No sábado à noite tentei, durante um bocado, adormecer o bebé. Pus-lhe a chucha, sentei-o ao meu colo, bem abraçadinho e ele aconchegou-se, nitidamente a dar-lhe uma pancadinha de sono. Isto no meio da maior confusão. Mas, então, o irmão veio sentar-se ao meu lado e eu disse: quando o teu pai e a tua tia eram bebés eu cantava-lhes 'o meu menino é de oiro' e eles ficavam sossegadinhos a ouvir até adormecerem. Se eu me lembrasse, cantava agora ao teu irmão. E comecei a trautear. Mas faltavam-me muitas palavras. Ele, então, começou a cantar e sabia mais do que eu. Ficámos, então, os dois a cantar, baixinho. O bebé muito sossegadinho, aninhadinho. E eu pensei: este é um momento de ouro. Feliz, feliz da vida.
Até que, de repente, como se tivesse acordado, endireitou-se e saíu do colo e foi brincar. Pronto, com ele a canção de ninar não surtiu efeito.
Mas fiquei com vontade de a ouvir de novo. Canção maravilhosa de tão serena e apaziguadora. E que boas memórias me traz. Só com a minha menininha é que não. Quando era bebé e eu ficava com ela à noite, não queria dormir. Atingia o limite da rabugice, chorava, perdida de sono, mas recusava-se a dormir. Se eu ensaiava, então, cantar ao dele O meu menino é d'oiro ela ia aos arames. Emperrtigava-se e dobrava o choro, furiosa. Nessa altura eu ainda não me tinha apercebido da personalidade forte que ali está.
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Caso queiram continuar a passear por Lisboa, queiram fazer o favor de descer seja para verem uma Lisboa musical, seja para verem homens com muita pinta, seja para verem os pontos cardeais de Lisboa.
Zeca Afonso, o melhor entre os melhores, e agora ninguém se lembra dele, raramente passa na rádio, não reeditam a sua obra, enfim o costume.
ResponderEliminarTive uma colega (algarvia) em Lisboa que o teve como professor no Algarve.
Contava que ele às vezes levava a viola e dava umas aulas diferentes (to say the least).
Imagino que seriam aulas ao estilo do Dead Poets Society...
Abracinho!
🌲L