sábado, julho 14, 2018

As sete idades



O mundo é um palco e os homens e as mulheres não passam de meros actores.

All the world’s a stage,
And all the men and women merely players;
They have their exits and their entrances;
And one man in his time plays many parts,
His acts being seven ages.

E as flores também. Belas, efémeras, cada uma representando o seu papel. Por vezes juntas nas suas diferentes idades: a que desponta, a que quase se abre, a adulta. Até que um dia, uma envelhece, a jovem resplandece, a que era bebé começa a despontar. E um dia virá em que a primeira desaparece e depois outra e depois outra. Mas, entretanto, já outras terão iniciado o seu ciclo mágico. 

Todas sempre de passagem. Todos nós de passagem.


Entretanto, a vida. Quase real, quase ficção, quase miragem. Nós como nos imaginamos, sempre tão diferentes do que os outros nos vêem. Tudo relativo, tudo como função da perspectiva. Reflexos, sonhos, memórias, representações.

Estou dentro de casa. Olho o chão do lado de fora. Vejo o reflexo do tapete e vejo outra coisa que não sei o que é. Estão misturados com as folhas secas que caíram do plátano. As folhas reais, os reflexos igualmente reais. E no entanto. 

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Começo a experimentar a minha nova máquina. A minha filha pergunta: é a 327ª máquina, não é? Não sei. Talvez não tanto mas quase. Uma vergonha. 

Ando com ela a medo, tenho vontade de a manter num saco com bolhinhas de ar e depois dentro do saco acolchoado. Deveria prendê-la a mim, sem hipótese de queda, sem hipótese de se riscar. Mas ando sempre tão cheia de coisas e as minhas mãos são tão pequenas. 

As fotografias não foram feitas hoje, foram num outro dia desta semana. Hoje madruguei, viajei e regressei muito tarde e cansada. Salvou-se a conversa solta e agradável durante a viagem para lá e para cá. 

E, cansada que estou, sem saber nada do que se passou no mundo, estou a preguiçar vendo as primeiras fotografias feitas com esta nova máquina. 

É leve, é rápida, é precisa e faz um barulhinho subtil quando disparo e, pelo que vejo, soube reproduzir o que os meus olhos viram.


Talvez até já --- se conseguir despertar

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