, de tudo.
Que as palavras percam os seus significados, que as frases ignorem os seus propósitos. A escrita pela escrita, a escrita no vazio, palavras caídas ao acaso na mente em branco, palavras que não me pertencem, palavras perdidas de mim, palavras que talvez vão pousar no coração de alguém. Talvez. Talvez.
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Ilustração obtida na Marie Claire francesa
ao som da eterna Bethânia: Eu não existo sem você
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A todos desejo um bom sábado
ResponderEliminar...e o vento passa, esgueirando-se na noite
sem dizer de onde vem,
traz nele o açoite
de um imponderável além.
LS
Extasiada e emocionada, saboreei cada uma das suas palavras perdidas. Que poema mais lindo e pleno de sentido!
ResponderEliminarPalavras que encontrei, me percorreram e,de seguida, se anicharam no meu coração.
Que bom estar em minha companhia cada dia que passa. Bem haja.
Um abraço amigo.
Um dia, posso colocar o seu Poema (com os devidos créditos) no meu blog?
...belíssimas palavras perdidas na banda sonora...!
ResponderEliminarFantástica veia de poeta!
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