sexta-feira, dezembro 14, 2018

A origem do mundo e a origem da guerra
[Post com bolinha encarnada para pessoas muito pudicas]


Não sendo eu dada a metafísicas nem a parábolas do género quem é que apareceu primeiro, o ovo ou a galinha, devo dizer que, apesar disso, gosto da origem do mundo. Não acho que contenha pêlo púbico de escândalo. E acho graça que tenha sido um homem, Jean Désiré Gustave Courbet de seu nome, a olhar para o ventre e o sexo de uma mulher e a lembrar-se de dizer que é ali que o mundo tem origem. Qual big bang, qual obra de um deus hiperactivo: não senhor, é da boca do corpo da mulher que nasce o mundo. 

Quem daqui me conhece, sabe que, do meio de todas as minhas contradições, resulta que não sou daquelas feministas que endeusam as mulheres e demonizam os homens. Valorizar as mulheres à custa da desvalorização dos homens não é a minha praia. Muito menos suporto o machismo. Acho que o machismo puro é prova de insegurança masculina, é coisa de homem a caricaturar-se para disfarçar inseguranças ocultas. Gozar com um machista é a melhor forma de o desarmar. Experimente uma mulher virar-se para um homem que promete muito e, olhando-o de alto a baixo, dizer com ar duvidoso: 'Jura...?'. Baqueia no acto.

Gosto de igualdade. Sei que em relações de domínio, pode acontecer que uma mulher não consiga afirmar-se como igual do homem. Mas o mesmo acontece com uma mulher debaixo de outra mulher ou de um homem debaixo de uma mulher. Quem está por baixo, só às vezes é que pode tanto como quem está por cima. Claro que aqui poderia abrir um parêntesis para dissertar. Mas é daquelas coisas: filosofia numa hora destas...? Ná. Filosofia só quando contemplo o sunset, não quando as estrelas tombam do céu. 

E gosto do corpo das mulheres que é coisa feita para ser amada com sabedoria e arte tal como gosto do corpo dos homens que é coisa feita para ser devidamente apreciada, quando não degustada.


Por isso, comecei por achar que a doida da Mireille Suzanne Francette Porte, aka Orlan, estava a ser um bocadinho tendenciosa ao achar que a guerra tem origem no sexo masculino. Mas depois, pensando um pouco melhor, ocorreu-me que os senhores da guerra são homens (La Palice não diria melhor), que as guerras têm geralmente origem em burrices, coisa de testosterona a embebedar os neurónios. Pensei em várias guerras e percebi que é coisa de pirraças, de basófias, macacadas de gente metida a besta, ou seja, coisa tipicamente masculina. E os homens que me perdoem pois tenho até carinho pela raça. Mas é um facto: é raça dada a burrices inenarráveis. 
Ocorreu-me agora que o PAN ou a PETA não querem que a gente metaforize com animais. Burrice é coisa que, a partir de agora ofende os burros. Portanto, deleto as burrices e, não podendo substituir por cavalices ou macacadas, direi que a raça masculina é dada a palhaçadas. Também sem ofensa para os palhaços.
Mas, pronto, aqui fica a obra: 'A origem da guerra'. Não sei se foi ela que fotografou o guerreiro ou se apenas o pôs entre lençóis para fazer pendant com a senhora lá mais acima. Não interessa, teve a ideia.


---------------------------------------------------------------------------------

Para quem perceba a língua, aqui fica a explicação da autora.

________________________

E é isto. Queiram agora seguir o conselho contido no post abaixo. 
Não se aplica a carecas --- embora, pensando bem, porque não...?

5 comentários:

  1. Nunca gostei desse quadro, e não tem nada a ver com escândalos. Acho feio, horrível mesmo, esse pedaço de mulher reduzida ao papel de "parideira" do mundo (ou do que se faz antes de...).
    Há belíssimos quadros de mulheres nuas, mas esse bocado de mulher sem cara, sem braços, sem pernas, só com um seio, não me convence.
    Olho e não vejo beleza nenhuma.
    O nascimento é, deve ser, uma coisa maravilhosa, sublime, e acho que Monsieur Courbet apenas pretendeu épater les bourgeois.
    Mas isto é só a minha opinião de leiga...
    Bom fds!

    🌲 L

    ResponderEliminar
  2. Pois é Ms Tree Lover, é assim mesmo: cada cabeça cada sentença e gostos não se discutem.

    E é que, por vezes, não é a ausência que pesa (não se lhe ver a cabeça, os braços, as pernas) mas a presença que se impõe e o ventre e o sexo de uma mulher ou de homem são -- para quem gosta, claro -- coisas bonitas e, mais do que coisas, lugares bonitos e, mais do que bonitos, transcendentes pois deles nasce, de facto, a vida humana.

    Um bom fds, aí pelas terras frias.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Hello!

      Precisamente. Não é do conceito que eu não gosto, é da representação que o Courbet fez desse conceito.
      E o mundo seria uma sensaboria se gostássemos todos do mesmo,penso eu de que.
      Deixo-lhe aqui outra forma de nascer 🐣🐣🐣

      Bom fds com vista para o rio da minha aldeia.

      🌲L

      Eliminar
    2. Olá UJM,

      Voltei a ver o vídeo só para confirmar se tinha percebido bem.
      A senhora diz que (de um ponto de vista feminista) quis saber qual seria a reacção de um homem ao ver que lhe tinham feito a mesma coisa que o Courbet fez a uma mulher, ou seja, cortar-lhe a cabeça, os braços e as pernas e reduzi-lo a um ventre com um sexo. Achou divertido fazer isso para ver as reacções, especialmente dos homens.
      Por isso eu falei nos cortes...
      Mas mantenho que não gosto do quadro nem deste pintor, mas isso é tudo uma questão de gosto - por exemplo, gosto imenso dos nus do Modigliani.

      Boa semana ⚘

      Boa sorte para a realização do remake do filme
      "Looking for the Best Photos of 2018" 🎬

      🌲L

      Eliminar
  3. Uma das coisas que aprecio em si, UJM, é a sua ousadia!
    Cordialidade,
    P.Rufino

    ResponderEliminar