Este ano tem boa pinta, é estiloso. Vinte-vinte. Soa bem. Vinte vinte. Não é para qualquer um.
E nós já cá cá temos um pé. Ou melhor, os dois. Temos sorte.
E nós já cá cá temos um pé. Ou melhor, os dois. Temos sorte.
Acho-o ainda mais cabalístico do que o 2000. Quando foi o 2000, achei que cá em casa é que era, e que havia de ser de arromba. Reuni cá em casa tanta gente que nem sei como é que cá couberam todos. No meio da festança, toca-me o telemóvel e aparece-me um colega a perguntar-me se estava tudo bem. Como havia música, risos, conversas e muita confusão, pensei que tinha percebido mal. Mas não, queria mesmo saber se estava tudo bem. Tive que lhe pedir que especificasse a razão da sua preocupação. Falou-me então do so called bug do ano 2000. Percebi então. Era o coordenador do grupo de acompanhamento que tinha sido criado para garantir que todas as empresas continuavam a funcionar. Juro: nem de tal me tinha lembrado, convencida que estava que bug do 2000 uma ova, tudo treta. Penso que não houve um único problema em todo o mundo. Disse-lhe que não fazia ideia, que estava em casa a festejá-lo e que no dia seguinte logo se veria se estava tudo bem. Lembro-me de ter achado que ele tinha ficado desconcertado com a minha resposta. Muito negócio com muitos zeros se fez à conta dos zeros do 2000.
Mas, dizia eu, nem o 2000 me pareceu tão cabalístico. Aqueles zeros todos tornavam-no demasiado gaiteiro. Mas este 2020 é outra coisa: tem balanço, tem charme, tem swing.
Temos, pois, a obrigação de fazer jus à boa pinta que o invólucro apresenta. 2020 deve ser um ano especial. E escrevo 'deve' no sentido de 'ter o dever'. É bom que apareçam grandes avanços científicos, que nos surpreendamos com grandes e muito relevantes saltos tecnológicos, é bom que se conquistem importantes acordos no sentido do desenvolvimento humano e da defesa do planeta. É bom que, nos próximos anos, mesmo que longínquos, se fale de 2020 como o glorioso 2020, o fantástico ano 2020.
Apesar de tudo o que se avizinha e que forçosamente não é bom (o desastre do brexit e os riscos de ainda maiores desagregações, tudo o que se relaciona com o Trump, os populismos que alastram, os desastres climáticos à vista com as consequências que já se constatam, por exemplo na Austrália, etc, etc), espero que os povos saibam encontrar boas soluções, é bom que saibam levantar-se, unir-se e fazer inflectir o descaminho que as coisas levam. Que coisas extraordinárias aconteçam.
Não será apenas por formularmos votos que o destino se encarreirará nesse sentido. Mas, se os votos não forem conversa fiada, lacinhos em efémeros embrulhos, mas sim firmes determinações, talvez as coisas corram como as desejamos. Não somos donos e senhores do nosso destino mas a forma como nos aguentamos e como persistimos contra ventos e marés ajuda muito a conseguimos chegar perto dos nossos sonhos.
E mais: 2020 tem todos os contornos dos verdadeiros elegantes. Que seja, pois, o terreno fértil para todas as boas criatividades. Que floresça a literatura, a arte, que os artistas sintam que ao longo do ano corre a seiva que alimenta e desperta os espíritos. Que seja um ano fértil para a música, para a pintura, para as letras, para a arquitectura, cinema, teatro. Dança. Para que o povo venha para a rua celebrar a arte.
Tirando isso, 2020 tem tudo para lhe piscarmos o olho. Aliás, o safado do 2020 nasceu a piscar-me o olho. Saibamos, pois, não decepcionar. Sedução, malícia, graça, humor. Tudo em boa dose. A vida sabe melhor se vier com o devido tempero. Pela parte que me toca, não viro a cara a nada disso e só espero ter quem me acompanhe. A cor é fundamental e não há melhor cor do que o rubor que acompanha os momentos importantes da vida ou não há luz que se perca quando a cor está disponível para a receber. Tempero colorido, especiarias secretas, bailados descarados mesmo que apenas imaginados: que 2020 venha com tudo e nós cá para lhe darmos o devido troco.
Não preciso falar da saúde. O ano só será bom se vier com saúde. Mas tenhamos força para vergar o que de menos bom apareça de modo a robustecer o nosso corpo, valorizêmo-lo, forneçamos-lhe a comida certa, façamos o exercício adequado, olhemos por ele.
E sejamos bons, generosos, amigos. É bem verdade: o amor é a resposta. É a resposta mas é também a pergunta. E é o enigma. E é o mistério. E é a insolúvel equação, a eterna dúvida, o sobressaltado motor, o sereno amparo, o secreto refúgio, o insondável esconderijo, o indizível atraente abismo, a semente de tudo.
Que o 2020 seja um ano bom demais para se acreditar.
______________________________________________________________________
E, se me permitem, comecemos bem.
______________________________________________________________________
E, se me permitem, comecemos bem.
Não sei quem ela é, não percebo o que diz. Mas soa-me bem e isso, para já, parece-me um bom começo de conversa.
A querida Luísa, sabendo-me fascinada pela dança, enviou-me um vídeo com Joel Kioko. Não conhecia. Que belo presente foi conhecer este jovem. Não consigo partilhar o vídeo que recebi mas partilho este aqui abaixo:
Joel Kioko grew up in a poor area of Kenya’s capital, Nairobi, and is now seen as the country’s most promising ballet dancer. He has been training in the US but wants to teach young Kenyans about the beauty of ballet.
Voemos também.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Felicidades.
Bom Ano, Jeitosa!
ResponderEliminarVoemos!
ResponderEliminarBom ano UJM!
ResponderEliminarE gostei muito que tenha escolhido a Billie Eilish para abrir. Há qualquer coisa nessa estrela emergente da pop que promete (também tenho fé na Rosalía). E 2020 promete.
Abraço!
Olá Anónimo/a,
ResponderEliminarJeitosa, eu...? Está bem, está... Ainda por cima com tanto doce... Falamos quando eu fizer dieta, ok?
Ou o Jeitosa tem a ver com o meu jeito manso? Está bem, está... Fie-se na Virgem e não corra, não... Olhe que o meu jeito só é manso de vez em quando, ouviu...?
:)
Mas olhe: obrigada.
E retribuo: um bom 2020 também para si!
Olá Isabel,
ResponderEliminarPegando no que acabei de escrever na resposta ao comentário acima, posso dizer que 'voamos, sim senhora, mas já agora quando perder estes três ou quatro quilitos que vieram pôr-se aqui agarrados a mim... ou seja, quando estiver mais levezinha...'
:)
Haja alegria.
Abraço, Chabeli!
Olá Paulo,
ResponderEliminarGosto dela, da Billie Eilish. Não é só o que canta e como canta. É também como encena, como usa os meios visuais. Gosto dela. É boa onda e tem uma boa pinta. Apeteceu-me tê-la no pontapé de saída para o novo ano.
Mas olhe que a Rosalia também poderia ter sido. Canta bem e tem carisma. E sabe aquela fotografia dela pelo Paolo Roversi para o Pirelli 2020? Também muita pinta.
E olhe, Paulo, um belo ano para si. Atire-se para a frente. Voe.
Abraço.