Como não podia deixar de ser, o casamento de Eugenie de York teve alguns momentos fortes. Um casamento das realezas é sempre um acontecimento mediático. Mesmo os republicanos não viram a cara quando uma princesa sobe ao altar. Está certo que todas as noivas, no dia do seu casamento, são umas princesas mas aquelas em cujas veias corre um sanguezinho azul são outra coisa. Não me perguntem porquê porque a minha sabedoria não chega para muito mais nestas matérias.
O pior mesmo foi o vento que ia levando os chapéus, os cabelos, os vestidos e as composturas pelos ares. Os polícias bem tentaram impor algum respeito, ali todos apertadinhos a guardarem o desfile, mas aquela maltinha estava ali mesmo para dar ar à pluma e, com ventinho, a coisa ainda corre mais de feição.
A noiva, que é uma simpatia, ia linda e, para começar, o vestido teve um elemento de surpresa que deixou toda a gente enternecida. Aos doze anos, Eugenie foi operada a um desvio da coluna e o vestido foi desenhado para que a grande cicatriz fosse gloriosamente mostrada.
Gestos destes fazem mais pela autoestima de quem se envergonha das suas marcas do que mil preleções. É um lugar comum dizer que a beleza de uma pessoa é a que vem de dentro -- e ou se tem ou azarinho, nada a fazer, não há maquilhagem que disfarce a feiura interior -- mas acho que é mesmo verdade. Uma pessoa que se sente bem consigo própria olha em frente, emana uma luz que transporta a beleza. Rugas, cicatrizes, flacidez, peso a mais ou a menos, nada importa quando as pessoas se sentem seguras e disponíveis para ser felizes. Mas, enfim, não são horas para altas filosofias.
Adiante, pois.
Adiante, pois.
Outro momento alto foi a chegada da mãe da noiva que vinha acompanhada pela outra filha.
Sarah é uma labareda e não me refiro apenas à cor do cabelo. Sarah é excessiva, heterodoxa. Desafiou a disciplina férrea da família, portou-se mal, muito mal, andou às cavalitas de um amante, deixou que ele lhe lambesse os pés. Os tablóides iam dando cabo do coração da sogra com a fogosidade da mulher daquele filho, ele próprio danado para a brincadeira. Mas consta que o ex-marido continua a ser amigo e cúmplice da mãe das suas filhas. Sarah chegou de verde, exuberante, curvilínea, correu a cumprimentar alguém, correu a recuperar o caminho. Apesar de marginalizada pelo inner circle, Sarah mantém-se igual a si própria. Não consegue passar despercebida, nem tenta. E faz ela muito bem.
Claro que o desfile de toilettes e chapéus foi outro acontecimento. Um espanto. Monarquia à mistura com top models e com um toque de Hollywood -- uma inspiração. Ponho-me a ver isto e fico sem vontade de ir comentar a remodelação governamental ou outros funfuns e gaitinhas. Há lá tema mais perfumado do que um royal wedding?
O ministro não sei quê ou a nova ministra que é e não esconde ou a outra que disse o que os outros não disseram ou sei lá que mais... Bahhh. Que discreto charme é que isso tem? Nada. Bola. Usam capelina, elas? Fraque ou casaca, eles? Não...? Então, esqueçam. Não quero saber. O Costa que arrume a casa à vontade que eu não tenho nada a dizer. Acho que faz bem. Também ando numa de remodelações como ontem já disse.
O chapéu de Naomi Campbell era um espectáculo. Aliás todo o outfit era um espectáculo. E ela, linda. Cada vez está mais bonita. Uma verdadeira cougar. Os anos passam por ela com o único propósito de a deixarem melhor. Uma pantera real.
Mas, de tudo, aquilo de que mais gostei foi do chapéu de Poppy Delevingne. Que maravilha. Toda ela estava elegante e divertida. Aquele vestido. Caneco. Lindo. Ousado e lindo. O que eu adoraria poder usar um dia um chapéu assim. Do vestido não digo o mesmo porque teria que ter meia dúzia de quilos a menos e, claro, no mínimo cem anos também a menos. Só tenho pena é de, quando me casei, não haver nada disto. Se fosse hoje, a ver se não ia a bombar numa toilette de deixar todos de olhos em bico.
Mas, de tudo, aquilo de que mais gostei foi do chapéu de Poppy Delevingne. Que maravilha. Toda ela estava elegante e divertida. Aquele vestido. Caneco. Lindo. Ousado e lindo. O que eu adoraria poder usar um dia um chapéu assim. Do vestido não digo o mesmo porque teria que ter meia dúzia de quilos a menos e, claro, no mínimo cem anos também a menos. Só tenho pena é de, quando me casei, não haver nada disto. Se fosse hoje, a ver se não ia a bombar numa toilette de deixar todos de olhos em bico.
Por contraste, a mana Cara. Não poderiam ir mais diferentes. A rebelde Cara, que já namorou várias beldades, apareceu com sugestiva toilette masculina e... igualmente divertida.
Mas o momento mesmo inesquecível não foi o da chegada das cunhadas Kate e Meghan e os seus reais e esvoaçantes maridos,
... não foi a graça das crianças que acompanhavam os noivos, príncipezinhos e princezinhas, louros e realmente bonitos (entre os quais, o pequeno George, o possível futuro rei lá do burgo e a mana Charlotte que já revela que herdou o olhar malicioso da sua avó e, tal como ela, também uma real apetência pelo exercício do flirt),
... não foi o da chegada nonagenária Rainha e do seu companheiro de uma vida, ainda ambos bem autónomos, sem bengalas, ainda com energia para aguentar estas cenas que, parecendo que não, cansam, olá se cansam,
... o momento alto foi a subida da escadaria quando Lady Louise Mountbatten-Windsor, que ia a acompanhar as crianças, mostrou mais do que seria suposto. Um desafio. O vento não lhe deu descanso.
As fotografias e o vídeo (da Madame Figaro) que tenho são mínimos mas talvez dê para ver: umas cuequinhas sem gracinha nenhuma, completamente ao léu. Uma graça de tão desengraçados aqueles culotes. A nobre Lady Louise de cueca à mostra para o mundo inteiro ver. Tanta etiqueta, tanta aula de protocolo, tanta regra, tantas nove horas... e afinal Lady Louise é uma jovem mulher como qualquer outra, usa cuecas e tudo.
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Bem. E agora que já cumpri com a minha função de serviço público, vou ver as fotografias e os filmes que fiz de manhã e a seguir ao almoço, a ver se se aproveita alguma coisa. Temo que não, estava uma ventania, a voz nem se deve ouvir. E as fotografias não sei. Só se algum flamingo salvar a coisa.
Ou isso ou, se nada prestar, a ver se me ocorre alguma coisa apropriada de que possa falar. E claro que não vou falar das análises do Cagalhoças nem das lições majestáticas do Ex-Vice nem da brutal armadura dos óculos da Judite. Nada disso hoje me assiste. Temos pena.
Só lamento é que não esteja a chover. Nada me inspira mais do que estar aqui e ouvir a chuva a bater na janela. Agora assim. Uma monotonia. Só me apetece mesmo é falar de casamentos reais ou de outras reais pepineiras.
Só lamento é que não esteja a chover. Nada me inspira mais do que estar aqui e ouvir a chuva a bater na janela. Agora assim. Uma monotonia. Só me apetece mesmo é falar de casamentos reais ou de outras reais pepineiras.
Boa noite, UJM!
ResponderEliminarEstou aqui que nem posso nem vejo, com as lágrimas de riso a alargar-me a cara.
Não irei alongar-me, pois tenho uma dor de cabeça de rebentar, mas só lhe digo que, para além de todos os predicados que possui e são muitos e de vária ordem, ainda tem mais este que lhe descobri agora. O de saber relatar com imensa piada e enorme sentido de humor os acontecimentos sociais. Neste caso da realeza britânica, sempre férteis em glamour...e suspense.
Fique bem e seja feliz. O resto? São cantigas!
Olá Janita,
ResponderEliminarPois se quer que lhe diga hoje acordei com uma ponta de dor de cabeça. Ao longo do dia foi indo e vindo, abrandando, quase desaparecendo, depois voltando, pontuda, arreliadora. Pensei que, se dormisse uns minutos, a coisa passava. Mas não deu para dormir. Agora quase passou. Felizmente. Deve ter sido de ter estado a escrever, com espírito solto. Na volta, escrever maluqueiras é melhor que ben-u-ron.
As suas melhoras, Janita. E que venha aí uma gloriosa semana.
Ai que riso, então com um texto Santa UJM, melhor ainda.
ResponderEliminarNum registo mais sério esta sua passagame merece aplausos de pé, mas também não esperaria outra coisa de uma pessoa que claramente atingiu patamares cimeiros do "potencial de humanidade":
"Uma pessoa que se sente bem consigo própria olha em frente, emana uma luz que transporta a beleza. Rugas, cicatrizes, flacidez, peso a mais ou a menos, nada importa quando as pessoas se sentem seguras e disponíveis para ser felizes".
Bela semana.
Um abraço.
Olá de novo, Francisco,
ResponderEliminarEssa tal que atingiu os esses patamares aí foi a dita Sta UJM? Não sei, não. A Sta UJM não é mulher de altares, patamares ou cenas muito elevadas. Ia dizer que é uma gaja muito variada das ideias mas acho que não fica bem tratar uma santa por gaja. Digo apenas que tem dias. E, portanto, com ela uma coisa é certa: nunca fiando...
Abraço, Francisco
Claro, a Sta.UJM!
ResponderEliminarSe é variada das ideias, é bom sinal, pois o que falta a muita gente é essa capacidade tão importante de refletir, sentir e agir em coerência.
Um dia feliz!