Os que chegaram mais cedo trabalharam na queima. Os meninos levando os ramos, os mais crescidos garantindo que o fogo cumpria a sua função sem indesejadas colateralidades. De início, o fogo estava brando, parecia estar domesticado.
Mas estava muito vento e logo depois o vento foi levantando o fumo. Talvez por ter caído uma chuvinha mansa durante a noite, o vapor que se formava era espesso, branco. Os meninos corriam em volta: a alegria dos afazeres ancestrais. Ou a atracção pelos elementos da natureza.
Entretanto, chegou o resto do bando. Ruidosos, sempre felizes por se reverem, os meninos logo correndo, brincando.
Entretanto, chegou o resto do bando. Ruidosos, sempre felizes por se reverem, os meninos logo correndo, brincando.
Depois o almoço. A preparação. A cozinha como ruidoso e animado cenário de colaboração. Os meninos querendo rapinar a carninha partida para a sopa ramen*. O bebé, almoçando não a sua papa mas a esmagada dos legumes usados para dar sabor à carne e os fiapos de carne lá presa. Todo contente. A mãe dizia que ele estava a comer cozido à portuguesa. Logo, logo o almoço grande. Os grandes tachos a seguirem para a sala de jantar. Sempre um momento animado, todos conversando e comendo em alegria. A seguir cantoria. Um domingo bom: todos rindo e brincando e cantando e alguns dançando. Uma festa. A lareira sempre acesa, um calor bom, o perfume da madeira de cedro.
Depois mais brincadeira. Futebol. Brincar às escondidas. Pregar sustos, perseguições, esconderijos, correrias, gritos, risos.
E já o lanche. De novo em volta da mesa. A lareira a deixar o seu calor impregnado na casa. E fotografias. A bisa pediu uma fotografia dos bisnetos. Quer ter uma fotografia grande com uma moldura bonita a servir de tampa à caixa do contador da electricidade. mas pede o impossível. primeira tentativa. Estavam ao sol, tapavam os olhos, franziam-se. Depois à sombra: ela não queria, não levantava a cara, os outros chamavam por ela, o bebé, ao colo do primo, chorava. Depois não queriam mais. Quando em casa, junto à lareira, voltei a pedir. Não queriam, fartos de tanta fotografia. Até que o meu filho teve uma ideia: depois da fotografia, um after-eight para cada um. Logo todos a correrem para a fotografia. Mas um torto, outro de olhos fechados, um atrás de outro. Acho que ainda não é desta que a bisa vai ter a sua fotografia. Não sei como algumas famílias conseguem ter os seus meninos todos arranjadinhos, sossegadinhos, numa pose bem-comportada. Na minha, isso é missão impossível.
Depois mais brincadeira. Futebol. Brincar às escondidas. Pregar sustos, perseguições, esconderijos, correrias, gritos, risos.
E já o lanche. De novo em volta da mesa. A lareira a deixar o seu calor impregnado na casa. E fotografias. A bisa pediu uma fotografia dos bisnetos. Quer ter uma fotografia grande com uma moldura bonita a servir de tampa à caixa do contador da electricidade. mas pede o impossível. primeira tentativa. Estavam ao sol, tapavam os olhos, franziam-se. Depois à sombra: ela não queria, não levantava a cara, os outros chamavam por ela, o bebé, ao colo do primo, chorava. Depois não queriam mais. Quando em casa, junto à lareira, voltei a pedir. Não queriam, fartos de tanta fotografia. Até que o meu filho teve uma ideia: depois da fotografia, um after-eight para cada um. Logo todos a correrem para a fotografia. Mas um torto, outro de olhos fechados, um atrás de outro. Acho que ainda não é desta que a bisa vai ter a sua fotografia. Não sei como algumas famílias conseguem ter os seus meninos todos arranjadinhos, sossegadinhos, numa pose bem-comportada. Na minha, isso é missão impossível.
Depois, ao fim do dia, foram. Nós dois junto ao portão a despedirmo-nos, a dizermos adeus enquanto os carros partem.
Dar uma arrumadela, ver o que há para trazer, fechar janelas e portas. Fui ver se lá em baixo estava tudo bem, apetecia-me uma volta. Levei a máquina. Já anoitecia. Os pássaros ainda cantando mas já baixinho, mais espaçadamente. Preparam-me para dormir, aquietam-se. Ao lusco fusco suspendem a festa. À minha passagem, os ruídos do costume que quase me assustam, em especial quando a visibilidade já é exígua. Bichos que correm, pássaros que se agitam.
Dar uma arrumadela, ver o que há para trazer, fechar janelas e portas. Fui ver se lá em baixo estava tudo bem, apetecia-me uma volta. Levei a máquina. Já anoitecia. Os pássaros ainda cantando mas já baixinho, mais espaçadamente. Preparam-me para dormir, aquietam-se. Ao lusco fusco suspendem a festa. À minha passagem, os ruídos do costume que quase me assustam, em especial quando a visibilidade já é exígua. Bichos que correm, pássaros que se agitam.
Reparei que apareceram os primeiros lírios do campo. No lusco-fusco do dia que acabava, brilhavam imaculados, o anoitecer tingindo-os, quase azulados.
Depois, à vinda, logo que o carro arrancou, telefonei à minha mãe: já não dava para lá ir, já tarde, um pouco cansada, ainda a sopa para fazer. Mal acabei o telefonema, adormeci. Dormi profundamente durante todo o caminho. Quando cheguei, ainda estava estremunhada.
Depois assei no forno as postas de bacalhau que tinha levado para fazer de entrada, com grão. Não foi necessário, para além da ramen soup havia mais petiscos.
Também já fiz a sopa. E já lavei alguma roupa e já arrumei roupa no quarto de vestir e já separei a toilette de amanhã. E já vi as fotografias do dia. 174. Cento e setenta e quatro registos de um dia feliz.
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E já aqui volto a este post para partilhar a receita da sopa ramen
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Sopa Ramen
Foi a primeira vez que fiz. Não conhecia. O meu filho enviou-me a receita. Depois recomendou-nos um restaurante onde a têm. Fomos. Boa. Então fiz. Não estava igual mas também não segui a receita à risca. A fotografia não é da minha sopa, é da net, já que, como sempre, mal a comida fica pronta e vai para a mesa, não há tempo para sessões fotográficas. Marcha logo.
Fiz assim:
Num panelão: água, sal, uma cebola grande, uma cenoura grande, meio nabo grande. Dois bocadões de chambão de vaca. Duas horas depois, lá para dentro, também um frango do campo, cortado aos pedaços. Por cima outra cebola, a outra metade do nabo, uns quantos feijões verdes, salsa.
Num tachinho à parte, cozem-se ovos, um por pessoa. Depois descascam-se.
Quando as carnes cozidas, retiram-se. Depois de menos quentes, o frango desossado e a carne toda, a de frango e a de vaca, cortadas aos bocadinhos pequenos.
Os legumes todos retirados (eram apenas para dar sabor -- mas o bebé adorou-os), a gordura do caldo deitada fora, o caldo coado.
Num outro tacho, pouca água a ferver com um pouco de sal. Junta-se couve chinesa, cenoura cortada em esparguete. Quando volta a ferver, os rebentos de soja. Escorre-se.
No caldo de cozer as carnes, molho de soja, vinagre, noodles de trigo com ovo. Cozedura rápida.
Numa tigelinha cebola roxa fatiada. Noutra, coentros picados.
Misturam-se os ingredientes apenas no momento de servir. Em cada prato, dispõem-se as carnes, os legumes (a dita couve chinesa, os fios de cenoura, os rebentos de soja -- aos quais juntei milho cozido de lata), a cebola roxa crua, os coentros, os noodles, o ovo cozido em duas metades, conchas de caldo fumegante por cima.
Bom. Saudável.
Como sempre, sobrou um bom bocado que se separou para levarem de farnel.
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