Estamos a viver tempos incríveis. Tudo tão inesperadamente caótico, tão imprevisível e fora de controlo que, quando a coisa parece que vai num determinado rumo, alguém lança uma cartada e vira o jogo tornando os prognósticos ainda mais impossíveis.
A Ana, Lady of Vaz con Cellos, dizia que até é difícil não ter pena de Theresa May, a patareca-mor, e eu concordo. Tudo lhe corre mal, todo o mundo dá patadas, não especificamente nela mas muitas acabam por acertar-lhe -- e sempre tudo à vista do mundo, a malta a rebolar de riso com tanta falta de jeito. E o P. Rufino tem razão, aquilo é uma democracia, aquilo ali é um lugar de gente com muita história e pedigree. Mas mais parecem daqueles aristocratas já com os genes muito ensarilhados, sem noção da realidade, ainda a viverem num comprimento de onda que já acabou no século anterior.
O tempo está em contagem decrescente, a guilhotina a baixar devagarinho e todos incapazes de saberem onde está a saída do labirinto em que se enfiaram.
A pobrezita ali anda a bater a todas as portas e toda a gente a bater-lhe com a porta no nariz. Uma das fotografias do dia é deliciosa: ela e o outro tão patarata como ela. Ela com um corte de cabelo que não correu bem. Ele naquela sua postura sempre tem-te-não-caias. Ela a olhar para ele com ar de galinha desconfiada. Ele com ar de peru velho recosido em vinha de alhos.
O que é que pode sair de bom de um tal par de jarras?
E, no meio desta cegada, desta gente descomandada, continua a sobressair o Speaker. Despudoradamente despenteado, com gravadas criativas, John Bercow dá lições de democracia, de bom comportamento, de graça, de fluência vocabular e gramatical e de etiqueta. Acresce que tem um pulso naquela maltosa que dá gosto. Veja-se este vídeo aqui abaixo para se perceber porque é que gosto deste fantástico mariola (e, calma, mariola no bem sentido).
Bercow defends Parliament after Brexit delay: 'None of you is a traitor'
John Bercow has defended MPs against Theresa May’s accusation that they are frustrating the will of the people over Brexit. Addressing the House of Commons, the Speaker stood up for the right of parliamentarians to vote according to their principles, after the prime minister suggested their failure to back her agreement was responsible for delaying the UK’s departure from the EU.
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Já agora, para quem precisa de relaxar, distender ou meditar:
Aula de Yoga versão Brexit pelo Mestre Sammy J
Sammy J helps us flex our foreign muscles with a brand new flow straight out of Europe.
Biting, bite-sized comedy as Sammy J tackles the big issues of the day, wrestles them to the ground, then submits them to a variety of yoga poses, sporting analogies, and craft activities.
Até já
E quando se compara, embora, claro, por razões diferentes - convenhamos - a PM inglesa, Theresa May e a PM da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, o carisma desta última e a força e confiança política que a PM Neo-zelandesa transmite, fica-se com uma opinião muito fraca da PM do Reino Unido. Enfim, há uns/umas que são Líderes, outros/as que são Gestor/as de problemas, o que não é bem a mesma coisa. Há pessoas que têm "chama", ou seja, capacidade de congregar outros à sua volta, outros/as pelo contrário. Tenho um enorme respeito por J.A e muito pouco por T.M. Admiro a postura desenvolta e moderna (sobre todos os aspectos) de J.A e sinto "pena" pela atitude de incapacidade e até de inconpetência de T.M.
ResponderEliminarP.Rufino
Ainda vamos ter muitas saudades deste Speaker. E que contraste entre a conversa mole dos políticos que hoje estão à frente dos Conservadores e dos Trabalhistas e a ‘statesmanship’ de um Heseltine, no seu excelente discurso na manifestação deste fim de semana https://youtu.be/Y8oWrF2CXF8
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo,
Ana