terça-feira, novembro 20, 2018

Voa, Sergei, voa. Por muitos e bons anos.
Muitos parabéns, Sergei.
E obrigada.





Fiz ballet, e não foi a sério, quando era miúda. Era uma coisa ligeira mas a verdade é que adorava. Melhor: adorava em especial as festas de Natal em que recebíamos fatos especiais, adequados às coreografias. Lembro-me em especial da última em que participei. Eu era a abelha rainha e o meu fato era lindo, o tutu em tule amarelo. Eu tinha o cabelo comprido e tenho ideia que me fizeram tranças que prenderam à volta da cabeça. Os sapatinhos de cetim, com fitas em volta das pernas, eram para mim uma alegria. Quando a música despontava eu sentia uma emoção especial, como se estivesse prestes a ser transportada para uma outra dimensão. Mal podia esperar o momento de poder entrar em palco e dançar, dançar.


O meu corpo era fantasticamente flexível e as minhas pernas elevavam-se com a maior das facilidades ou rodavam atrás das costas, e os meus braços e as minhas mãos ganhavam aquela elegância própria das pequenas bailarinas. A professora chamava-me a atenção e eu notava como ela ficava contente por eu conseguir corresponder aos seus ensinamentos. Agora o meu corpo parece outro, parece que se esqueceu da sua anterior maleabilidade. De qualquer modo, embora fosse um gosto, o ballet para mim nunca foi uma pulsão, sequer uma necessidade. Mudei de escola e não me ocorreu, nem aos meus pais, manter-me no ballet. 

Mas continuei a gostar de ver ballet. Nunca fui muito devota de bailados tradicionais, muito certinhos e desengraçados mas também nunca me senti atraída por bailados experimentais em que não se vê elegância ou destreza mas apenas gente a rebolar-se no chão.


Há alguns coreógrafos que me são caros tal como há bailarinos que admiro muito. Sergei Polunin, o jovem ucraniano, é, para mim, na actualidade, um dos melhores. Com um metro e oitenta e um rosto e um corpo muito belos, Sergei é não apenas bailarino mas também actor e modelo. Em miúdo a mãe mudou-se com ele para Kiev para que ele pudesse estudar e, para poder fazer face às despesas, o pai de Sergei trabalhou em Portugal.


Sergei faz este diz 20 de Novembro vinte e nove anos. É um jovem. E um grande, grande bailarino.

E se aqui mostro o Take me to the Church, o vídeo realizado por David LaChapelle para uma coreografia de Jade Hale-Christofi, que já vai com mais de vinte e cinco milhões de visualizações, é apenas porque foi com esta coreografia que o imenso mérito de Sergei se propagou de forma viral. E, neste caso, ainda bem que o vírus se propagou desta forma tão alargada.



E quando o palco é pequeno demais para o grand pas de Sergei



Uma vida e longa e feliz, Sergei.

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