sexta-feira, janeiro 24, 2020

Isabel dos Santos, Manuel Vicente, Luanda Leaks, demissões, mortes, vinganças, ameaças, etc.
-- aconselharam-me a não escrever mais nada sobre o assunto e, pensando bem, o melhor é mesmo não falar


Hoje disseram-me para não escrever mais sobre o tema. E eu fiquei a pensar nisso.

Quando ouvi que o Nuno Ribeiro da Cunha tinha aparecido morto apeteceu-me não ter escrito o que escrevi ontem à noite. E, quando, sem surpresa, vejo que estão a começar a aparecer coisas que eu antevi, também me apetece não escrever mais nada. 

Agora mesmo alguém espreitou para o que eu estava a escrever e disse: 'Não te disseram para não escreveres mais sobre isso? Pára. Não escrevas mais nada.'. Respondi que não estou a escrever. E não estou.

Hoje também avisei uma pessoa de que, com alguma probabilidade, o conteúdo do seu computador tinha ido na rede de arrasto. E essa pessoa, que já está suficientemente apreensiva com tudo isto, ficou a olhar para mim sem dizer nada. Acho que isso ainda não lhe tinha ocorrido. Não deve ser uma sensação agradável. Mentalmente, deve começar a pensar-se em tudo o que está na mailbox, tudo o que está nas diversas pastas. 

E depois há outra coisa, e nem vou falar no impacto que tudo isto pode ter (e já está a ter) nas empresas portuguesas detidas por sociedades dela, impacto esse que pode não ser coisa pouca: estou a falar nos bancos que financiaram as aquisições dela em Portugal. Na era passista, quando andavam todos a babar de roda dela, todos dispostos a passar tudo a patacos, em especial se fosse para vender a estrangeiros (e tanto que eu aqui clamei contra isso: angolanos, chineses, tudo servia) não pararam para pensar que o risco das operações não estava nela, estava era nos bancos. Não conhecendo eu a situação, prevejo que ainda deve ter grandes dívidas junto desses bancos. Nada por aí além pois alavancagem financeira é o que não falta. Mau é quando as garantias e colaterais são fracos ou, quando necessários, não materializáveis, e quando deixam de ser pago o que é devido de acordo com o plano de amortizações acordadas. E, nesta situação, com o que está a acontecer, como é que ela vai entregar alguma coisa? Mais imparidades para os bancos e tomara que não venha aí buraco do grosso, daqueles que, para evitar perturbação no sector bancário, obrigam a injecção pública de capital. Tomara.

Portanto, read my lips: esta história que é, em primeiro lugar, uma história angolana em que, a ter havido algum crime, ele diz respeito a Angola, pode ainda ter ondas de choque substanciais em Portugal.

Aquilo que eu temia, que as empresas portuguesas onde ela tem participação sofressem com o impacto desta guerra de facções angolanas -- coisa que não diz respeito aos portugueses -- pode muito bem vir a acontecer. E que algumas coisas estranhas começassem a acontecer também.

Depois da PwC e a BCG já estarem a descartar-se, como se tivessem andado a fazer os trabalhinhos de olhos fechados, e alguns dos seus quadros estarem a saltar como se tivessem sido eles a fazê-los sozinhos, à revelia dos partners, ia agora dizer que a VdA também deve estar a deitar contas à vida mas, na volta, não. Isso é polvo que está tão ramificado, defendendo uns e outros e até uns e a parte contrária, que são muito bem capazes de passar por isto sem terem que encolher depois de tão exuberantemente terem inchado -- vidé as suas fantásticas novas instalações. De qualquer maneira, com tudo o que é BCBG a trabalhar com eles, toda a documentação do escritório deve estar na mão de quem mandou piratear todas aquelas redes informáticas. Toda, incluindo documentação de outros clientes, de outras empresas. Mas, claro, isto sou eu a supor.

Mas adiante até porque, de resto, como disse, não quero continuar a levantar pedras pois, de cada vez que o faço, sai de lá um espírito que se materializa pouco depois.

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