sábado, dezembro 08, 2018

A parvoíce que eu disse, à despedida, a uma pessoa




Cá estou. Durante a tarde, a coisa ia brava porque demasiada estupidez, para mim, é coisa violenta. Então, por um instante, desviei a minha mente para um recanto e pensei: calma, já falta pouco, daqui a nada é fim de semana e a única coisa a pensar é onde é que apetece ir jantar para descansar e espairecer. Mas, acto contínuo, lembrei-me: qual quê, saindo daqui ainda tenho que dar com a quinta nos arredores dos arredores. E assim foi. Mais um jantar de natal. Já foi. Alegre, bom, ruidoso, bem animado. No fim, em conversa off the record, confessei a uma antiga conhecida que não via a hora de descer dos saltos altos, de me despir, tirar o soutien, o colar, os brincos, apanhar o cabelo. Ela disse-me: não sei como aguenta essa vida. E eu disse: nem eu.

E depois foi o inverso: descobrir como sair de lá porque, mesmo com gps, andar em lugares desconhecidos, de noite, muita rua mal sinalizada, muita indefinição, é coisa chata e eu não gosto. Mas logo encarreirei e já estou vestida confortavelmente, já tenho o cabelo apanhado, já estou no meu sofazinho. O que eu gosto de estar sossegadinha aqui na minha casinha.


Se há coisa em que penso muitas vezes é na vida que têm os políticos, sempre de um lado para o outro, sem descansarem, sem poderem estar desatentos, descalços, sem poderem ir à casa de banho em paz, sem poderem dormir o tempo que quiserem, na sua caminha, agarradinhos aos seus amores. Juro que não percebo como se aguentam. Eu acho que caía para o lado. Ou isso ou ficava mal disposta, impaciente, impertinente, a mandar meio mundo à fava. Por isso e também por não me apetecer frequentar gente que, em parte, é mal afamada é que não apareço a bater à porta de nenhum partido. Veja-se aquela trupe da bancada do PSD: uma rebaldaria que não tem explicação. Como é que gente séria consegue conviver com aquela indecência é coisa que não se percebe.


Mas, enfim, é isto: cada um é para o que nasce. Uns nascem para brilhar, outros para sofrer, outros nem para isso nem para o contrário e outros, ainda, para outra coisa qualquer.

E agora vou descansar, vou para a minha cama quentinha, vou ver se durmo até vir a mulher da fava rica.

Mas antes ainda tenho que pensar no título que vou dar este post sem eira nem beira. Ora deixa cá ver... É que nem sei por que ponta lhe hei-de pegar.

Olha, já sei. À falta de melhor pode ter a ver com o que se passou há bocadinho e que passo a relatar.

Com tanto festejo, no fim do segundo jantar de natal, ao despedir-me de uma pessoa, desejei-lhe: 'Então, boas entradas'. Ele deu um passo atrás e olhou espantado: 'Boas entradas?! Já?!? Vai de férias?!'. Só então me lembrei que estamos no início do mês de Dezembro. Mas, pensando bem, com esta aceleração do tempo, sorte foi não ter desejado boa páscoa.


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As pinturas são de Trevor Bell porque são boa onda e nada melhor do que uma boa onda e Loreena McKennitt interpreta Snow que se calhar não encaixa aqui como uma luva mas que pode ser que tenha a ver com o fresquinho jeitoso que estava quando saí lá do jantar na bela quinta e tive que atravessar a noite escura e húmida até chegar à voiture que estava molhada e gelada.

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E, para vocemecês, um bom carnaval. 
Alegria e saúde.

3 comentários:

  1. A música é lindíssima e as pinturas também são bonitas. Gosto especialmente de duas.

    "Coitadinhos dos políticos!" Tenho tanta pena!!:((

    Tenha dó, UMJ! Eles não foram obrigados a ir para lá e são muitíssimo bem pagos. Além disso têm chorudas reformas vitalícias! Coitadinhos!

    Fosse como em alguns países nórdicos, que eu gostava de ver quem é que queria ir para a política!!

    Cada vez mais confio menos nos políticos. São uns aldrabões, uns corruptos e encobrem-se uns aos outros das trafulhices. São raras as excepções.

    Um bom fim-de-semana:))

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  2. No dia em que a "exclusividade" for a regra para os Deputados e as normas de comportamento dos mesmos naquele Orgão de Soberania foram definidos, aceites e aprovados- por todos - o nosso Parlamento ganha em Dignidade, Respeito e Consideração. O que não sucede hoje, exactamente porque os interesses privados prevalecem sobre as suas funções públicas de soberania. Muitos países europeus já, desde há muito, que adoptam estas regras. Mas parece que os Pirineus são uma barreira para que esses hábitos sejam, de uma vez por todas, adoptados. Como convencer os Deputados com ligações a grandes escritórios de advogados, consultadorias economico-financeiras, grandes empresa e mesmo bancos, a adoptarem este comportamento? O que os obrigaria a perder as benesses financeiras que daí lhes vem, bem como os contactos e negócios daí resultantes. O nosso Parlamento faz-me lembrar uma daquelaS maçãs que por fora são muito bonitas de se ver e por dentro estão podres. Mas, por cá tudo ficará na mesma. Ferro Rodrigues deveria ter solicitado que o MP investigasse aquele tipo de comportamentos. Mas, não o fez. Optou pela retórica (barata). E para culminar a A.R e os seus Deputados criaram uma Comissão de Ética. É espantoso! Eles próprios acham que não t~em ética suficiente e o melhor será criar uma Comissão para o efeito, cujos membros serão uns de entre eles. Está visto que como a coisa vai funcionar.
    Enfim, um Democracia à medida das nossas capacidades e possibilidades. Um pouco como aqueles alfaiates do antigamente que tinham sempre a unha do mindinho extra-longa para marcar as medidas: "e agora, Sr. Faustino, deixe-me cá marcar com a unha e um pouco de giz as medidinhas e verá que ficará com um fatinho à medida!" E ficava-se, ao que meu pai me contava.
    Bom fim de semana, UJM!
    P.Rufino

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  3. Francisco de Sousa Rodriguesdezembro 08, 2018

    Nada como o prazer de entrar em modo de casa, mesmo quando se trabalha dentro de casa.

    Rico fim-de-semana!

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